Narração Valquíria.
Os ruídos no meio da noite me fizeram acordar, porém levei alguns segundos para me dar conta de que era Clarice que em meio ao sono repetia em lágrimas a palavrão "não". Ela estava tendo um pesadelo e isso era óbvio.
- Clarice! Clarice, acorda! Clara?
No momento em que toquei em Clara para tentar a despertar sua reação de defesa foi instantânea. Ela logo despertou levantando o tronco e se debatendo tentando evitar uma possível agressão enquanto repetia desesperadamente "não". Precisei segurar seus punhos para que finalmente olhasse para mim e se desse conta de que estava acordada e tudo não passou de um pesadelo.
- Calma, calma, calma! - Levei as mãos até o seu rosto e segurei firme. - Sou eu. Sou eu a sua maman aqui. Você está segura - a puxei para perto contra o meu peito e a abracei forte, - você está segura.
Clara me abraçou forte agarrando minha camisola como se quisesse fundir nossos corpos em um só.
- Num deixa, maman! Num deixa - ela suplicou contra o meu peito me deixando arrasada por a ver assim. - O papai... ele... ele vai fazê... fazê dodói no nenê!
- Ele não vai fazer dodói no meu nenê. A maman jamais vai deixar acontecer.
- Pometi! Pometi que num vai deixá eu! Eu num quero volta lá.
- Meu amor, o seu lugar é aqui comigo. Essa é a sua casa. Você não vai a lugar algum que a sua maman não esteja, d'accord? Você é minha! Minha bebê e minha namorada. Seu lugar é comigo, ao meu lado. Você não vai a lugar algum, eu prometo.
Tentar acalmar a bebê com palavras não surtiu tanto efeito me forçando apelar para o peito. Tirei o seio para fora e levei até a boca da Clara. Ela demorou um pouco para pegar o peito por ainda estar um pouco agitada, mas assim que pegou eu vi estrelas. Minha pequena estava brigando com o tetê e acabou mordendo o bico do meu seio, por deus... que dentinho mais afiado.
Minha sorte é que logo depois de morder sem querer, Clara finalmente fez as pazes com o tetê embora ainda sugasse com força me causando um leve desconforto. No momento em que o leite desceu, a bebê suspirou e aos poucos suas sugadas foram ficando mais espaçadas e menos doloridas.
Eu ainda não tinha muito leite e não demorou muito para Clara precisar mudar de lado. O leite venceu a pequena que não foi capaz de terminar até a última gota, o sono a levou para longe e voltou a dormir pacificamente.
Por fim quem acabou dormindo foi eu do mesmo jeito que estávamos e na manhã seguinte acordei toda babada pela neném que apagou de boca aberta no meu seio... ao menos ela parecia estar em um sono tranquilo.
Fechei os olhos respirando fundo enquanto abraçava minha namorada deitada em cima de mim e a imagem que me veio a memória me fez a apertar um pouco mais contra o meu peito. Eu tento me livrar dessa lembrança e focar no momento de agora, no entanto eu não consigo esquecer, muito menos perdoar, o que aquele desgraçado fez com a mulher que eu amo. Como ele teve coragem de espancar a própria filha?
A minha bebê é muito forte para ter aguentado os abusos e ainda continuar sorrindo e sendo a coisinha mais fofa desse mundo.
- Eu vou fazer de você a bebê mais amada desse mundo. Eu prometo que não vai te faltar amor! Eu vou te amar todos os dias, - sussurrei contra seus cabelos dourados e lhe dei um beijo demorado na cabeça.
Clara só acordou bem depois quando sua fralda começou a lhe incomodar. Minha nenê gosta de estar sempre limpinha e normalmente troco sua fralda durante a noite para evitar certo alguém rabugenta pela manhã, mas com tudo que aconteceu acabei não trocando.