3767palavras
•Reims¹, fevereiro de 1941
Já tinha ouvido falar que quando se está à beira da morte, a vida passa diante de seus olhos como se fosse um flashback de tudo o que tinha vivido até aquele fatídico dia. Isso podia ser verdade, mas para Leona nada disso aconteceu.
Para ela tudo aconteceu tão rápido, que não achava que teria tempo de se lembrar dos seus vinte e um anos de vida. Quando deu por si, percebendo o que de fato estava acontecendo, apenas escutou o estalido do tambor do revólver girando, e o som da arma disparando.
Estava paralisada, olhando para a arma e o homem que a empunhava, sem saber o que tinha acontecido. Tinha quase certeza que tinha levado um tiro. Mas, estranhamente, ainda estava em pé, viva e respirando. Com bastante dificuldade, era verdade, já que seu coração batia acelerado, e todo o seu corpo tremia com o medo. Mas, ainda respirava.
Soltou o ar, chorosa, ao perceber o que tinha acontecido. Por um milagre que ela, e aparentemente nem seu agressor, não conseguiam entender. A arma tinha falhado.
Ela ainda estava viva.
Mas, nem se quer teve tempo de comemorar ou criar um raciocínio lógico que explicasse o que tinha acontecido. Viu os olhos castanhos, em um tom mel, que a encaravam com intensidade, se estreitarem, com um olhar de ódio mortal trespassando o rosto, não tão mais jovem, daquele homem.
Engoliu em seco, temerosa.
Sem pensar duas vezes, deu as costas e começou a correr rapidamente, sem olhar para trás. Nem se quer precisava o fazer, já que o escutava a perseguindo de perto.
Se desesperou.
Não sabia o que iria fazer. Não podia ficar apenas correndo.
Se assustou, soltando um pequeno grito, quando tropeçou em uma pedra, quase caindo. Conseguiu se manter em pé por pura sorte. Mas, o pequeno desequilíbrio foi o suficiente para fazer com que seu perseguidor a alcançasse, se projetando sobre ela.
Caiu com um baque no chão, se virando de costas no mesmo instante, na tentativa de se proteger. Sentiu o corpo bem maior e mais musculoso se postar sobre si, e um brilho metálico surgir em seu campo de visão, vindo em sua direção. Levantou as mãos para cima, na tentativa de proteger a face, sentindo uma forte ardência surgir em sua palma. Viu, para seu completo desespero, que o homem estava com uma faca, tentava cortar seu pescoço, a forçando para baixo.
Para impedir que isso acontecesse, segurou na lâmina, sentindo sua carne, nervos e ossos sendo cortados fundo, produzindo uma dor insuportável.
Gritou.
Gritou alto de desespero, sentindo gotas de seu próprio sangue sujar a face. Mas, mesmo assim, ainda não soltava. Se o fizesse, o daria a chance para que a ferisse com gravidade.
Mesmo que sentisse muita dor, não soltou.
Percebeu, que apesar dos pesares, ainda tinha um pouco de sorte. Não era uma faca. Era apenas um estilete, o que significava que sua lâmina era bem menor, apesar de não ser menos afiada. Mas, isso a permitia manter o objeto sobre suas pequenas mãos. Não achava que conseguiria segurar um cutelo. Suas mãos seriam cortadas ao meio.
O homem tentava a qualquer custo soltar o objeto pontiagudo de suas mãos, para poder a atingir em outro lugar. Mas, estava decidida a não desistir.
Se debatia, mexendo as pernas com vigor, na tentativa de se soltar do aperto. Com muito custo, conseguiu levantar o joelho, deferindo um belo golpe em sua virilha. O escutou gritar de dor, saindo de cima de si.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os dias eram assim
Historical FictionForam exatos 2174 dias de terror e sofrimento, seis anos de dor e de perdas. Quarenta e seis milhões de pessoas morreram, no que viria ser conhecido como o maior conflito armado da história da humanidade. A Segunda Guerra Mundial. Mas, mais do qu...