Riñnykeā

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Disclaimer: Descrição de parto natural

Texto em negrito: Fala em valiriano



115 DC — King's Landing



Quando o bebê de Alicent nasceu, Ellara decidiu que a maternidade não era para ela. 

A menina tinha insistido em ficar ao lado da rainha enquanto ela dava a luz, mas fora rapidamente levada para fora dos aposentos da tia pelas criadas. O rei não estava presente, mas ela ouviu uma criada mandar avisar-lhe de que seu filho estava nascendo. Ellara ficou no corredor, escondida atrás de um guarda que, apesar de tê-la visto, decidiu não avisar a ninguém sobre sua presença. Ele parecia o Sor Arryk, mas ela sabia que não era ele. Devia ser o gêmeo que ela sabia que existia, mas com quem a pequena lady nunca tinha trocado uma única palavra.

O fluxo de criadas no corredor era intenso. Elas entravam com almofadas e saiam com lencóis sujos, e quando uma delas deixava a porta aberta por mais tempo do que as demais, Ellara tentava espiar para dentro. Em uma dessas ocasiões, ela conseguiu ter um vislumbre da rainha, e desejou jamais ter ficado ali.

Alicent estava suada, ofegante e segurava nas mãos de Talya enquanto fazia força. Seus cabelos estavam soltos, desarrumados e grudavam em sua testa molhada de suor. Ela estava na cama, nem sentada e nem deitada, mas em um ângulo que parecia estar forçando sua enorme barriga para baixo. A camisola branca que ela vestia estava ensopada de sangue, um vermelho vivo que Ellara só via quando levava para Arghus alguma cabra ou porco. Como se a imagem não bastasse, a rainha soltou um grito de arrepiar, contorcendo seu belo rosto em uma expressão da mais pura dor.

Ellara gritou junto.

— Sor Erryk, tire a lady Ellara daqui!

O cavaleiro obedeceu de imediato, mas Ellara nem mesmo chegou a ver quem dera a ordem. Ela apenas se deixou ser levada para longe, com o grito da rainha ainda ecoando em sua mente. Com os olhos fechados na inútil tentativa de apagar o que tinha visto, a menina só conseguiu andar porque o guarda a guiava pelos ombros.

Definitivamente, ela preferia matar um homem do que passar por um parto.

— Minha lady? O que aconteceu?

Ela reconheceu a voz. O tom profundo, reconfortante e quente como uma centena de lareiras. Sem abrir os olhos, a menina estendeu os braços na direção da voz. Imediatamente, ela foi erguida por braços fortes. Uma mão grande e enluvada segurou sua cabeça contra o peito de uma armadura gelada, e ela se deixou chorar.

Quando Sor Erryk respondeu, sua voz era suave.

— Ela acabou vendo a rainha. — Ele disse. — Vossa graça está em trabalho de parto.

Sor Harwin suspirou, desaprovador. Por mais que ele soubesse que a culpa não era do colega, o instinto paterno que o Strong possuía falou mais alto.

— Da próxima vez, não permita que ela fique por perto.

Erryk pensou em dizer que, pela reação da menina, não haveria uma próxima vez. Porém, ele apenas assentiu e deixou a menina sob os cuidados de Harwin. Enquanto assistia o Cargyll retornar a seu posto, Harwin dedicou sua atenção a menina em seus braços por completo.

— Está tudo bem, pequenina. — Ele disse. Calmo, confortando-lhe com alguns carinhos em seus cabelos prateados. — Vamos, se acalme.

A mente de Ellara só conseguia pensar em uma coisa.

The Bronze PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora