2800palavras
●Viena, Outubro de 1940
Izabela estava assustada, com medo, perdida e extremamente preocupada com seu filho.
Tremia de aflição e se agarrava ao pequeno Eskel como se dependesse de sua vida. Via de olhos arregalados o ruivo extremamente nervoso, com a arma apontada para aquele estranho que tinha surgido do nada, logo atrás de si.
O outro falava freneticamente, sabe-se lá o que. Sabia que algo de ruim iria acontecer se não resolvessem aquela situação o mais rápido possível. Mas não tinha ideia do que poderia fazer para impedir.
No momento se preocupava apenas em tentar acalmar o filho que estava muito nervoso e assustado, deixando grossas lágrimas caírem de seus pequenos olhinhos que estavam fechados, em seu rosto vermelho.
A única coisa que queria naquele momento era que tudo acabasse. Queria acordar daquele pesadelo. Queria abrir os olhos e descobrir que tudo aquilo não tinha passado de um sonho horrível, se vendo deitada em sua cama em Varsóvia, com Oton dormindo tranquilamente ao seu lado.
Iria acordá-lo imediatamente e contar tudo o que tinha sonhado e permitir que ele a consolasse, falasse que tudo não passava de um pesadelo e que nada disso iria acontecer. Que ele nunca iria abandoná-la!
Era o que mais desejava em sua vida, que nada daquilo fosse real. Mas, infelizmente, sabia que era. Tudo aquilo era bastante real e a desesperava.
Estava quase começando a chorar, como seu filho, quando acabou escutando um leve resmungo pronunciado por aquele homem. Sobressaltou-se, pois, tinha o entendido muito bem.
Ao perceber isso, não hesito em passar a frente do ruivo e falar nervosamente:
-Você fala polonês?
-Sim. E me parece que você também.
Escutar isso a fez suspirar de alívio. Aquela era a primeira vez, após longos meses, que conseguia conversar normalmente com alguém e entendê-lo perfeitamente.
Quase começou a rir de alegria, mas se conteve, pois, isso não queria dizer que aquele rapaz era confiável.
-É. E como você sabe falar?
-Vim de lá. E você?
-Também.
-Ok. Isso me parece bom. Agora entendo o porquê de não me responderem antes.
-É porque não estávamos entendendo.
-Entendi. Ei, você aí atrás. Pode abaixar essa arma, não precisa ficar tão arisco assim comigo --falou direcionando o olhar para George.
-Não adianta de nada, ele não entende o que você fala.
-O que?
-Ele também não fala polonês.
-Tudo bem. Então fala pra ele que não vou fazer nada. Sou o cara legal da história, que estava passando e acabou vendo o que acontecia, e só apareceu para poder ajudar.
-Você quer nos ajudar? - perguntou sorridente.
-Sim. Vi que estavam com problemas e resolvi me aproximar. É claro que os observei por alguns instantes, mas quando percebi que estavam sendo perseguidos por aqueles idiotas com um bebê a tira colo, resolvi aparecer. Só espero não me arrepender disso.
-Por quê?
-Por que, como falei, sou um rapaz legal que não gosta de ver coisas ruins acontecendo.
-Fico feliz por saber disso.
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Os dias eram assim
Narrativa StoricaForam exatos 2174 dias de terror e sofrimento, seis anos de dor e de perdas. Quarenta e seis milhões de pessoas morreram, no que viria ser conhecido como o maior conflito armado da história da humanidade. A Segunda Guerra Mundial. Mas, mais do qu...