Muñnykeā

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Disclaimer: Ela.

Texto em negrito: falas em valiriano.



Alicent adentrou os aposentos do rei como um furação de seda e fivelas. Sua entrada assustou o monarca, que quase deixou cair a peça de calcário na qual tinha passado a última hora entalhando a imagem de um pequeno cordeiro. Viserys olhou para a esposa, que tinha parado a poucos metros de seu modelo de pedra, e o encarava com uma expressão tão endurecida quanto a estrutura feita em rocha.

— Quero que Ellara seja incluída sob a proteção da Guarda Real. — Ela disse, sem rodeios ou formalidades. — Quero que Sor Criston Cole seja seu responsável, e quero que o garoto das Terras Fluviais seja afastado.

Viserys arquejou, sem saber se acreditava no que acabara de ouvir de sua esposa.

— Uma boa tarde para você também, Alicent. Será que posso oferecer-lhe um chá enquanto me patroniza?

O homor da rainha não estava nada receptivo ao sarcasmo do rei naquela tarde.

A mulher, cujo rosto transparecia a fúria de mil vulcões, deu um passo na direção do marido, e proferiu como um sibilar:

— Deu muita liberdade a ela, marido.

Alicent avançou mais um pouco.

— Tenho cuidado daquela menina há anos, com a mesma dedicação que aplico aos nossos filhos. Em todo esse tempo, nunca permiti que ela sofresse um único arranhão. E, no minuto em que em que me vejo fragilizada por minha quarta gravidez, o senhor permite que ela deixe a segurança dessa fortaleza e arraste nossos filhos, seus herdeiros, ao covil de feras tão perigosas que colocariam medo até mesmo em um palpavo. 

Viserys expirou pesadamente. Não estava gostando daquele tom, e muito mesmo da forma como sua esposa estava menosprezando suas escolhas. O rei colocou a peça que estava entalhando na mesa, focando sua atenção na moça diante de si.

— Alicent. — Começou, em um tom de voz muito parecido com o que ele usava para repreender sua filha mais velha. — O direito de visitar o Fosso dos Dragões é algo que ninguém, nem mesmo nós dois, pode tirar de uma filha legítima da Casa Targaryen. Nossa sobrinha expressou seu desejo de conhecer uma parte de sua herança ancestral, e como seu responsável, permiti que ela satisfizesse os desejos de seu coração.

Ele fez uma pausa antes de continuar, garantindo que a rainha ouviria cada palavra.

— Já passou da hora de Helaena reclamar um dragão, e se não fosse por Ellara, nossa filha agora não teria a grande Dreamfyre. Eu respeitei seu desejo de não colocar um ovo de dragão no berço de cada filhos que tivemos juntos, mas se os deuses desejam que eles se tornem montadores, o destino encontrará um caminho. Aegon reclamou Sunfyre sem que ninguém esperasse, e agora Helaena seguiu os passos do irmão. Com Aemond, não será diferante, nem mesmo com o bebê em seu ventre.

Alicent reprimiu uma risada amarga. Em momentos como aquele, a moça não conseguia entender como um homem de meia idade conseguia ser tão ingênuo.

— Isso não é destino, Viserys. — Ela disse. — Aegon viu um dragão completamente dourado naquela ilha, ele sempre atraiu-se por coisas chamativas. Helaena tem quatro anos, deixaram que ela vagasse por aquela caverna e ela se encantou com uma criatura gigantesca e azulada. Eles são crianças, é óbvio que seriam atraídos por algo que lhes dispertasse curiosidade. Se eles conseguiram formar um laço com essas bestas, foi por misericórdia dos Sete, que não deixaram que nossos filhos fossem esmagados como insetos. Helaena poderia ter sido morta, Viserys! Sua filha, devorada como um cordeiro, com Ellara servindo de sobremesa. Essa negligência poderia ter acabado não apenas com a vida da nossa filha, mas também com a vida da única herdeira do seu irmão. Você não pensou nisso ao deixá-la arriscar-se tanto em favor de um passeio?!

The Bronze PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora