- Vamos! Quero mais dez!
Arthur estava fazendo todos pagarem flexão, já se foram quinze...
Marcos está ao meu lado, não falei com ele, ainda nem mostrei o que aconteceu com minhas mãos e confesso que nem sei se quero mostrar...- Você está bem, Pequena? - Ele sussurra só para que eu escute.
- Estou. - Falo sem olhar em seus olhos, volto com meu olhar para baixo e vejo as bandagens que coloquei de qualquer jeito só para tampar as feridas.
Continuo fazendo as flexões, minha mente estava vazia, era como se as coisas que aconteciam ao meu redor não fossem tão importantes como o exercício que eu fazia com mais facilidade do que imaginava.
- Tudo bem... De pé! - Arthur comanda fazendo todos se levantarem ao mesmo tempo, já eu... Fico agachada recuperando o ar que havia sumido de meus pulmões. - Ok, vamos para o ringue! Se aprontem... Rápido!
Sua palma alta e tensa ecoa pela a academia fazendo com que todos fossem até suas respectivas bolsas e começassam a se ajeitar para o treino. Não faço diferente, me levanto e vou até minha bolsa, assim que me aproximo agacho ficando de costas para toda a sala.
Mexia na mochila como se tudo aquilo atrás de mim fosse nada, eu não tava bem... Isso talvez estivesse bem nítido...
Só sei que depois de um tempo enquanto eu pegava meu celular e mexia com toda a atenção que vocês possam imaginar, sinto uma mão gelada encostando em meu ombro nu.- Alice... - Era Marcos.
- Hm!? - Resmungo um pouco surpresa com o quão perto ele estava.
- Tá tudo bem mesmo? - Ele olha para uma mecha de cabelo solta que insistia em ficar na minha bochecha e passa o dedo deslizando para trás da minha orelha fazendo com que eu sentisse meu estômago gelar.
- Sim, estou bem! Já disse... - Volto a olhar o celular
Consigo sentir seu olhar mudar para minhas mãos.
- Parece que alguém ainda precisa de ajuda com isso... - Marcos puxa meu celular o colocando para dentro da bolsa novamente e pega em minhas mãos enquanto se senta no chão.
- Não! Tá...tá tudo bem! - Tento afastá-las dele, mas falho miseravelmente.
- Para de ser chata e deixa eu te ajudar! - Ele as segura com mais força, como se não quisesse que eu escapasse.
- Eu não preciso de ajuda, Marcos! - Tento puxá-las novamente, mas ele as pressiona enquanto me encara como se não estivesse entendendo o porquê daquilo tudo.
- Sabe que não me importo de te ajudar, já te falei isso outra vez... - Marcos com mais rapidez do que eu esperava, começa a desenrolar uma das bandagens.
O desespero começou a bater, por que? Eu não sei, só não queria mostrar a ele que havia me machucado na dia anterior. Não que adiantasse muito ficar puxando minha mão ou tentando segurar a dele, Marcos é com certeza bem mais forte que eu... Conforme ele se aproximava ainda mais de meu punho, a vontade de sair dali ficava maior.
Era como se ele soubesse que tinha algo de errado, não que não desse para perceber até porquê nunca tive esse tipo de reação quando ele vinha me ajudar.... Assim que chega em meu punho, ele para o que estava fazendo e fica encarando minha mão.Estava feio, havia rasgos na direção de cada dedo, sangue seco, o local magoado com a coloração um pouco roxa fazia o visual ficar um pouco pior...
"Ele não vai falar nada?!..."
- ... Eu disse que não precisava de ajuda... - Uso seu choque ao meu favor e finalmente tiro minha mão de perto dele. Pego a bandagem de seu colo e começo a enrolar no meu pulso novamente.
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Entre a Luta e O Amor
RomanceAlice é uma menina boa. Teve todos os motivos mais perversos para não ser, mas ainda sim escolheu ser uma boa garota. Crescida envolta de traumas e perdas, ainda jovem se reergueu, adotando amigos como família e o boxe como estilo de vida. Ela só nã...