Entre a Luta e O Amor

Cap. 13 - Olhar

                                                                                                                                                                                                  ⚠️
Quinta-Feira, 13:48 da tarde.            

Carro desligado, silêncio absoluto, é isso que eu ouço enquanto espero dar a hora para entrar na academia.
Estou sentada no lado do motorista com uma de minhas pernas dobrada em cima do banco encostando no volante, cabeça jogada para trás enquanto permaneço com olhos fechados... Eu tive aquele pesadelo de novo, não vejo a hora disso tudo acabar.

Por que ainda vejo eles? Eu já sou grande, não tenho mais vinculo com nada relacionado a eles, moro em outro lugar, porque ainda insistem em aparecer para mim?...
Não tenho respostas, mas um dia vou acabar com isso e finalmente vou viver em paz!

Abro os olhos pegando meu celular, já era duas horas, pego minha mochila e saio do carro, coloco os fone nos ouvidos e entro na academia em silêncio, passo pela porta e vejo todos indo para seus devidos lugares então vou para o meu. Abaixo colocando a mochila entre meus pés e fico mexendo no celular até que a aula comece.

...

Alguns minutos se passaram e vejo Arthur chamar todos para o meio, me aproximo e assim que fico perto o suficiente coloco as mãos para trás, confesso não estar escutando nada por estar com fone, mas não os tiro justamente por estar me acalmando. Fico de cabeça baixa mexendo os pés até que sinto alguém do meu lado cutucar meu ombro, olho para cima e vejo Arthur fazer um gesto para tirar os fones, respiro fundo e os tiro, saio de costas indo até minha mochila e guardo eles no bolso da frente, antes de voltar a roda sinto alguém se aproximar, era Marcos!

Estava ofegante, imagino que veio correndo pois está atrasado.

- Oi! - Ele diz sorridente. 

Apenas balanço a cabeça e saio voltando para a roda, sinceramente, hoje quero o minimo de contato possível com as pessoas.
Escuto Arthur falando que hoje vamos fazer uma espécie de treinamento com as barras, vamos primeiro fazer quantas conseguimos, depois vamos ficar pendurados enquanto o parceiro dá socos na barriga, pelo o que eu entendi isso ajuda a não só mostrar o quanto resistimos, mas também ajuda a treinar isso, imagino que os novatos não devem ter tanta resistência assim como eu não tenho.

Todos se afastam e começam a se "equipar", pego as bandagens e devagar coloco elas, confesso que demorei mais do que deveria, mas pelo menos desta vez não precisei de ajuda! 
Pego as luvas e coloco fechando com ajuda da minha boca, sei que estou sendo observada e por quem, porém descido não olhar.

- Eu vou primeiro! - Marcos passa do meu lado indo animado para a barra. 

Me aproximo e vejo o mesmo começar, ele faz umas cinco seguidas e fica pendurado, ele me olha e entrelaça os pés.

- Não fica pensativa, só vai e não liga pra força! - Não o olho e só faço o que pediu.

Começo a dar golpes no abdômen dele, o sinto contrair cada vez mais até que ouço o garoto começar a resmungar.

- Tá bom, já deu! - Ele reclama, não sei o que aconteceu pois eu o escutei, mas parece que meu corpo não. - Alice! - Continuo dando socos até que ele desce da barra assim me fazendo parar. - Ei! 

Marcos chama a minha atenção fazendo finalmente o eu olhar, estava ofegante com a mão na barriga, parecia assustado. Ele me olha e facilmente eu conseguia ver um ponto de interrogação estampado no seu rosto.

- Desculpa. - É a única coisa que sai da minha boca.

Passo por ele tirando as luvas e subo na barra, faço quantas consigo e fico pendurada, olho para Marcos que já está preparado e assim que afirmo com a cabeça o mesmo começa a dar golpes na minha barriga, que sinceramente, eu não estava sentindo nada.