7. PESADELO

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EU DISSE A Charlie que tinha muito dever de casa para fazer e que tinha comido muito em La Push, por isso não ia querer jantar. Havia um jogo de basquete que o estava empolgando, embora, é claro, eu não fizesse ideia do que existia de especial nisso, então ele não percebeu nada incomum no meu rosto.

No meu quarto, tranquei a porta. Vasculhei minha mesa até encontrar meus velhos fones de ouvido e os conectei no pequeno CD player. Escolhi um CD do Linkin Park que Phil me dera de Natal. Era uma das bandas preferidas dele, mas era um pouco pesada demais para o meu gosto. Coloquei o CD no lugar e me deitei na cama. Pus os fones, apertei play e aumentei o volume até machucar meus ouvidos. Fechei os olhos e coloquei um travesseiro na parte de cima do rosto.

Eu me concentrei só na música, tentando entender a letra, desvendar o padrão complicado da bateria. Na terceira vez que ouvi todo o CD, eu sabia pelo menos toda a letra dos refrãos. Fiquei surpreso em descobrir que eu afinal de contas gostava da banda, depois de conseguir passar pelo barulho ensurdecedor. Eu teria que agradecer a Phil novamente.

E deu certo: graças à batida de rachar os tímpanos, foi impossível pensar — e era esse o propósito do exercício. Ouvi o CD repetidas vezes, até que estava cantando todas as músicas e até que, finalmente, dormi.

Abri os olhos em um lugar familiar. Apesar de parte da minha mente parecer saber que eu estava sonhando, a maior parte de mim estava apenas presente na luz verde da floresta. Eu podia ouvir as ondas quebrando nas pedras em algum lugar por perto e sabia que, se achasse o mar, poderia ver o sol. Tentava seguir o som, mas então Jacob estava ali, puxando minha mão, arrastando-me para a parte mais escura da floresta.

— Jacob? Qual é o problema? — perguntei.

O rosto dele estava assustado enquanto ele me puxava com toda a força, tentando me levar para a escuridão.

— Corre, Beau, você tem que correr! — sussurrou ele, apavorado.

— Por aqui, Beau! — Era a voz de McKayla que eu ouvia agora, gritando do meio das árvores, mas não consegui vê-la.

— Por quê? — perguntei, ainda tentando me libertar de Jacob. Encontrar o sol era muito importante para o eu do sonho. Era a única coisa em que eu conseguia me concentrar.

Nessa hora, Jacob soltou minha mão; ele deu um gritinho estranho e, tremendo de repente, caiu no chão e começou a se contorcer. Olhei com pavor, sem conseguir me mexer.

— Jacob! — gritei, mas ele tinha sumido. Em seu lugar havia um lobo grande e castanho-avermelhado de olhos negros. O lobo desviou os olhos de mim, apontando o focinho para a praia, o pelo eriçado nos ombros, emitindo rosnados baixos por entre as presas à mostra.

— Corre, Beau! — gritou McKayla novamente de trás de mim. Mas não me virei. Eu estava vendo uma luz que vinha da praia na minha direção.

E aí, Edward apareceu no meio das árvores, a pele brilhando um pouco, os olhos negros. Ergueu uma das mãos e acenou para que eu fosse até ele. O lobo grunhiu a meus pés.

Dei um passo à frente, na direção de Edward. Ele sorriu e, entre os lábios, os dentes eram afiados e pontudos.

— Confie em mim — sussurrou ele.

Dei outro passo.

O lobo se atirou no espaço entre mim e o vampiro, as presas mirando a jugular dele.

— Não! — gritei, erguendo-me da cama.

Meu movimento súbito fez os fones puxarem o CD player da mesa de cabeceira, e ele caiu no chão de madeira.

Minha luz ainda estava acesa e eu estava sentado todo vestido na cama, ainda de sapatos. Olhei, desorientado, o relógio na cômoda. Eram cinco e meia da manhã. Gemi, caí de costas e me virei de bruços, tirando as botas. Mas estava desconfortável demais para conseguir dormir. Rolei na cama e desabotoei a calça jeans, arrancando-a desajeitado ao tentar continuar na horizontal. Puxei o travesseiro para cima dos olhos.

Crepúsculo - Versão Beau & EdwardOnde histórias criam vida. Descubra agora