8. PORT ANGELES

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JEREMY DIRIGIA MAIS rápido do que Charlie, então chegamos a Port Angeles às quatro horas. Fomos ao florista primeiro, onde a mulher atrás da bancada logo convenceu Allen a mudar de rosas para orquídeas. Allen tomava decisões rápido, mas Jeremy demorou bem mais tempo para decidir o que queria. A vendedora fez parecer que todos os detalhes seriam muito importantes para as garotas, mas eu tinha dificuldade em acreditar que alguém se importaria muito.

Enquanto Jeremy discutia cores de fita com a mulher, Allen e eu nos sentamos em um banco perto da vitrine.

— Ei, Allen...

Ele ergueu o rosto, provavelmente por notar a tensão na minha voz.

— O quê?

Tentei falar mais como uma pessoa aleatoriamente curiosa, como se não ligasse para qual seria a resposta.

— Hã, os Cullen faltam muita aula? Esse é o comportamento normal deles?

Allen olhou por cima do ombro, pela vitrine, quando respondeu, e tive certeza de que ele estava sendo legal. Sem dúvida conseguia ver o quanto eu me sentia constrangido de perguntar, apesar do meu esforço para parecer descolado.

— Faltam. Quando o tempo está bom, eles saem para acampar sempre, até o médico. Eles adoram a natureza, eu acho.

Algo nos olhos de Allen me fez achar que ele já estava desconfiado de minha paixonite patética por Edward Cullen — não que fosse algo muito difícil de perceber àquela altura —, mas não fez nenhuma pergunta e nem comentou nada. Allen devia ser o garoto mais legal da Forks High School.

— Ah — eu disse, e deixei o assunto de lado.

— Beau — ele chamou baixinho depois de alguns segundos, me olhando profundamente.

— Sim?

Ele mordeu o lábio antes de prosseguir.

— Acho que você e Edward formam uma boa dupla.

Desviei os olhos e não respondi, desconcertado e certamente corado.

Depois do que pareceu ser uma eternidade, Jeremy finalmente decidiu comprar flores brancas e um laço branco, o que foi meio anticlimático. Mas, quando os pedidos foram assinados e pagos, ainda tínhamos tempo antes de o filme começar. Jeremy queria ver se havia alguma coisa nova na loja de videogames algumas quadras a leste.

— Vocês se importam se eu for fazer uma coisa? — falei. — Posso encontrar vocês no cinema depois.

— Tudo bem! — Jeremy já estava arrastando Allen rua acima.

Foi um alívio ficar sozinho de novo. O passeio não estava sendo como eu esperara. Claro, a resposta de Allen foi encorajadora, mas eu não conseguia me obrigar a ficar de bom humor. Nada me ajudava a pensar menos em Edward. Talvez um livro bom — um livro muito bom — pudesse ser o elixir.

Segui na direção oposta a deles, querendo desfrutar da solidão. Encontrei uma livraria algumas quadras ao sul do florista, mas não era o que eu estava procurando. As vitrines estavam cheias de cristais, apanhadores de sonhos e livros sobre cura espiritual. Pensei em entrar para perguntar onde havia alguma outra livraria, mas uma olhada no hippie cinquentão com sorriso sonhador atrás da bancada me convenceu de que eu não precisava ter aquela conversa. Eu encontraria uma livraria normal sozinho.

Andei pelas ruas, repletas com o tráfego do final do dia de trabalho, e esperei estar seguindo para o centro. Não prestei muita atenção, como devia, na direção que tomava; eu lutava com meu desespero. Tentava fortemente não pensar nele e no que Allen dissera... E, mais do que qualquer outra coisa, tentava aquietar minhas esperanças para o sábado, temendo uma decepção mais dolorosa do que o resto, quando olhei para cima e vi um Volvo prata estacionado na rua. De repente a ficha caiu. Vampiro idiota e insuportável, pensei comigo mesmo.

Crepúsculo - Versão Beau & EdwardOnde histórias criam vida. Descubra agora