15. OS CULLEN

451 39 7
                                    

A LUZ SUFOCADA de outro dia nublado acabou me acordando. Não abri os olhos, no entanto. Estava feliz demais para mudar alguma coisa, por menor que fosse. Os únicos sons eram minha respiração e meu coração batendo...

Eu estava à vontade, mesmo com a pele fria de Edward na minha. A sensação de deitar atravessado em seu peito gélido, os braços dele me envolvendo, era muito confortável e natural. Seus dedos acompanhavam com suavidade os contornos de minha coluna e eu sabia que ele sabia que eu estava acordado. Ainda mantendo os olhos fechados, envolvi seu pescoço com os braços, aproximando-me mais dele.

— Seu cabelo tem a capacidade de desafiar a gravidade... — ele disse enquanto afagava minhas costas. — Mas gosto assim. É como se fosse um superpoder só seu.

Automaticamente, levantei a mão para ajeitar o cabelo, depois abri os olhos. A primeira coisa que vi foi a pele pálida e quase prateada de seu pescoço, o arco do queixo acima de meu rosto. Ele fitava o teto, mas virou os olhos para mim e sorriu levemente.

— Você ficou — eu disse.

— É claro que fiquei. Era o que você queria, certo?

Assenti e pousei a cabeça com cuidado em seu ombro, respirando o aroma doce que emanava de sua pele.

— Por um momento achei que tudo tivesse sido um sonho.

— Você não é tão criativo assim — zombou ele.

— Charlie — lembrei, pulando de imediato e indo para a porta, e só então percebendo que estava sem roupa. Cobri-me com as mãos de maneira desajeitada, o que fez Edward rir.

— Charlie saiu há uma hora... Depois de desconectar os cabos de bateria de seu carro, devo acrescentar. Tenho que admitir que fiquei decepcionado. Será que isso realmente o impediria, se você estivesse decidido a sair?

Eu pensei, ali onde estava, querendo voltar para ele, mas com medo de estar com mau hálito matinal.

— Em geral você não é tão confuso de manhã — observou ele. E abriu os braços para me receber de volta.

Um convite quase irresistível.

— Preciso de outro minuto humano — admiti.

— Vou esperar.

Peguei meu pijama no chão e pulei para o banheiro, minhas emoções irreconhecíveis. Eu não me conhecia, por dentro ou por fora. Fitei-me no espelho, logo encontrando as consequências de nossa longa noite.

Havia uma leve sombra em um lado de meu pescoço e meus lábios estavam inchados, mas meu rosto estava bem. O restante de mim estava decorado com algumas manchas azuis e roxas. Concentrei-me nos hematomas nos braços que seriam mais difíceis de esconder. Não estavam tão ruins. Minha pele ficava marcada com facilidade. Quando surgia um hematoma, em geral eu já havia me esquecido de como o conseguira. É claro que aqueles ainda estavam se formando. Estariam piores no dia seguinte.

Depois de escovar os dentes três vezes seguidas, consegui consertar o caos estático que era meu cabelo, lavei o rosto com água fria e sabão de coco e ensaiei uma postura despreocupada. Todo o ritual deve ter levado quase quinze minutos.

Quando voltei para o quarto, Edward estava vestido e sentado na cadeira de balanço no canto. Ele estendeu a mão e meu coração martelou, instável.

— Bem-vindo de volta — murmurou.

Sem pensar, aproximei-me e sentei no colo dele. No momento em que meus pensamentos acompanharam meus atos, eu estaquei, chocado com meu entusiasmo descontrolado. Olhei para ele, com medo de ter atravessado o limite errado. Ele interpretou minha expressão sem esforço.

Crepúsculo - Versão Beau & EdwardOnde histórias criam vida. Descubra agora