Capítulo 6

135 15 23
                                    

Por quê Bruce tinha que treinar até  mesmo a noite?
Já eram 7 da noite, sua escola estava deserta, havia apenas Bruce seu treinador na quadra de esportes e em todo colégio.
Aparentemente seu treinador estava satisfeito com seu desempenho rebatendo os lances de bola, 'aceitável' disse ele. Ao mesmo tempo, acha Bruce lento demais correndo entre as bases. Era algo a se melhorar. Por isso, os treinos extras se tornaram frequentes e isso estava matando Bruce.
Já tinha dado a volta umas cem vezes na quadra. Seus joelhos estavam ralados pelo varios tropeços que vez ou outra ocorriam, sua roupa estava tão encharcada que poderia encher um copo de suor e seus pés estavam tão cheios bolhas que sentia como se estivesse pisando em vários cogumelos.
-Você está reduzindo sua média, mais rápido Bruce.
-Eu acho isso desnecessário- gritou Bruce enquanto passava por seu treinador na volta- Sou o mais rápido do time!
-Mas não tão rápido quanto alguém na Divisão Big ou não tão rápido quanto para o clube de atletismo ou não tão rápido quanto seu amigo entregador de encomendas- disse secamente.
Essa última Bruce sentiu no peito. Queria poder esganar ele por falar aquilo.
-Você é um bom garoto Bruce, é muito bom no que faz, mas não basta ser bom. Você é um carvão que irá se tornar um diamante...
-Isso é tão clichê.
Ele apenas ignorou o que ele falava e apenas pensava en como se sentia um brinquedo sem energia, precisando de uma nova bateria.
E sua nova bateria era um abraço no seu belo cacheado.
Ele precisava vê- lo nem que fosse preciso ir até a casa dele e enfrentar Terrence.
Só que antes precisava as roupas que havia prometido a sua mãe.
Ele estava com a cabeça explodindo...

Finney não acreditava que realmente tinha ido.
O dia inteiro ficou clofituoso se deveria ir ou não.
Sua razão falava que aquilo era errado, podia induzi-lo ao vício, já seu emocional sentia aquela sensação novamente, que já a tempos o perturbava, queria que aquilo amenizasse.
Ele viu o loiro delinquente em uma máquina de fliperama jogando contra um outro garoto ao seu lado. Uma garota peituda estava atrás deles chupando um pirulito.
Vance vence o outro garoto e faz uma um gestos de comemoração com os braços.
-Mais sorte na próxima- ele diz ao outro jogador.
Ele se vira em direção a garota e a beija de forma bruta. Ao se separem ela esboçava uma expressão de intenso prazer. Pelo canto do olho, Vance nota a presença do garoto pela primeira vez.
-Eai, idiota? - cumprimenta ele. Aparentemente idiota era o apelido Finney.
Vance se vira para falar para garota: -Era dele de quem eu estava falando.
-Ele é fofo- comenta a garota.
-Oi, está ocupado? Posso voltar outra hora.
Finney já estava com o pe para dar meia volta e ir embora.
-Pode para aí!
Ele encara o loiro se aproximar dele e o deixar intimidado com sua altura.
-Eu prometi, não foi?- disse ele espondo um sorriso- Vamos.
-Para aonde.
Ele segue Vance, por algumas ruas. Pelo caminho Finney deduziu que estavam indo para casa dele.
Acasa de Vance era velha e com paredes de madeiras descascadas em volta de uma cerca com arrame farpado. O que tinha de mais belo naquele lugar era sua casa na árvore,  aos fundos da residência da família Hooper.
-Vem.
Ele o guiou em volta da casa e subiu a escada feita no tronco da árvore. A casa parecia uma caixa de fósforo e era tão pequena que Vance tinha que ficar abaixado o tempo todo.
O deliquente começou a tatear o chão e acabou puxando um piso de madeira. Havia um compartimento secreto dentro.
-Tenho que esconder bem, se não meu pai pode pegar- explicou ele.
Ele pegou um saco plástico com folhas verdes dentro e outras coisas. Ele enrola um pouco de maconha em um pedaço de seda de bolar.
-Vai fundo.
-Quanto tenho que te pagar?
Ele coça a cabeça fazendo uma careta sem sentido.
-Esse é por conta da casa- respondeu o loiro.
-Mas essa é a ultima vez, ok? Não vai ter outra.
-Certo Certo- retrucou o outro sem paciência.
Finney colocou a droga na boca e Vance acendeu. Ele colocou toda a fumaça para dentro.
Por algum motivo, ele teve um sentimento nostálgico.
-Que estranho, sinto como se já tivesse vivido isso antes- comentou Finney.
Outra sugada no baseado.
-A droga faz a gente ver o que quer.
-Quem você perdeu?- perguntou Finney abruptamente.
-Hã?
-Você disse que 'perder alguém é uma merda', sobre quem você estava falando?
Em seu juízo normal, ele nunca teria coragem de perguntar algo assim ao deliquente. A droga já estava mudando as atitudes de Finney.
Vance desviou o olhar.
-Minha mãe- respondeu por fim Vance.
-Oh- uma pausa- Sinto muito.
-Não se preocupe, já faz muito tempo.
-Me diz como foi?
Finney não queria perguntar isso, entretanto, seu corpo agora parecia sem controle.
Ele expira.
-Minha mãe e eu sempre tivemos uma boa relação, na metade do tempo. Ela sempre me ajudava com os deveres, sempre ia as minhas lutas quando fiz Boxe Mirim, sempre estava lá para ser minha amiga. Na outra metade, brigavamos muito, éramos como cão e gato, qualquer coisa era motivo de elevarmos nossas vozes. Mas isso é normal em uma relação mãe e filho, não é?
Ele faz uma pausa e Finney enche seus pulmões com fumaça.
-Mas apesar de tudo, ela era meu porto seguro. Ela sempre me acalmava quando meu pai chegava bêbado em casa. Aliás, temos isso em comum, Finney. Ambos apanhamos dos nossos pais.
Ele ri e Finney sentiu um pouco de compaixão por ele.
Ele continuou:
-Ela era viciada em compridos do sono, ela tomou mais do que devia e acabou adormecendo em uma banheira com quinze centímetros de água...- outra pausa- Só achamos o corpo encharcado quatro horas depois.
Finney olhou para baixo, seu coração foi tocado por aquela história, sentia que o mesmo estava chorando por dentro.
-Eu sinto muito mesmo- murmurou sob deleite da droga- Não sabia pelo que você passou. Me sinto culpado por achar você um brutamontes sem alma.
-Sem problema, eu sou isso, no finn das contas.
-Sim, mas estou tendo outra perspectiva sobre você.
-Qual seria?
-De que você é um cara legal.
Ele bufa e ri em deboche.
-É serio- insisti Finney.
-Ok, você também apesar de ser bicha.
Ele riu.
-Nem me fale, espero que meu namorado não saiba que estou aqui.
-Ou ele pensaria que você está traindo ele comigo?
-Com certeza. Não quero que ele pense nada errado.
-Você gosta mesmo dele não é?
-Gosto.
Os olhos de Finney lacrimejaram.
-Mas ele está mal, a saúde dele está fraca, eu vejo isso.
Ele começou a chorar.
-Ei ei ei! Não começa a chorar que nem um mariquinhas.
-Bruce está me escondendo algo- chorava Finney- Algo que está matando ele por dentro. O que faço?
-Toma!- ordenou Vance passando uma latinha de Coca Cola, que não sabia da onde ele tinha tirado- Precisa de açúcar no sangue ou a erva frita seu cérebro.
Ele bebeu o líquido.
-Apenas se acalme- disse Vance.

S.T.A.L.K.E.R.Onde histórias criam vida. Descubra agora