Entre a Luta e O Amor

Cap. 1 - Minha história

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Crianças são o fruto da inocência...
Lembro de quando menor olhar pela janela e pensar quantas aventuras eu teria diante desse mundão. Mas minha realidade era totalmente outra...

*** 2007- Cinco anos... ***

- Mãe, posso ir lá fora brincar?- Me aproximo da mesma que assistia algo na televisão que não fiz questão de saber do que se tratava.

- Não. - Seca como sempre, ela me responde.

- Mas... mãe, ta todo mundo la fora... - O volume de minha voz abaixava conforme pronunciava as palavras, mas minha mãe nem sequer fazia questão de olhar em meus olhos.- Tá bom... - Digo por fim vencida após ser ignorada mais uma vez.

- Vai lavar a louça! - A voz dela ecoa em minha mente se repetindo varias vezes me fazendo entrar em um breve transe, me viro para ela ainda atordoada.

- Po-posso lavar mais tarde? Já lavei hoje, só tem dois... - Gaguejo tentando sair da tarefa repentina.

- Agora, Alice! - Finalmente aqueles olhos pousam em mim, parecia que ela não me via... não realmente. Fico por um tempo a encarando tentando detectar quem era aquela pessoa, pois não parecia ser minha mãe. Apenas afirmo com a cabeça e caminho até a cozinha.

Passo pela porta da cozinha e sinto uma presença bem atras de mim, olho por cima do ombro e vejo minha irmã indo em direção aquela que dizia ser minha mãe...
Não preciso sequer me esconder, apenas me viro e observo aquela cena das duas se abraçando, era como se eu não estivesse ali, como se na verdade aquilo fosse a tela de um cinema e eu estaria vendo a cena de um filme, pois logo em seguida meu pai aparece abrindo a porta, ele se joga nelas, isso me faz ouvir belas gargalhadas... Era como se minha presença fosse insignificante.  
Por reflexo meu pai olha para trás no mesmo instante sinto um arrepio subir pela minha espinha, automaticamente meu olhar desce me fazendo dar meia volta e entrar na cozinha novamente.

Começo a lavar a pequena louça que havia naquela pia, ate que ouço uma respiração na porta.

- Alice?!... - Aquela voz masculina toma conta daquele cômodo, meus olhos fecham devagar segurando as lagrimas que se juntavam. - Está bem?

 - Sim. - Minha voz sai mais tremula do que eu esperava, não queria chorar, muito menos na frente dele.

- Está linda com essa roupa... - Engulo o seco após ouvir o elogio.

- Obrigada pelo o elogio, mas eu estou com uma simples roupa... - Eu não havia olhado o próprio ainda, nem queria na real.

- Mesmo assim, você é uma linda menina! Não precisa de boas vestimentas para chamar atenção. - Sinto minha bochecha molhar, sabia que mais uma vez tinha fracassado em conter o choro.

*** 2010 - Oito anos ***

O sinal toca e mais uma vez minhas pernas ficam bambas. Os portões se abrem e então entro em meio da multidão de crianças.

Ao chegar na sala vejo minha carteira vazia, a primeira da fileira do meio, olho para os lados e vejo ninguém.. como sempre. Aproveito aquele momento para tirar um cochilo como de costume, confesso que não é muito tempo que fico sozinha para conseguir fazer isso, pois logo os alunos começam a aparecer, mas pra quem não dorme direito em casa e só precisa de alguns minutos para abastecer as energias esse tempo era o suficiente.