Raqiros

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Disclaimer:  Mães superprotetoras, trocadilhos com xadrez.

Texto em negrito: Fala em valiriano.



Ellara nunca sentiu-se tão débil.

A garota acordou em uma superfície macia e quentinha, porém, sentiu-se incomodada com alguma coisa. Tentou se mexer, e rapidamente descobriu uma dor aguda da lateral de seu corpo. Ela arfou, e quando puxou o ar para dentro, percebeu que a dor piorava significativamente quando seus pulmões se expandiam.

Um grande problema para alguém que precisava respirar, a garota notou.

A mocinha tentou abrir os olhos, o que mostrou-se um grande erro pois, no segundo em que a claridade acertou suas esferas violeta, a jovem lady sentiu que sua cabeça estava prestes a explodir. Grunhindo, ela voltou a fechar os olhos e, no impulso de evitar que a luz incomodasse sua sensível visão, ela esticou o braço esquerdo em busca de um travesseiro, a fim de usá-lo como um escudo.

Sua costela, muito prontamente, sugeriu que talvez fosse melhor se ela não tentasse se mexer. A garganta de Ellara concordou, liberando um grito de resposta.

— Jorrāelagon?

Ellara soltou um agudo lamento de agonia, reconhecendo a voz acalorada ela tinha aprendido a adorar. Por algum motivo, sua mente anuviada respondeu antes que ela pudesse realmente situar-se por completo. 

Kepa.

Alguém pôs a mão em sua cabeça, e mesmo com a gentileza do toque, a menina sentiu que seus miolos estavam transformando-se em ensopado.

— Estou aqui, minha menina. — O homem disse. — Aōha kepus iksis kesīr.

A garota abriu os olhos minimamente, ainda esperando que a luz a cegasse. Entretanto, sobrepondo a claridade que devia estar entrando pela janela, a jovem reconheceu a figura curvada de seu tio. Seu kepus.

Viserys carregava em seu rosto uma expressão preocupada, e olhava para a sobrinha com algo que Ellara precisou de um tempo para identificar. Um olhar que ela já o vira dirigir à princesa, a suas maquetes e, em especial, a um pequeno anel de ouro que ele guardava no móvel ao lado do leito real, e que girava nos dedos quando o rei achava estar sozinho.

Era um olhar de afeição. Por um milésimo de segundo, a mente de Ellara imaginou como se seria se houvesse outro homem de cabelos prateados no lugar de seu tio.

Viserys tocou o rosto da sobrinha com os dedos que ainda lhe restavam, limpando as lágrimas que a menina não tinha percebido soltar.

— Oh, minha querida. — O rei disse, e o calor de sua voz fez a mocinha sentir um aperto no peito. — Está sentindo dor? Mandarei que o meistre lhe dê outra dose do leite da papoula.

Ellara tocou o próprio rosto, e quando tentou focar o olhar no rosto do tio, o viu com um par de olhos a mais, e um segundo nariz.

— Minha cabeça... — Soluçou.

O rei respirou fundo, consternado. Doia-lhe profundamente ver sua querida sobrinha daquele jeito, com hematomas na lateral do rosto e grossas faixas restringindo-lhe os movimentos de seu tórax. No momento em que Sor Criston Cole a trouxe até a fortaleza nos braços — Com a cabeça pendendo para o lado, os olhos revirando-se em suas órbitas e um forte cheiro de queimado impregnado em suas roupas, Viserys não pôde deixar de pensar no quão frágil a menina realmente era. Apesar de seu olhar atento, sua sabedoria que ia muito além de seus anos, seus comentários afiados e sua própria versão da perspicácia dos Targaryen, a mocinha que aos olhos do reino era a miniatura de seu pai, na verdade era tão delicada quanto as pétalas de um lírio.

The Bronze PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora