O Erro Que Você Não Consegue Viver Sem

Cap 17 - Aurora

Eu não poderia estar mais confusa. Não sei mais se dá pra confiar no que eu sinto, ou no Trevor. Quando ele me beijou eu tive certeza de uma coisa: ainda sou completamente apaixonada por ele. E agora estava tudo embaralhado na minha cabeça, ele disse aquelas coisas todas pra mim e me beijou, mas ao mesmo tempo, fez praticamente uma declaração de amor pra esposa-amante-puta dele. Me sinto burra.

Quando o Trevor era casado comigo ele era um típico bom moço. Era romântico, amigo, se orgulhava se ter uma mulher só e dizer pra todos que era feliz no casamento; toda mulher quer casar com um homem assim e eu me sentia sortuda e por isso também que eu fazia questão de ser "a mulher ideal", exatamente como os ensinamentos da minha avó, porque eu achava que o Trevor merecia aquilo. Mas ele era diferente agora, era o pior tipo: um galinha. Eu nunca imaginei que o Trevor podia ser esse tipo de homem macho alfa. Um macho alfa é sexy, eu admito. Esse ar que ele exala agora dá muito mais tesão, mas no fim, tudo o que a gente quer no fim do dia é um bom moço, romântico e prestativo, um cara que a gente tem certeza que não vai encontrar ele na sua cama com outra.

Corri em direção ao meu carro e me tranquei lá dentro em lágrimas. Trevor veio atrás de mim e começou a bater no vidro da janela desesperadamente.

— Aurora! Por favor!

— Me deixa em paz, Trevor! — gritei me encolhendo no banco ainda com o vidro fechado.

— Vamos conversar...

— Já conversamos o suficiente. Por que você não me deixa em paz?

— Porque por mais que eu tente você não sai da minha cabeça, inferno! — esbravejou e aquilo me pegou de surpresa. Abri o vidro da janela enquanto o encarava. — E eu sei que você também gosta de mim, Aurora, então porque nós só não aproveitamos essa noite? — disse quase num sussurro.

— Trevor, você tá com ela agora... — eu disse cabisbaixa.

— Mas eu quero você.

Aquelas palavras me deixaram muito abalada, esperançosa e ao mesmo tempo, triste e talvez com raiva. Embora eu ainda amasse o Trevor, não sei se voltaria pra ele depois do que ele fez. E pensar em como uma traição soa como nada pra ele me faz lembrar de como me senti quando o vi com ela e de como pode ter sido tão fácil assim pra ele quando foi a vez de me trair com ela.

— Mas você me magoou. E muito. E não foi só a traição, foi tudo o que você fez depois disso também, não é tão simples. Além disso, você é um homem diferente agora e se eu ainda gosto de você é porque ainda sinto falta do Trevor que eu conheci e não esse que você se tornou.

— Mas você também mudou, e eu estou realmente ansioso pra conhecer a nova Aurora.

— Mas Trevor, você não entende, você forçou essa mudança em mim, enquanto você simplesmente quis isso. E esqueceu que essa decisão não afetava só a sua vida, mas a minha e a do Luke também. Tudo o que você vai ter de mim daqui pra frente é a minha amizade e só por causa do Luke, porque sempre que olho pra você, tenho vontade de te jogar de um precipício.

Ele baixou a cabeça desistindo.

— Me deixa ao menos te levar pra casa, em nome da nossa amizade. — disse a última palavra com um pequeno traço de desdém.

Em silêncio, abri a porta e me afastei pro banco do passageiro pra que ele pudesse entrar. Ele deu partida com destino à minha casa deixando o seu próprio carro pra trás, Deus sabe como ele vai fazer pra vir buscar. No caminho, fomos em silêncio e ao chegar na minha casa, Trevor reparou:

— Conseguiu uma porta...

— É eu não ia ficar com minha casa escancarada. — disse caminhando até ela e tocando a campainha.

— Por que está tocando sua própria campainha? — ele perguntou e logo o Dimitri apareceu atendendo a porta.

— Ah, esse é o Dimitri. — disse. — Dimitri, esse é o Trevor. — ambos deram um leve aceno de cabeça como cumprimento. Então Dimitri me puxou pra dentro fechando a porta e Trevor foi embora.

Dimitri havia chegado era umas duas horas da tarde. Eu havia acabado de chamar alguém pra consertar a porta e estava de pé na frente da minha casa enquanto um homem consertava a minha porta. Fiquei feliz e surpresa de vê-lo.

— Dimitri! — pulei em cima dele abraçando-o. — O que tá fazendo aqui?

— Vim te ver, ué.

— Saindo de seu próprio país?

— Aurora, — disse se desvencilhando e me olhando nos olhos. — eu vim com um objetivo claro e eu não quero perder tempo, se você disser não então eu volto pra Portugal e fim de papo, mas se disser o contrário, eu desfaço toda minha vida lá e venho pra cá, construir uma vida com você.

— Do que você tá falando? — Eu disse um pouco receosa. Dimitri sempre foi direto, mas depois da viagem longa que ele teve, eu esperaria que antes de qualquer coisa ele ao menos descansasse um pouco da viagem.

— Aurora, eu já era apaixonado por você, e depois da noite que tivemos, você não saiu da minha cabeça nem por um segundo. Estou louco. Quer namorar comigo? — disse esperançoso.

— Ufa! — suspirei aliviada e ele fez uma expressão confusa. — Achei que me pediria em casamento, aí eu seria obrigada te mandar de volta pra Portugal. — disse em tom cômico. — Está bem então, podemos fazer isso. — ele me abraçou e me lançou vários selinhos carinhosos em meu pescoço e cabelo. — tá bom, tá bom, já chega de carinho. — disse em brincadeira e ele me soltou.

— Você é incrível, Aurora. Agora me responde uma coisa, o que aconteceu com sua porta?

— Então... — como eu diria pra ele que na noite anterior eu estava com outro homem? Ele provavelmente ficaria muito magoado, então preferi omitir. — nada demais.

Eu gosto do Dimitri e acho que poderíamos dar certo, então não vejo problema em tentar fazer evoluir o sentimento que tenho por ele pra algo mais sério. Quem sabe assim o Trevor pare de mexer com a minha cabeça de vez.

Antes de ir encontrar o Trevor, falei pro Dimitri que eu encontraria o Trevor e que ele me esperasse em casa, e ele fez. E agora estava com uma expressão de dúvida me encarando.

— Estava chorando? — perguntou preocupado. — Ele te fez alguma coisa? — suspirei.

— Se vamos mesmo começar um relacionamento, preciso ser franca com você. — comecei. — Eu ainda gosto do Trevor. — seus olhos perderam um pouco do brilho. — eu não queria gostar dele, mas não decido isso. Hoje ele me beijou e me disse algumas coisas também. E eu só estou confusa. Mas eu não quero nada com o Trevor, eu gosto de você e, de verdade, quero muito que a gente dê certo.

— Você quer ficar comigo pra esquecer ele? — disse triste.

— É. — eu disse quase num sussurro com os olhos marejados.

Ele baixou a cabeça decepcionado e suspirou.

— Eu preciso pensar. — e saiu pela porta da frente, sem dizer mais nada.