Capítulo 18 🦋

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Quinto de luto no morro, o dia amanheceu chovendo pra caralho hoje pela manhã que os tiros parou e o bope foi embora pelo menos é o que dizem nunca se sabe, toda vez que entro no tt tem alguma informação sobre os enterro do pessoal que morreu, foram mais de vinte meninos do tráfico e cinco moradores, dois eram da mesma família.

Fiquei muita sentida pela família do pessoal, chorei e tudo quando vi um vídeo de despedida que uma das filhas do senhor que tava dormindo quando foi baleado fez, muito triste, tinha várias fotos e vídeos dele com os filhos e os netos brincando, ensinando dever e várias outras coisas de parti o coração.

Fui logo ver como a minha vó tava e matar a saudades, trouxe uma mochila de roupa por que se acontecer alguma coisa tenho roupas pra ficar aqui. A veia falando que vou mata ela do coração por que não respondi a mensagem, nem tinha como já que tinha colocado o celular na bolsa pra subir, e ela nem quis saber da satisfação que eu tava dando essa mulher é demais.

Passei o dia todo conversando com minha vó, sem querer saber de nada que tava acontecendo, colo de vó é muito bom, você conversa, desabafa, sorrir, nunca acaba a conversa é um assunto atrás do outro e a conversa não acaba nunca. Até do outro a gente falou, e na mente veio o que ele falou pro Pablo na hora não liguei só que conheço aquela peça ele não me ligou nem mandou mensagens depois daquilo então algo pior ele deve tá aprontando.

O Gringo me mandou uma mensagem perguntando como eu tava e se precisava de alguma coisa, eu iria mandar já que minha vó mandou eu enfiar o orgulho no meu cu e falar só que ele mandou primeiro, pelo que ele falou o mesmo tinha saído do morro antes de tudo começar e eu dei graças a Deus por isso. Mesmo não tendo nada sério com ele me preocupei por que achei que ele ia ta no meio da troca de tiro junto com o resto do povo, não sei o que ele foi fazer fora mas tem que agradecer bastante a Deus por que querendo ou não foi um livramento ele não está aqui por que de tivesse ia tá lá com certeza e nem gosto de imaginar o que poderia ter acontecido.

Pensando e falando com ele foi que percebir que nos dois não conversamos muito, na verdade não conversamos quase nada, as vezes perguntamos como foi o dia e marcamos pra se ver, respondemos o status um do outro. Mas nunca paramos pra falar sobre a vida da gente, o nome do bofe mesmo só sei por causa da minha vó e da mãe dele se não fosse por elas não ia saber, fica muito repetitivo ficar chamando ele pelo vulgo até conversando com minhas amigas mesmo tenho que me referir a ele com outros adjetivos pra não falar gringo toda hora.

Aproveitei o momento pra chamar ele para poder sair, e como me conheço bem enviei a mensagem logo se passa-se mais alguns minutos não iria mandar mensagem nenhuma.

Sou muito orgulhasa e tudo comigo e na base da reciprocidade, se falou comigo eu vou lá e respondo, mandou mensagem envio outra, só que pra eu tomar a iniciativa de falar ou mandar mensagem é raro.

Gringo:

– Oi, boa noite,
– Tá ocupado? Podemos nos ver preciso conversar contigo.

Não demorou nada e recebi a resposta.

– É alguma parada séria?
– Ocupado tô não, mais não tô no morro ainda.
– Devo tá por aí já pela madrugada, quiser esperar eu apareço na sua casa.

– Não tô em casa, pode ser amanhã então.
– Não é nada sério, só uma conversa mesmo.

– E tá por onde tu? Não vai pra casa hoje ainda?
– Se não é nada demais fala o que é por aqui mermo, e pessoalmente nos desenrolar.

Thalia 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora