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Neville confirmou tudo naquele domingo, depois de receber alta da Ala Hospitalar. Embora Madame Pomfrey tivesse feito seu excelente trabalho de sempre, ele ainda mancava um pouco e seus olhos pareciam injetados e assombrados.

— Por que? — Hermione perguntou a ele o mais gentilmente que pôde. Eles estavam sozinhos na sede da DA, na Sala Precisa, após a última reunião. Neville ajudou-a a guardar as almofadas e as cadeiras. — Por que causar tanto rebuliço por algo que – tecnicamente – não machucou ninguém?

— Eu só... — ele suspirou, parecendo ainda mais cansado enquanto agitava sua varinha na última das cadeiras para que elas se empilhassem – um pouco ao acaso – contra a parede. — Eu simplesmente não conseguia deixar isso passar. Os primeiranistas sempre parecem com tanto medo agora, e eles deveriam estar com medo, você sabe. E eu não poderia simplesmente ficar ali parado e deixar Carrow fazer algo assim com eles.

— Mas você percebe que suas ações fizeram com que ainda mais alunos do primeiro ano, sem falar em você, se machucassem?

Neville olhou para ela, e Hermione de repente o viu com mais clareza do que talvez já tivesse visto: ele não era mais um garotinho preocupado e de rosto redondo. Um homem com ombros largos, costas retas e olhar direto estava diante dela.

— E você gostaria que eu deixasse algo assim acontecer, Hermione? Quando tantos membros da AD estavam assistindo?

— Não — disse ela, — não, eu nunca iria querer deixar algo assim passar. Mas temos que escolher nossas batalhas - e especialmente nossos campos de batalha - com cuidado. Lutar com os Carrows em um corredor cheio de reféns em potencial que podem realmente não se defenderem é uma escolha impossível.

— Então, o quê, eu deveria apenas sentar e deixar isso acontecer sem qualquer tipo de consequência para Carrow?

Hermione teve que reavaliá-lo novamente. Em vez da raiva que ela mesma demonstrou durante a mesma conversa com Snape, Neville parecia genuinamente fazer perguntas e pedir instruções. Ele é muito mais corajoso do que eu jamais poderia ser.

— Sim — Hermione disse, odiando-se ao dizer isso. — Isso é exatamente o que você fará na próxima vez que ninguém for gravemente ferido pelos Carrows. Sempre podemos interrogar os membros da AD após incidentes como esse - mas não podemos continuar lutando em séria desvantagem o tempo todo.

— E se eu estiver sozinho com os Carrows e eles me atacarem?

Hermione sentiu-se sorrir e sentiu uma afeição calorosa surgir dentro dela.

— Então você dá a eles tudo o que você tem.

Neville sorriu de volta para ela, e um pouco da nova e assustadora escuridão deixou seus olhos. Eles se reuniram para discutir planos para a AD: mais lições e técnicas de defesa, prática de duelo, abordagens práticas para difundir situações potencialmente violentas, e assim por diante. Ao final do tête-a-tête, Hermione sentiu, finalmente, que eles poderiam estar ganhando algum terreno nesta grande luta.

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Quanto mais ela tentava parar de pensar nisso, mais isso a dominava. Durante as aulas, quando ela patrulhava, durante as reuniões da AD, durante as discussões informais com Ginny, Luna e Neville e, principalmente, à noite, quando ela deveria estar dormindo.

Não tinha sido uma invasão – essa era a questão. Depois que ele viu aquela lembrança daquela noite - Hermione estremeceu só de pensar nisso, tentando não apertar mais as vestes sobre o peito - Snape segurou seu pulso e entrou na memória monótona que ela havia escolhido, e ele deslizou para o lugar como se ele pertencia àquele lugar, como se estivesse lá o tempo todo. Seu poder subiu por seu braço, seguindo os caminhos chakrais, fazendo-a estremecer. Assim conectado, ele observou toda a memória dela, dentro dela, flutuando tão profundamente dentro de seu Olho da Mente que ela sentiu sua magia e sua pessoa ultrapassando... tudo.

The Prisoner and the Occlumens | SevmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora