Capítulo 3

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Finney não podia mais esperar por uma resposta. Ele havia aguardado Bruce chegar no portão da escola em baixo de uma árvore. Ao vê-lo, o asiático veio ao seu encontro. Ele parecia uma criança feliz, Finney não pode deixar de sorrir.
O cacheado ainda estava com medo do que seu amigo iria responder.
Ele sabia que Bruce havia gostado do beijo, ele correspondeu, mas essa pergunta era algo bem mais sério, algo que Finney não tirou da mente aquela noite inteira depois de ter voltado para casa.
Não havia dormido bem. Estava com olheiras e seu cabelo estava despenteado (Algo que o asiático achava fofo).
Bruce em resposta abriu seu sorriso de ponta a ponta com sua coroa de dentes brancos como mármore.
-Bruce, tem algo que tenho pensado...- começou ele.
-Pensei nisso também- ele faz uma pausa- Finn. Eu gosto de você, a mais tempo do que imagina.
O cacheado o encara surpreso.
-Desde a primeira vez que te vi- continuou Bruce.
-Naquele jogo?
-Sim. Eu pensei em como você era fofo com aquele seu rosto tímido. Com o tempo fui notando mais e mais sua presença nos corredores e quando dei por mim, eu já o acompanhava com o olhar.
O rosto de Finney ficou enrubesceu, mas dessa vez de um jeito diferente.
Era a vez de Finney
-Bruce. Eu te admiro desde o primeiro dia que te vi. Você sempre encarava seus desafios com calma e talento, eu meio que sempre quis ser como você. Depois que nos tornamos amigos, você se tornou meu maior confidente, compartilhei segredos e pensamentos com você que não falava nem mesmo para o meu melhor amigo.
O sorriso de Bruce se alarga. Finney prossegue:
-Você estava lá quando meu namoro com a Donna acabou, quando meu pai me batia e me xingava quando estava bêbado ou quando falo sobre minha paixão pelo espaço. Você já é uma parte de mim e eu só percebi agora, talvez não antes por medo de perder um amigo, mas agora queria te falar... - ele cria coragem - Eu te amo, Bruce. Quer namorar comigo?
Bruce sentiu uma onda de energia percorre seu peito. Isso está realmente acontecendo, pensou o japonês. Era bom demais para ser verdade, muito melhor que qualquer sonho. Seu príncipe estava se declarando para ele. Disse que o ama e se sentiu culpado por falar que apenas gostava dele.
Ele encosta seu rosto aos do garoto, ficam a centímetros de seus lábios se tocarem.
-Agora não... - disse Bruce.
Finney pode escutar um disco ser arranhado em sua cabeça, o clima foi embora. Ele se afastou do garoto ainda se acreditar na resposta.
-Com licença acho que vou pular de uma ponte- disse Finney.
Bruce segura sua mão.
-Espere.
-Não, acabei de levar o fora mais épico da história da humanidade.
-Você não me deixou terminar, olha para mim- ele o encara- eu não posso aceitar esse pedido ainda, porque tenho que resolver um problema, algo que não dá para esperar. Você confia em mim.
Finney agente com a cabeça.
-Me dê três dias e juro que vamos entrar por aquele portal de mãos dadas.
-Vou esperar.
Finney da um selinho no garoto.

No intervalo Finney estava sentado em uma mesa sozinho até a chegada de seu melhor amigo.
-Oi... Finn- cumprimenta Robin sem jeito.
-Oi Robin.
-Como você está?
-Melhorando, não foi tão grave quanto pensei. Nenhum osso foi quebrado, mas teria sido pior se o vaso tivesse atingido a cabeça.
-Eu queria muito ter feito uma visita, mas estava ocupado.
Finney ficou mágoa com as palavras dele. O que era mais importante do que a saúde de um grande amigo? Se a situação fosse o oposto, teria corrido para o hospital visitar Robin, nem que fosse andando descalço.
Robin suspira.
-Me desculpe, Finn. Por tudo.
Robin nunca foi muito de demonstrar sentimentos, sempre teve uma pose de durão, mas nesse raro momento viu suas defesas caindo.
-Você está chorando Robin?- perguntou Finney.
-Não.
Ele vira o rosto, mas tinha certeza que viu seus olhos marejados.
-Tá tudo bem, Robin. Não foi nada, não precisa se preocupar.
Ambos compartilham um abraço. Um gesto que raramente faziam, pois Robin não gostava de contato físico, depois de um tempo se separam.
-Você estava com Donna ontem?- pergunta Robin.
Então se começou uma conversa animada entre os dois. Finney falou sobre sua conversa do dia anterior com Donna; sobre a visita de Griffin no hospital, Robin disse que sempre achou ele maluco e por fim estava indeciso se falava sobre seu pedido de namoro a Bruce. Ele queria falar, estava explodindo de empolgação, então resolveu falar apenas a parte em que ele beijou Bruce.
Robin ficou um tempo sem falar nada, acreditava estar processando a informação. Depois de um longa pausa que parecia uma eternidade, ele apenas respondeu:
-E você gostou?
-Sim.
Robin abriu um sorriso.
-Eu sempre soube que você gostava dele.
-Serio?- perguntou Finney.
-Sim, via nos seus olhos. Eles brilhavam quando você olhava para ele.
Robin encarou as próprias mãos.
-Tudo bem?
-Sim. Espero que vocês sejam felizes juntos- ele se levanta- tenho que ir, a aula já vai começar.
Ele não estava em seu estado normal. Finney podia sentir, algo estava o perturbando.

Bruce limpou o suor depois do treino de educação física depois de trinta voltas ao redor da quadra.
-Isso foi um exagero- murmurou Bruce ainda com a respiração pesada- O treinador não precisa ter feito tudo isso.
-Acho que você está reclamando demais- comentou seu amigo, Billy Showalter- Eu corri 50 voltas e não tô sendo tão fresco.
-Claro, você entrega encomendas pelo bairro inteiro em uma bicicleta.
Bruce tinha um corpo forte e musculoso, muito mais que Billy, exceto pela pernas do entregador, eram tão musculosas que davam para ver suas veias marcando a pele.
-Você também faz baseball, não é um rebatedor?
-Sou.
-Então devia estar acostumado a correr- disse de forma seca- se não treinar o suficiente nunca entrará para liga Júnior de baseball.
Billy era um garoto petulante e que sempre respondia a mais simples pergunta com muita grosseria. Não por maldade, era apenas a personalidade do garoto.
Billy continuo a provocação.
-Acho que Baseball é muito superestimado. Sou um corredor melhor do que todos esse pés de frango do time da escola.
-Quer valer o que você diz?- provocou Bruce.
-Como assim?
O asiático puxa uma manga para mostrar o seu bíceps.
-Você e eu em uma queda de braço. Aceita?
-A não é justo. Você faz levantamento de peso.
-Ué tá amarelando agora?
-Que tal eu contra aquele garoto que você sempre anda, o de cabelo cacheado.
Bruce deu um sorriso para seu amigo.
-Eu ia te partir em dois.
Billy começa a rir.
Ele entra no vestiário e vão até o chuveiro. O lugar estava lotado, então Bruce acaba por ser o último a conseguir tomar banho.
-Diga ao professor de biologia que vou me atrasar um pouco.
-Ok, até Menino de Ouro- respondeu o entregador.
Menino de Ouro.
Bruce nunca se achou merecedor desse apelido. Sua notas eram ótimas, com exceção de matemática, mas havia pelo menos dez outros alunos melhores que ele em todas as matérias; era um bom atleta, porém já perdeu para times de outras escolas e não conseguia entrar na Divisão Big; por fim, não achava ter o caráter para ser chamado assim. Ele estava bem longe de ser um santo.
Ele se apressou para vestir a roupa, depois pegou sua bolsa e como um pressentimento o garoto se agachou rapidamente.
Escutou algo se quebra logo atrás dele. Viu um perturbado Robin a sua frente.
Bruce se levantou
-Finalmente veio me enfrentar?- disse Bruce com veemência.
Os dois garotos sabiam que essa hora ia chegar. Apenas um pode continuar vivo.


S.T.A.L.K.E.R.Onde histórias criam vida. Descubra agora