O Erro Que Você Não Consegue Viver Sem

Cap 15 - Aurora

Trevor foi embora assim que Sara chegou e levou o Luke pra passar um tempo na casa dela. Do jeito que eu e Trevor estávamos só conseguíamos piorar as coisas pro Luke.

Eu realmente não consigo entender qual o problema do Trevor! O que passou na cabeça dele quando ele achou que seria uma boa ideia arrombar minha porta? E que história era aquela de que eu era mulher dele? Por acaso ele bateu a cabeça? Ele não tinha o direito e agora 5 anos de muito trabalho duro pra esquecê-lo foram jogados no lixo. Eu não queria admitir, mas aquilo acendeu uma faísca de esperança de que talvez ele ainda gostasse de mim, mas também podia ser só ele querendo ser o macho alfa. E foda-se também se ele gostasse de mim, não adiantaria de nada porque eu não voltaria pra aquele idiota traidor, sem contar que ele é casado agora, aquele filho de um puta! E ainda veio me perguntar se eu estava bêbada! Com o tanto de loucuras que ele fez, ele é quem devia estar bêbado.

Eu vesti meu vestido preto novamente e Jonathan e eu chamamos um uber pra buscarmos nossos carros no estacionamento do bar que esquecemos de buscar. De lá, dirigimos até o apartamento dele, que ao entrar notei o quanto era luxuoso.

— Obrigada por me deixar passar a noite aqui. — digo.

— Não precisa agradecer, eu dormi na sua casa ontem também, nada mais justo. — disse em tom descontraído.

— Me desculpe pelo Trevor, eu não sei o que deu nele.

— Não se preocupe com isso. — ele diz se aproximando de mim e tocando meu queixo com uma das mãos. — Eu também ficaria com ciúmes se tivesse uma ex tão gostosa como você.

Sorri com sua resposta e sentamos no sofá.

— Acho que perdi o clima. — disse.

— É compreensível. — disse. — Droga, Trevor, você não me deixa comer sua esposa nem depois de solteira? — diz num tom de brincadeira e eu rio.

— Ex — digo.

— Ex. — ele repete. — significa que vou ter outra chance? Dei tão duro pra conquistar você.

— Ah, não exagera, eu voltei faz só uma semana, tô até me achando fácil. —brinquei.

— Se fosse tão fácil não estaríamos conversando agora. — disse ficando um pouco sério.

— Jonathan, — comecei séria. — não sei se consigo. Tudo o que vem na minha cabeça agora é que Luke viu aquilo, não sei como deve estar a cabeça dele agora, o que vou dizer pra ele?

— Eu não tenho filhos, mas acho que você devia falar com ele. Explicar toda a situação que existe entre você e o Trevor. Ele ao menos sabe porquê os pais dele não estão mais juntos?

— Ele só tem 8 anos. Como entenderia alguma coisa?

— Não precisa dizer pra ele que o Trevor te traiu, só que vocês não se amam mais e agora é difícil dividirem o mesmo espaço. Diz que você está magoada e não gosta de ver ele. Seu filho vai entender você. Mas essa situação entre você e Trevor tem que ser resolvida, vocês só estão machucando o filho de vocês.

Embora Jonathan tenha razão, não conseguiria dizer pro Luke que não amo mais o pai dele, porque não é verdade. Quando estava fora do país, consegui fingir que Trevor não existia e era até que fácil já que eu não tinha que olhar pra cara dele. Agora era diferente. Ver ele casado e aparentemente feliz e apaixonado por aquela prostituta me deixa triste e com raiva. Raiva dele e raiva de mim por ainda me afetar com isso. Só queria que ele sofresse um pouquinho do que sofri. Eu sei que é um pensamento egoísta e imaturo, mas não vou fingir que queria que ele fosse feliz, não, eu queria que ele fosse pro inferno e fosse torturado pelo próprio demônio! Eu realmente não sei qual o sentimento que predomina em mim em relação ao Trevor, se é amor ou ódio. Só sei que odeio, odeio, odeio amar aquele filho da puta.

Mas também não é pra menos, eu realmente não entendo como ele me superou tão rápido, como foi tudo tão fácil pra ele, como se não tivéssemos  nenhuma história.

Trevor e eu nos conhecemos desde a infância, começamos a namorar na adolescência e ele foi meu primeiro (e único até o momento) amor. E até nossa separação ele tinha sido o único homem que eu havia beijado, o único com quem eu havia transado em toda minha vida, e até onde eu sabia, ele também.

Eu tive medo disso, eu sabia que podia acontecer um dia. Que ele sentiria falta de não ter tido a chance de viver a vida, mas ele sempre me fez sentir tão segura e até onde eu conhecia ele, ele não me trairia. Se chegasse a isso, ele ao menos conversaria comigo, mas pelo jeito eu não conhecia ele como eu achava que conhecia. Ainda sim, gostaria de saber o que aconteceu pra ele me tratar com tanta frieza desde o momento que eu flagrei ele. Sempre achei que se um dia viéssemos a nos separar seríamos amigos, como éramos antes de começarmos a namorar. Mas eu estava redondamente iludida.

— Acho que você tem razão. — deitei em seu ombro. — Vou fazer o que disse. Será que posso dormir no seu sofá?

— Não sei se tenho autocontrole de te ver dormindo no meu sofá, sabendo que você tá com uma lingerie, que você colocou só pra mim e não fazer nada. — disse brincalhão. — Por que não dorme comigo na minha cama?

— Se você não tem autocontrole no sofá, por que teria na cama que é ainda pior? — devolvo.

— Sem segundas intenções, eu juro. Minha cama é grande e muito mais confortável que esse sofá.

— Está bem. — concordo. — será que eu posso tomar um banho?

— Claro!

Subimos até seu quarto. Uma suíte grande e luxuosa. Tirei as roupas na frente dele mesmo, que não parava de me admirar e caminhei até o box onde tomei meu banho. Ao sair, ele estava deitado em sua cama e apenas os botões de sua camisa estavam desabotoados. Ele abriu os braços pra me receber e eu gostei de me aconchegar nos seus braços. A última vez que dormi nos braços de um homem foi com Dimitri depois da noite que tivemos, e antes disso só com o Trevor.

Antes de adormecer fiquei pensando no Luke, no que vou dizer pra ele. No meio de tanto ódio mútuo entre mim e o Trevor, acho que algo que concordamos é que estamos acabando com a cabeça do nosso filho e precisamos dar um jeito nisso. Engulo todo o meu ódio e meu orgulho e abro meu celular na conversa com o Trevor:

— Amanhã, 21h, você sabe onde seu imbecil. — enviei.