Fields of Green

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102 DC — King's Landing


Viserys segurava uma taça de vinho pela metade enquanto observava o salão. As pessoas da corte conversavam em um tom de celebração, bebendo e comendo com avidez. A rainha Aemma ria com a Lady Hightower sobre algo que o rei não tinha ouvido, mas ainda assim, o fez sorrir. Gostava de ver a esposa tão feliz, especialmente depois de ter perdido um filho ainda no ventre. Era bom vê-la se recuperando.

Otto Hightower levantou-se com uma cálice de vinho não mão direita. A ação atraiu a atenção da maioria dos presentes, inclusive a do rei, que olhou para o amigo e conselheiro com curiosidade. A Mão do Rei era um homem discreto, e não era comum que ele fizesse um brinde diante de tantas pessoas. Ainda assim, o Hightower parecia satisfeito ao falar:

— Como Mão, Lorde e como súdito dessa casa real, ofereço um brinde em favor da Princesa Rhaenyra, primeira de seu nome, e Princesa de Dragonstone.

Ele direcionou um sorriso respeitoso ao casal real antes de continuar. Viserys pode sentir o grande sorriso que nasceu em seu rosto, e viu que a esposa não estava diferente. Era evidente o quanto eles amavam a filha.

— Que Os Sete a acompanhem durante sua vida, e que não faltem alegrias em sua jornada. — Otto continuou — Povo de King's Landing, erguei-vos vossos cálices em honra ao sétimo dia do nome de sua princesa!

Urros de alegria encheram o salão enquanto todos obedeciam, cheios de carinho pela garotinha que tinha no rosto um sorriso fino. Viserys riu com a visão, sabia que a filha preferia mil vezes passer seu nome do dia na companhia de Syrax no Fosso dos Dragões, mas estava ali sendo paparicada por pessoas que ela mal conhecia puramente porque sua mãe havia insistido.

— A Princesa Rhaenyra! — Bradou o Lorde Corlys Velaryon, erguendo sua bebida o mais alto que podia ao lado de sua esposa. A Princesa Rhaenys também tinha um sorriso apertado, mas ninguém parecia ter notado, além de seu primo mais moço.

Daemon não erguia seu cálice, apenas o segurava levemente mais alto do que de costume. Ele estava inegavelmente entediado. O dia do nome de uma garotinha tinha bem menos cortesãs do que ele gostaria, e mais crianças do que ele podia contar. Pequenos lordes e ladies, alguns mal saídos das fraldas, todos enfeitados como bolos de casamento por seus pais na vaga esperança de que a princesa fosse escolher um deles como damas de companhia ou futuros noivos. Ele conhecia alguns por nome, mas só conseguia suportar os filhos de Rhaenys, ainda que por pouco tempo. Eles tinham o sangue do Dragão, afinal.

— Quando vai trazer sua própria filha à corte, caro irmão? — Disse Viserys. O rei tinha notado a expressão de total desinteresse do irmão, mas não tinha se ofendido. Sabia que, ainda que não costumasse demonstrar, Daemon tinha carinho pela sobrinha.

— No dia em que tiver uma, caro irmão. — Devolveu o mais novo, sem alterar o tom de voz ao desdenhar das palavras do rei. Viserys franziu as sobrancelhas, decidindo se deveria se retrucar. O loiro era o único homem no reino que podia falar com ele naquele tom sem temer por uma decaptação, e Daemon parecia sempre disposto a se aproveitar da boa vontade do irmão.

A rainha, tão mais graciosa do que o cunhado, se inclinou na direção dos irmãos e disse em um tom de voz gentil:

— Ouvi dizer que Lady Rhea deu a luz há algumas luas. — Aemma olhava para Daemon quando falava. — Uma linda menina da qual chamam de Ellara.

— Ellara Targaryen. — Aprovou Viserys. — Não é um nome valiriano, mas ela será a futura senhora de Pedrarruna, afinal.

Daemon pensou em várias formas mal-educadas de responder, mas o sorriso de Aemma o desencorajou. Algo no rosto dela o fazia lembrar de sua própria mãe, e uma das poucas coisas de que ele se orgulhava era de ter sido um bom filho enquanto ela estava viva.

The Bronze PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora