Disclaimer: O pai do ano.
Texto em negrito: Fala em valiriano.
Daemon não era conhecido por sua paciência, mas não costumava pensar em si mesmo como um homem sem princípios. Ele não via problemas em aplicar sua lei, nunca se acovardou diante de uma batalha, e nunca temeu as consequências de tirar uma vida.
Entretanto, o príncipe se perguntou o que aconteceria se a criatura que o encarava com uma lucidez perturbadora não fosse sua filha.
Ele não gostava de crianças. Aquilo não era surpresa para ninguém. Tinha sido o caçula de seus pais, e nunca tivera filhos para criar — até agora. Ele tinha visto Rhaenyra crescer, embora não tivesse ficado perto da sobrinha o tempo todo. Tinha visto o crescimento de Laenor — E lutou ao seu lado nos Degraus não tinha muito tempo, e ainda que a criança de Laena não o interessasse no passado, a moça que ela se tornou era o bastante para atiçar o interesse do príncipe.
Daemon olhou para Ellara. Não havia uma única pessoa naquele continente que pudesse negar a semelhança entre eles, e por mais que ele adorasse negar, o homem lembrava muito bem do momento em que ele a tinha colocado na barriga da vaca de bronze. Aquela criatura irritante, uma pilha de carne e tecido que não parecia ter medo de provocar sua ira, era tão indubitavelmente dele que fazia Daemon se questionar se, caso ele a partisse ao meio, ele seria capaz de reconhecer seu próprio sangue.
Se o mato não se abrisse, e de dentro da floresta, uma serpente alada não viesse até a dupla com suas escamas marrons e ordinárias, Daemon talvez tivesse sanado sua curiosidade.
Ellara virou-se, e como se estivesse muito acostumada a ser emboscada por dragões em uma floresta, ela deixou o príncipe com seus pensamentos obscuros e saiu correndo em direção a sua montaria.
Aquilo fez o pai dela rir.
Quando a menina atirou-se nas patas posteriores do dragão — Que a recebeu com um longo ganhido agudo — E começou a escalar em direção ao dorso na criatura, Daemon percebeu que ela estava tentando fugir.
O homem não precisou fazer muito, pois ao sentir o avanço da menina, o próprio Roubovelha decidiu impedi-la. Com um grunhido mais forte, a imensa criatura se jogou no chão, e rolou para o lado como um gato. Com o solavanco, Ellara escorregou, e seu pequeno corpo caiu. De forma nada graciosa, ela deslizou até o chão, caindo com o traseiro no chão da floresta a poucos metros da cabeça do dragão.
Ela levantou com rapidez, mas Roubovelha a derrubou novamente com uma bufada poderosa, em uma simples forma de comunicar sua vontade:
Fique aí.
Daemon perdeu a compostura.
Ellara detestou sua gargalhada tanto quanto a insolência de Arghus. Ela desejou ter trazido seu arco.
— Se byka ōtor daor kipagon mijegon nykeā zaldrīzes's jāhor. — Disse o príncipe.
Ainda rindo — E até mesmo aplaudindo como se estivesse assistindo a uma peça, o homem se aproximou da menina. O dragão não evitou sua chegada, e apenas fitou o príncipe com curiosidade. Eles tiveram bastante contato nos últimos dias, e ainda que a criatura não tivesse permitido que o homem o tocasse, como o ferimento no braço do príncipe muito bem indicava, Arghus não desgostava da companhia.
Mas ele sentia o desconforto da montadora, então rosnou baixinho em sinal de alerta.
Daemon manteve contato visual com a criatura, mostrando-lhe que não era uma ameaça. Com cautela, o homem pegou a filha pelas axilas e a pôs de pé novamente. Se olhares tivessem a letalidade de uma lâmina, os olhos de Ellara seriam mais afiados do que a Irmã Sombria.

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The Bronze Princess
FanfictionO Príncipe Rebelde lembrava de poucas coisas do dia de seu casamento. Uma delas era de deitar-se com sua Vaca de Bronze uma única vez, por culpa de algumas garrafas de vinho dornês. Nunca quisera voltar lá, não queria encarar de novo aquele rosto es...