La vie en rose

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3906 palavras

•Reims¹, fevereiro de 1941

Andou por alguns minutos, logo desistindo de se afastar. Apesar dos sentimentos conturbados, ainda estava a par de suas faculdades mentais e sabia que não devia se afastar muito, pois podia ser perigoso. Assim, acabou se escorando em uma árvore, sentando no chão, abraçando as pernas, apoiou a cabeça sobre os joelhos encolhidos. Nada a sua volta importava, apenas a vontade de se libertar. E, assim, deixou as lágrimas que há tanto tempo estava segurando, finalmente caírem, escorrendo por sua face como cascata. Não conseguia pensar em mais nada além da vontade de chorar. E assim o fez. Chorou muito, até molhar o tecido de suas calças, seus olhos incharem e ficarem vermelhos. Mas, não se importou.

E os minutos passaram.

Ficou na mesma posição por um bom tempo. Tempo o suficiente para as lágrimas secarem em sua face, apenas deixando a sensação do vento frio beijando o caminho por onde elas percorreram. Sua mente estava em um branco total. Não tinha vontade de pensar em nada. Queria apenas ficar ali, longe de tudo e todos.

Mas, sabia que não iria ficar sozinha por um grande tempo. Na verdade, estava surpresa com o tempo que lhe deram para ficar sozinha. Mas, não duraria muito. E, para deixar isso bem claro, acabou por escutar passos se aproximando.

Não se importou em olhar para saber quem era. Não tinha medo. Se sentia tão deprimida e derrotada que não importava se fosse um dos seus companheiros ou um completo estranho. Apenas queria ficar ali sentada e esquecer de todo o resto.

-Você está bem? – escutou uma voz grave e serena a inquirir com ternura, fazendo o seu coração dar um pulo no peito com a alegria que sentiu por reconhecê-la.

Olhou para o lado, o vendo a olhar com amor e carinho. Sorriu minimamente, balançando a cabeça em afirmativa, limpando os últimos resquícios das lágrimas que caíram.

-Me desculpe. Não deveria ter feito aquilo. Prometo que irei pedir desculpas a seu irmão – disse baixo, quase num sussurro, não tendo forças para dizer mais alto. – Não sei o que está acontecendo comigo. Não costumo ser tão emotiva.

-Não se preocupe. Na verdade, penso que Simon estava merecendo – Yohan disse brincalhão, a fazendo soltar um leve sorriso. – Estou preocupado com você – disse se aproximando, se abaixando a sua frente, para que os seus rostos ficassem nivelados.

Pôde ver o brilho em seus olhos, e a angústia que sentia ao vê-la naquele estado.

Apenas balançou a cabeça em negativa, não querendo que continuasse a falar, suspirando de tristeza.

Falhou na tentativa de segurar mais uma lágrima a fugir dos seus olhos, caindo com lentidão por sua face. Yohan estendeu uma mão, a pousando em seu rosto, secando a lágrima com o polegar.

-Não fique assim – ele disse terno e preocupado.

-Não precisa se preocupar. Só estava precisando extravasar um pouco. Já estou me sentindo bem melhor. Prometo que não vou ter outro ataque – disse o fazendo sorrir.

-Sei que está preocupada. Eu também estou. Você está certa, existem riscos em nosso plano. Mas, acredite em mim. Vai dar tudo certo.

-Não tem como garantir isso – disparou desanimada.

-Tem razão. Não tenho como garantir muitas coisas. Eu adoraria poder te dizer que tudo vai ficar bem. Mas, eu não sei. E, não posso mentir, não para você. Você é esperta demais para se convencer apenas com isso. Mas, posso te dizer que vou fazer o impossível para que tudo fique bem. Apenas acredite em mim.

Os dias eram assimOnde histórias criam vida. Descubra agora