Sabe a sensação de seu mundo ter sido roubado de você? De que seu chão sumiu ou que seu porto seguro não existe mais? Todos são analogias para uma revelação que causa mudanças em sua vida e em como a enchegamos.
Seu mundo é uma mentira.
Era como se sentia o garoto olhando para o olho do inferno.
Ele pegou seu celular e direcionou a lanterna para ver se aquilo não era engano. Só que não era.
Era um altar para Finney.
Haviam várias fotos dele. Comendo, Dormindo em sua cama! Pelado dentro de cubículo no vestiário do colégio!
Uma mexa de cabelo cacheado castanho médio estava exposto em um suporte metálico.
Finney o tocou para ter certeza. Era dele, não restava dúvida.
Quando ele havia cortado? Se perguntou.
Uma caixinha de plástico azul familiar chamou a atenção do garoto. Ele o pegou e os abriu.
Tinham dentes.
Dentes de leite para ser mais exato. Finney guardou os dentes em uma caixinha quando era criança, mas ele perdeu anos atrás ou achava que tinha perdido pelo visto. Esse eram seus dentes de leite.
Olhando melhor para fotos menores haviam fotos quando ele tinha treze, sete ou era apenas um bebê.
De Finney na época que fez balé por incentivo de sua mãe, da época que saia para caçar quando seu pai ainda não era um bêbado, do seu já morto gato de estimação...
Então Finney viu o pior de tudo. Um anel de ouro.
Ele se lembrou. Era o anel da sua família materna.
Um mês antes de sua mãe morrer ela chamou até a sala de estar.Ela disse as palavras as quais nunca esqueceria pelo resto da vida:
-Esse anel foi de sua bisavô, depois da sua avó, depois meu e agora é seu. Todos demos esse objeto a pessoa que mais amamos e você é a maior dádiva que Deus pode me presentear. "
Um mês depois ela retirou a própria vida cortando os pulsos em uma banheira.Lágrimas escorriam do cacheado.
Ele guardou aquele anel por muito tempo até simplesmente ter sumido. Ele chorou muito na época, seu pai bateu nele, ele se culpou todo esse tempo e o anel estava aí.
Aquilo era doentio.
Ele olhou uma última vez para seu namorado.
O Bruce Yamada. Esse garoto sorridente, calmo e gentil seria capaz de fazer algo assim?
Desprezível.
Nunca vou te perdoar.
Ele colocou tudo de volta e fechou o cadeado. Vestiu suas roupas e ficou mexendo o celular contado em uma cadeira no quarto para disfarçar.
Depois de um tempo Bruce se mexe na cama e acorda.
-Bom dia
-Dia- responde Finney.
-Já acordou?
-Sim...Havia dias que Finney não via Bruce.
Ele não foi até sua casa e este não podia ir a escola por estar se recuperando.
Finney pegou dinheiro da carteira de seu pai e contratou um chaveiro para trocar as fechaduras e tranças da janela de sua casa.
Ele passou a evitar falar de Bruce para seus amigos, queria evitar ele ao máximo.
Era almoço, estava em uma mesa no refeitório falando com Griffin e Donna sobre um novo filme de ficção científica.
-Eles vão usar efeitos práticos no novo filme, lembra os dois primeiros filmes de Alien- explica Finney.
-Eu vi o trailer, gosto quando fazem com boneco, fica mais realista do que efeitos de computador- diz Griffin.
-Seria bom se tivesse uma outra Ripley, tão f0dona quanto a primeira- comenta Donna enquanto se maquiava.
-Nunca vai existir outra Riplei, Sigourney Weaver é insubstituível.
-Acho que vou fazer um boneco do alien- comenta Griffin do nada.
Ele pega uma caixa de macinha de modelar em sua mochila e começa a moldar.
Finney apenas ri pela ingenuidade do garoto. Ele a invejava.
Billy veio até a mesa em que eles estavam sentados.
-Fala cochichos dourados
-Oi Billy- cumprimenta Finney.
-Como vai seu macho? Tem tempo que eu não vejo ele.
Finney sente uma pontada no peito. Ele queria esquecer ele.
-Ele não se recuperou ainda- respondeu secamente.
-Sei- retrucou Billy sem entender a grosseria de Finney- Sabia que consegui uma moto nova?
-Serio?- perguntou Finney animado.
-Fruto de horas de trabalho como entregador.
Ele lega o celular e mostra a foto de uma moto escura e volumosa. Finney não entendia muito dessa coisas, mas ela era fodona.
-Ela é muito linda- comenta Finney.
-Não só linda. Perfeita. Como o pai dela- disse ele de forma arrogante.
Se tem uma coisa que Finney já percebeu se tratando de Billy é que muitas vezes ele era egocêntrico não porque é uma pessoa ruim, apenas essa uma forma que ele usava para lidar com os outros, porém sem maldade alguma.
-Você se casou com uma moto?- provocou Donna.
-Sim e sou muito feliz- retruca Billy.
-Estou sentido uma tensão sexual aqui- comenta Griffin desenhando em um papel como se não fosse nada.
Os dois ficam chocados com o que ele disse.
-Claro que não garoto!- devolveu Donna.
-Deus me livre- murmurou Billy.
Finney ri de roda a situação.
-É uma Harley-Davidson 2018- disse uma voz atrás de Finney.
Oh inferno, pensou ele.
Bruce continua:
-Muito bonita, como conseguiu comprar? Seu trabalho paga tão bem assim?
Bruce pousa suas mãos nos ombros de Finney, ele estremece.
-Ficaria surpreso de ver o que as pessoas encomendam- respondeu Billy.
Ele pede espaço à Billy para sentar ao lado de Finney, assim ele o faz. Os olhos de Donna brilham.
-Eai, como vai?- pergunta Bruce- A dias que não nos vemos. Viu minhas mensagens?
-Não, meu celular está com problemas- respondeu Finney.
-Está melhor, Bruce?- pergunta Donna.
Finney olha para ele pela primeira vez.
Seu corpo estava com aspecto melhor do que da última vez que o viu dias atrás mesmo ainda usando o gesso no braço.
-Sim, o médico me disse para usar o gesso por mais umas duas semanas e preciso passar uma pomada nos meus machucado.
Ele se aproxima do ouvido de Finney.
-Estou precisando dos serviços de uma certa enfermeira- sussurra ele.
O desejo nos olhos de Donna vendo aquela cena era evidente, enquanto Finney só transmitia raiva. Só que ele não podia passar essa impressão ou Bruce saberia que ele viu naquele armário.
-Algum dia posso te ajudar- disfarçou Finney.
-Donna, quer uma toalha?- perguntou Griffin.
-Não, obrigada. Trouxe as minhas- respondeu ela pegando um lenço da sua bolsa.
-Que tal hoje a tarde, pensei em começarmos a assistir Star Trek: Voyager. A muito tempo você queria maratonar.
-Hoje...- fingiu interresse- Não vai dar, vou ter que fazer dever de casa de linguagem.
-Hum- gruni Bruce em resposta.
Ele estava triste, mas não largava o braço emvolta do pescoço de Finney.
Donna estava tirando fotos dos dois.
-Donna, acho que seu namorado está te chamando- comenta Griffin.
-Deixa que ele espere!- retrucou ele- Eu quero é ver os gays.
-Pervertida- xingou Billy.
Finney se vira para Bruce e exibe sua face mais calma.
-Preciso ir, tenho coisa para resolver- menti Finney.
-Ok...- responde Bruce tristemente.
Ele se aproxima para dar um selinho em Finney, mas o cacheado por impulso o afasta com a mão, um pouco mais forte do que deveria.
Todos olham para ele.
-Ah... desculpa.
Ele se levanta e vai embora apressado.
-Ele acabou de me rejeitar?- perguntou Bruce.
-Total- responde Donna.
-Eu percebi que ele estava diferente- comenta Billy.
-E mentido- diz Griffin- Finny é meu colega de linguagens, não temos dever de casa hoje.
-Por que ele está assim?- pergunta Bruce.
