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Vozes distantes – como da última vez – como se ela as ouvisse através de um túnel.

— Eu não posso suportar isso. É demais. É... — a voz profunda e acalorada foi desaparecendo.

— Eu sei, meu garoto — disse uma voz dolorosamente familiar, — eu sei.

— Talvez precisemos ficar de olho na garota — uma voz diferente e mais nítida falou agora. — Monitorar seus movimentos nos corredores claramente não é suficiente se ela for atacada em suas aulas.

— E com que precisão eu interviria, Phineas, mesmo se soubesse quando fazê-lo?

A curiosidade de Hermione tentou reanimá-la ainda mais, tirá-la da escuridão que já a envolvia mais uma vez.

— Você não iria intervir — disse a outra voz rapidamente. Hermione tentou – e falhou – localizá-lo. — É imperativo que você mantenha a cabeça fria, Severus, agora mais do que nunca.

Já fazia muito tempo que ela não tomava Sono Sem Sonhos. A resistência que ela construiu contra isso durante o verão estava desaparecendo, mas Hermione sentiu-se desaparecendo junto com ela, sucumbindo, apesar de um barulho alto e repentino. E outro.

— Você vai acordar a menina — desta vez falou uma voz de mulher, — se continuar jogando coisas, meu jovem. Acalme-se.

Você ficaria calma em tal situação, Dilys? — rosnou a voz profunda. — Você seria capaz de ficar parada enquanto... enquanto... — a voz foi interrompida, sufocada por uma forte inspiração. Hermione sentiu a dor que ouviu naquela voz ecoando em seu peito enquanto ela voltava a dormir. A voz era quase inaudível agora, e Hermione não conseguia mais se esforçar para ouvi-la. Ela estava à beira do sono, e era apenas um sussurro que sua mente não conseguia entender: — É como se ela estivesse de novo...

Hermione acordou horas depois. Abrindo os olhos, ela viu as longas sombras no escritório do diretor e o sol nascente através de uma das janelas. Ela tudo doía – por dentro e por fora – mas sentou-se com determinação e olhou em volta. Snape apareceu, agachado diante dela.

— Como você se sente, Srta. Granger? — ele perguntou.

Hermione o ignorou e tentou se levantar do sofá, uma centena de pensamentos se aglomerando em sua mente – Neville estava bem? Como a AD estava reagindo ao que aconteceu? Que horas eram, afinal? – Snape colocou a mão no ombro dela e Hermione olhou para ele quando ele gentilmente a empurrou para se sentar.

— Deixe-me ir — ela rosnou, afastando a mão dele. Ela ficou de pé, instável, e desta vez Snape levantou-se ao lado dela. — Eu tenho que - eu tenho que... — ela cambaleou onde estava, e Hermione teve que fechar os olhos por um momento para se equilibrar. A dor surda se transformou em uma inflamação estrondosa que destruiu seus nervos.

— Você não pode sair nesse estado, Granger — a voz profunda disse ao lado dela.

Ele não tentou empurrá-la de volta para o sofá, mas quando Hermione abriu os olhos mais uma vez, ele levantou as mãos desajeitadamente, como se estivesse se preparando para segurá-la caso ela desmaiasse. Ela olhou para ele, tentando ignorar a dor.

— Eu não tenho escolha. Eu tenho que... — ela parou e pressionou a palma da mão na testa, tentando conter a dor de cabeça latejante. — Eu tenho que ver...

— Por favor, sente-se — disse ele. — Permita-me pelo menos avaliar seu status antes de você ir.

A voz dele continha um tom de súplica que ela nunca tinha ouvido antes – chamou sua atenção, e Hermione examinou Snape cuidadosamente. Ele parecia tão cansado quanto ela, e ela viu que, apesar de sua aparente compostura, a raiva e alguma outra coisa ferviam sob a superfície plana de seus olhos negros. Como quando ele me pegou no Ministério. Ela afundou de volta no sofá.

The Prisoner and the Occlumens | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora