Ele tentou abrir com um prego enferrujado, mas não entendia com funcionava as engrenagens da fechadura daquela porta. Ele tentou arrobar com um pedaço de tora de madeira,mas apesar de velha, a porta de ferro era resistente.
Ele desce as escadas em desistência.
-Você não vai conseguir abrir aquela porta. Ela é da década de vinte, as engrenagens estão tão que qualquer coisa que não seja a chave vai quebrar no meio- explicou Bruce.
Ele mantinha um pano pressionado no buraco em sua coxa.
Finney pega a tora de madeira e aponta para ele.
-Me fala onde está a chave ou vou tachar seu crânio ao meio.
Bruce solta uma gargalha em meio a dor que sentia.
-Você é fofo irritado e essa tora é tão larga que não entra pelas brechas da gaiola.
Ele estava certo. Ele joga a tora no chão e sai a procura da chave nos caixotes de entulhos.
Eram poucos e continha panos velhos, um mapa das minas antigas de carvão de Denver e uma arma. Ele encara Bruce.
E claro que ele havia deixado aquilo ali.
Será que as balas eram reais? Pensou Finney.
Ele podia atirar na fechadura da porta. Mas desistiu da ideia. Se lembrou que balas ao baterem em superações metálicas costumam ricochetear. Ele não queria ser atingido por uma bala.
-Como está seu pulso?- pergunta Bruce.
-Calado!- grita Finney.
-Não vê Finney? Estamos presos um com o outro agora.
Ele se senta no chão. Estava cansado, faminto e com sede.
-Você não vai desistir não é?- perguntou Finney o encarando.
-Nunca- responde Bruce.
-Eu não entendo, Bruce. Com bilhões de pessoas no mundo por que você é doente por mim. Por que eu tive que ser esse azarado?
Finney estava indignado e Bruce estava triste.
-Se lembra que eu te prometi na noite que você fixou chapado que eu falaria o que estava escondendo?
Finney acente com a cabeça.
-Desde que eu nasci. Eu...- começou a explicar Bruce- Não sinto nada.
Finnney o encara.
Bruce continuou:
-As pessoas têm seus gostos e paxoes desde de nascimento. Sente prazer em ouvir, em em pintar um quadro ou praticar um esporte. O que seja... eu não. Eu sempre vi esse mundo preto e branco.
O rosto de Bruce era mais sério do que jamais foi. Seu sorriso monumental se foi, suas defesas se desfizeram.
-Nada me dava prazer. Eu era um ser deslocado apenas obedecendo ordens de terceiros. Para mim, não existia beleza na vida.
Ele faz uma pausa.
-Então eu conheci você. Você me abalou de todas as formas. Você tornou meu mundo colorido, eu passei a ter gosto pelo mundo. Uma melodia comecou a fazer sentido, um jogo de videogame passou a ser atrativo, ate o baseball que fazia passou a ser minha paixão não por ordens dos meus pais. Comecei a sentir, amar, odiar, ficar triste e ficar feliz; comecei a ter amigos. Você me tornou vivo em todos os sentido e eu não sei o motivo até hoje. Apenas é assim, não sei explicar. Talvez Deus ou Diabo saibam.
-Então você nunca me amou. Amar é pensar no próximo acima de você mesmo. Se você está com uma pessoa apenas para receber algo em troca, Bruce, isso é oportunismo.
-Você não podia estar mais errado. Depois de te conhecer, saber toda sua história, seus sofrimentos, seus gostos, seus defeitos. Eu posso falar que não poderia te amar mais do que já amo.
Ele abre um sorriso. Era muito diferente do sorriso fingido habitual, Era o sorriso mais sincero e doce, quase infantil.
-Mas amar não quer dizer matar os outros, você... - Finney tinha dificuldade em terminar a frase. Seus olhos ficaram vermelhos de raiva- VOCÊ MATOU ROBIN!
O coração do cacheado se aperto e seu olhos arderam, as lágrimas não desceram pela falta de água no corpo.
-Como você pode? Seu desgraçado.
-Como eu pude?- perguntou Bruce indignado- Como ele pode. Coloque a mão no buraco ao canto esquerdo inferior da sala.
-O quê?
-Atrás de você.
Finney olhou e realmente havia um buraco onde ele falou, não muito maior que seu punho e muito imperceptível.
-Tem uma caixinha ali dentro, pegue ela- explicou Bruce.
O cacheado teve receio.
-Não se preocupe, não tem nenhuma cobra lá dentro.
Ele coloca sua mão e sente um objeto realmente lá dentro. Ele puxa uma pequena caixa de papelão de dentro. Ele a abre.
-Robin não sabia controlar a própria raiva, ele matou um garoto que luta a Boxe com ele. O nome dele era Muse. Você conheceu ele, era um Bully, vivia te atormentando.
Ele viu uma foto de Robin na floresta entenrado algo parecido com um cadáver. Não, Finney estava certo que era um cadáver.
-Por coincidência eu vi ele nesse dia, via briga e o segui até a floresta então tirei essa foto.
Finney estava em choque, não conseguia falar nada.
-Ele também tentou matar Donna. Se lembra das mensagens s que você recebia no computador. "Fique longe de Donna" era ele e não eu. Ele não sabia controlar a raiva e quase te matou. Eu não podia perdoar ele. Então ele me atacou no vestiário e depois na minha casa, acabei matando ele.
Eles se encaravam em silêncio. O rosto de Finney estava incrédulo. Ele passou o conteúdo da caixa, ele viu uma foto dele próprio, agachado no chão como um cachorro. Ele reconheceu o lugar como a casa na árvore de Vance. Ele passou outra foto... A caixa cai a seus pés.
-Não queria que você soube-se disso, lutei para que você ficasse na ignorância. Peguei todas as cópias dessas fotos em papel ou memória digital.
A voz de Bruce era cheia de dor como se as palavras torturassem ele por dentro. Por fim, ele disse.
-Ele te estuprou.
Suas pernas falham e ele cai ajoelhado no chão encarando o nada. Agora era um ser humano que havia perdido seu último resquício de inocência.
Ele não sabe quanto tempo ficou assim, mas demorou para retornar a realidade com a voz de Bruce, que a esse momento era tão distante que parecia estar escutando ela de baixo d'água.
-Finney, eu não estou me sentido bem, meu peito dói muito, pode me tirar daqui?- pediu ele.
O cacheado começou a chorar, mas suas lágrimas não eram de tristeza. Eram de uma enorme fúria que emergiu do seu coração. Ele começou a socar o chão com sua mão boa. Socou tão forte que seus dedos perderam a cobertura de pele.
-Tá tudo bem, ele não pode mais fazer mais nada contra você.
Bruce tinha que ser cuidadoso com as palavras que escolheriam. Ele também precisava sair rápido da jaula, ele não se sentia bem.
-E por que você seria diferente deles? Fazer um altar, roubar coisas pessoais minhas, ameaçar terceiros. Você é mesmo melhor que eles?
-Sou sim, eu nunca abusei de você, tudo sempre foi consentido. E eu não mataria nenhum amigo seu por caminhar ao seu lado. Finn, não me compare a eles.
-Mas eu também não quero alguém como você ao meu lado.
-Mentira. Para de mentir tanto Finney, seu rosto não esconde a verdade.
Finney trinca os dentes.
-Qual verdade?!- grita irritado.
-Que você é um covarde sem perspectiva de vida, que tem um pai alcoolatra que está se lixando se voce ta vivo ou morto, um melhor amigo assassino e uma mãe que te abandonou quando você precisou. Adimita Finney, sua vida é uma merda.
Finney socou o rosto de Bruce pelas brechas da grade. Ele sentiu um osso quebrar...
Bruce segurou o nariz sagrando.
-Calado, você não sabe de nada. Minha mãe se sobrecarregou com o casamento e a depressão. Então cala boca, Bruce, ou juro que te mato!
-Não sei se já ouviu...- murmurou Bruce com dificuldade de falar pela perda de sangue no nariz- Mas não importa a dificuldades. Uma Mãe sempre tem o dever de proteger seu filho- ele se engasga com o sangue- Você sabe, no fundo do seu coração você sabe, que eu sou a pessoa que mais te amou.
O cacheado estava chorando. Ele se levanta e pega a arma de Bruce, ele conferiu para ver se tinha balas e apontou para a cabeça de Bruce.
-Fale onde está a chave- disse Finney com firmeza.
Bruce ficou em silêncio por um tempo e lentamente aproximou sua cabeça da mira da arma, até ele encostar a testa no disco circular da arma.
As mãos de Finney tremiam enquanto seu Stalker o encarava com os olhos.
-Se quiser me matar esse é o momento, eu nunca teria coragem de fazer o mesmo com você...
Ele abre a boca e tira algo de baixo de sua língua e coloca na mão do garoto.
Era a chave.
-Encontrou meu ponto fraco, parabéns, você me venceu. Você agora tem duas opções. Me mate e siga com sua vida ordinária e solitária ou me deixe vivo e eu nunca vou te abandonar, pelo resto de sua vida. O que escolhe?
Seu dedo estava no gatilho, seus dedos tremiam enquanto encaravam o garoto. Um tiro e tudo acabava.
Finney queria que isso acabasse?
Ele não sentiu falta de Bruce, mesmo com toda raiva que sentiu pelo por descobrir esse lado dele. Era apenas seu lado covarde falando?
Tudo que ele conseguia pensar era em como as palavras dele eram verdadeiras. Bruce fez Finney perceber o quanto de mágoa quando da mãe todos esse anos e o quanto ser solitário no mundo doía.
Ele amou Bruce apesar dele ser um Stalker. Ele via sinceridade em seus sentimentos apesar de toda obsessão.
Não, ele ainda nutria sentimento pelo lider que sempre quis seguir.
Finney estava mentindo para sí próprio, ele ainda amava Bruce.
Ele larga a arma no chão e abre a gaiola, entrando na estourada ele abraça o japonês.
-Obrigado- sussura Bruce em seu ouvido.
E os ficam abraçados por um longo tempo.

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S.T.A.L.K.E.R.
Novela JuvenilFinney Blake está mudando a percepção que tinha sobre seu amigo, Bruce Yamada. A admiração que sentia por ele esta se tornando algo mais intenso, não sabe o que fazer e não quer compartilhar desse sentimento com seu melhor amigo, Robin Arellano. Ao...