-Com certeza você fez algo de que ele não gostou. Peça esculpas- diz Donna.
-Não me lembro de ter feito nada.
-Esse é o mal com as garotas cara, mesmo que você não tenha feito nada, você fez algo que ela não gostou- diz Billy.
Billy olha para o celular de Donna.
-Você tá escrevendo uma fanfic deles dois?!- exclamou ele.
-Sim. Desde o primeiro dia fui a maior shippadora de Brinney- adimite ela.
-Eu também- respinde Griffin- Eu previ que os dois namorariam.
Os olhos de Donna se iluminam.
-Você me entende.
-Sim, eu posso te ajudar com fanfic.
Ela pega a mão do menino especial.
-Eu amaria.Finney fez de tudo para evitar Bruce. Ele pediu transferência da aula de matemática, a única que faziam juntos para outra turma; bloqueou ele do seu aplicativo de conversa, por isso ele não estava recebendo mensagens de Bruce e evitava ficar em locais que ele costumava estar. E assim uma semana passou.
Ele estava indo embora para casa, era um dia de chuva intensa, o céu e tudo a volta estava com um aspecto nublado e escuro. Isso transmitia um sentimento de tristeza no garoto.
Ele está a caminho do seu armário escolar para pegar seu guarda chuva. -Finney!- Chama a voz conhecida.
Ele vinha segurando uma folha de teste.
-Você esqueceu sua prova de linguagens na sala, seu professor me disse para entregar para você.
Ele sorri.
Finney pega as provas.
-Tirou A+. Parabéns. Você que merecia o título de garoto de ouro.
Seu sorriso era tão sincero. Finney podia vasculhar em seus olhos e ele não veria nada do louco que colecionava itens seu tão pessoais.
O cacheado compartilha o sorriso de forma espontânea.
-Para isso teria que ser o melhor no Baseball.
-Você só não é o melhor por falta de treino, você é o melhor lançador que eu já vi, basta aperfeiçoar melhor... mas... que merda estou falando?- pergunta ele.
-Parece o treinador falando. Dilapidar diamantes oooooh.
Ambos riem.
Depois de uma pausa em silêncio ele olha para Finney com um olhar sério e intenso.
-Por que está me evitando?- pergunta Bruce.
-Eu... eu não estou te evitando- menti Finney.
-A qual é, Finn! Metade da escola já percebeu.
- Não sei o que estão falando, mas é mentira.
-É? Então por que mudou de turma de matemática? A secretária da diretora achou sua justificativa tão sem sentido e por que você bloqueou meu número? Acha que eu não notei?
Finney começou a suar frio. Era agora, ele precisava falar. Ele reuni forças.
-Eu quero terminar, Bruce.
Ele fica sem palavras por um tempo.
-Então é isso?
-Sim.
-Por que isso do nada? Estávamos tão bem, você me disse que queria ficar comigo para sempre não tem nem um mês!
-Era, me desculpe Bruce, eu não sinto o que eu achava que sentia por você- diz Finney cabisbaixo.
Seja convicente, disse ele a sí .esmo mentalmente.
-Diga isso na minha cara!- exclama ele pegando o rosto de Finney- Olhando para mim.
Ele encara aqueles intimidadores olhos negros como um poço sem fundo.
-Eu não te amo, Bruce. Eu estava errado esse tempo todo.
Ele se solta do toque de Bruce, abre o guarda chuva.
-Me desculpe, Bruce.
Ele sai correndo na chuva.Nota do autor:
Fiquei triste escrevendo esse capítulo, mas senti necessidade de um capítulo focado na perda do amor, espero que tenham gostado. Bruce está com o coração partido em 52 pedaços haha
Curtam e comente, até a próxima.
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S.T.A.L.K.E.R.
Teen FictionFinney Blake está mudando a percepção que tinha sobre seu amigo, Bruce Yamada. A admiração que sentia por ele esta se tornando algo mais intenso, não sabe o que fazer e não quer compartilhar desse sentimento com seu melhor amigo, Robin Arellano. Ao...