Capítulo Treze

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ATUALMENTE

- Bom dia! - Falo animada assim que entro na cozinha.

Tia Vivian está preparando algo com tio Victor no fogão, o que parece muito fofo. Este casal é um dos meus favoritos dentro desta casa. Eles se conheceram por acaso em um parque.

Tia Vivian sempre gostou de cozinhar, então ela fazia isso por diversão. Um dia, ela teve uma ideia e decidiu fazer muitos cupcakes decorados para o dia dos namorados, mesmo que ela não tivesse um.

A intenção não era ela fazer e entregar para alguém conhecido ou para casais apaixonados, na verdade, a ideia era bem melhor - em um pequeno gesto simples, porém modesto, ela passou a noite inteira decorando cupcakes com frases para deixar as pessoas que estivessem sozinhas naquele dia mais felizes. Assim, ela saiu pela cidade distribuindo aqueles bolinhos para pessoas que estavam sós e tristes, justamente por estarem cercados de um romance até então inexistente para elas.

Foi quando ela se aproximou de um rapaz quieto em um banco de uma praça e ofereceu um cupcake. Ele tinha flores em suas mãos, mas tristeza nos olhos. Quando eles se conectaram com os de Vivian, BOOM! Uma explosão de faísca começou e, mais tarde, uma paixão também. Talvez não exista mesmo amor a primeira vista, mas uma conexão verdadeira? Oh, sim, existe.

E eles descobriram seus gostos semelhantes por cozinhar entre outras coisas que os fizeram fortalecer seu laço. Victor ganhou o cupcake junto ao amor. E tia Vivian, ganhou as malditas flores que ele ia dedicar a outra, além de ter conseguido o companheiro para a vida toda.

A história deles me faz pensar em algo importante para o amor - a conexão.

E claro, a importância que pequenos gestos possuem quando se trata de sentimentos verdadeiros.

Suspirei. Essas histórias eram contadas com tanta paixão.

Voltando...

Enquanto isso, do outro lado, tia Julie e tia Soraya compartilham uma refeição extremamente silenciosa na longa mesa de jantar em exatas quatro cadeiras de distância uma da outra. Isso é horrível, mas não vou negar que faria o mesmo tratando-se de suportar tia Soraya de manhã.

Minha ideia de acordar depois do meio dia foi por água abaixo graças às pestes, vulgo, minhas adoráveis primas monstras que gostam de correr pela casa como se o chão fosse chiclete. Sério, essa era a brincadeira delas. Quase pedi para participar se meu espírito sedentário não tivesse pedido calma e averiguação.

Meu bom dia é respondido apenas pelos meus fofos tios cozinhando. As outras duas, as quais me aproximo com cautela, nem levantam o olhar para mim. Não me importo, eu acho. Parece melhor assim.

Me aproximei da mesa e percebi que cheguei em um impasse: perto de quem eu posso me sentar em relação no momento? Bom, acho que prefiro lidar com uma tia Julie mal humorada do que o triplo do humor azedo de uma tia Soraya.

Com calma, sento-me e começo meu café da manhã silenciosamente. É desconfortável, confesso. Mas o que há para fazer, exceto me alimentar bem?

- Você não deveria estar arrumada? - Indagou Soraya sem olhar para mim.

É lógico que o comentário foi direcionado a mim. Sou a única de pijama aqui, enquanto ela está com roupas formais e tia Julie com um vestido de veludo azul e longas botas e meias pretas. Estou um completo caos comparada a elas. No entanto, não pretendo ir a nenhum lugar, então...

- Acredito que não, - respondo e volto a focar no meu cereal colorido.

Há uma linha tênue entre infantilidade e maturidade. Eu vivo andando sobre ela constantemente, como podem ver.

BoyFriend | RosekookOnde histórias criam vida. Descubra agora