Mulberry

141 11 4
                                    

A aula de química passou rapidamente e hora ou outra Milo me fazia perguntas sobre a matéria, mas claramente estava com muitas dúvidas.

O professor logo deixou a sala, dando lugar a uma professora bem simpática e para minha infelicidade fez questão que eu me apresentasse pra' meus colegas.

— Olá queridos, hoje temos um aluno novo! Olivier, se apresente aqui na frente. — dito isso, ela foi se sentar na mesa e todos os olhares estavam direcionados a mim.

Lanço um olhar para Milo pedindo ajuda, mas ele apenas ignora.

Me posicionei na frente de todos e tomei o ar antes de falar.

— Oi... me chamo Olivier e morava na França antes de vir pra cá. — percebo pessoas cochichando entre si e a professora me encoraja a continuar.

— Uau, você gostava de lá? Seu sotaque é bem presente.

— Gostava. — concluo e volto a me sentar.

Milo se vira pra mim e sussurra:

— Essa é a professora Valéria, todos gostam dela.

Agora é aula de matemática e percebo que Milo é bem extrovertido e imperativo, passa a maior parte do horário conversando com a menina loira.

— Olá Olivier, ainda não me apresentei. — ela vem se aproximando silenciosamente, para a professora não perceber.

Ela tem leves sardas nas bochechas e usa uma linda tiara de flores.

— Me chamo Bárbara.

— É... legal. — ela fica com uma expressão meio desapontada no rosto, devia estar esperando uma resposta melhor ou mais gentil. Estou tentando o meu máximo, nem aqui eu queria estar.

Observo-a voltar até sua mesa e sentar enquanto cantarola algo baixinho.

A professora diz que teremos um trabalho em dupla e faremos várias contas complicadas, diz também que vamos apresentá-lo na frente da classe. Começo a ficar ansioso, pois odeio falar na frente das pessoas e sei que não serei dupla de ninguém. Nunca me escolhem.

Milo parece perceber minha inquietação e vai até a Bárbara dizer algo que não parece deixá-la muito contente, pois ela revira os olhos e bufa.

— As pessoas que já escolheram suas duplas podem vir na minha mesa e eu irei anotar os nomes.

— Olivier, tem dupla já? — a professora vem até minha mesa com o caderninho em mãos.

— Ah... vou fazer sozi... — estou terminando de falar, quando alguém me interrompe.

— Ele vai fazer comigo, professora. — Milo responde e me lança um sorriso simpático.

— Perfeito. — ela anota no caderninho e sai nos deixando só.

Olho para Milo ao meu lado e começo a falar.

— Milo, não precisava. Eu sempre fiz trabalhos sozinhos e nunca fiquei incomodado com isso, na verdade já estou acostumado.

— Não deveria se acostumar e você não precisa ficar sozinho sempre. Às vezes fazer trabalhos em dupla são melhores do que individualmente.

— Olha, eu não preciso da sua compaixão, fico muito bem fazendo trabalhos sozinho do que com pessoas que podem me atrapalhar. Desde que eu cheguei você está atrás de mim o tempo todo como se eu não conseguisse me virar sozinho.

Vi que sua amiga não gostou de mim e a deixou para fazer dupla comigo, sendo que nada disso é necessário. — digo e vejo uma leve tristeza em seu olhar.

Je veux ton amourOnde histórias criam vida. Descubra agora