4. CONVITES

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EM MEU SONHO, estava muito escuro, e a luz fraca que havia parecia irradiar da pele de Edward. Eu não conseguia ver seu rosto, só suas costas nuas — onduladas por uma cadeia de músculos impressionante — enquanto ele se afastava de mim, deixando-me na escuridão. Por mais rápido que eu corresse, não conseguia alcançá-lo, por mais alto que gritasse, ele não se virava. Fui ficando mais e mais desesperado para chegar até ele, quando de repente uma estátua de mármore resplandecente se materializou no meu caminho.

Eu parei, atordoado, pestanejando enquanto meus olhos lutavam para apreender a visão. Não era uma estátua, eu percebi depois de alguns segundos. Era o próprio Edward.

O peito largo e musculoso estava despido, os pés, descalços, e os jeans pendiam um pouco abaixo da cintura, deixando em evidência uma linha espessa de pelos em volta do umbigo que seguia para dentro da calça.

Ele deu um passo lento na minha direção. Seguro, intimidante, olhos em brasa. Inclinou o rosto até o meu — todo meu corpo ficou tenso, mas não ousei me mover — e respirou friamente em meu pescoço.

— Tem alguma ideia de quanto o desejo, Beau? — disse ele em tom firme.

Acordei sobressaltado, minha respiração entrecortada.

— Ah, porra — ofeguei.

Era o meio da noite, mas não consegui dormir de novo pelo que pareceu um longo tempo. Depois disso, Edward entrou em meus sonhos quase todas as noites, das formas mais ousadas que eu poderia imaginar.

O mês seguinte ao acidente foi inquietante, tenso e, no início, constrangedor.

Virei o centro das atenções pelo resto da semana, o que achei um saco. Taylor Crowley ficou superchata, seguindo-me por toda parte, inventando jeitos hipotéticos de se redimir. Tentei convencê-la de que o que eu mais queria dela era que esquecesse tudo aquilo — em especial porque não tinha acontecido nada comigo —, mas ela não desistia. Seguia-me entre as aulas e se sentava à nossa mesa, agora abarrotada. McKayla e Erica não pareciam estar gostando; olharam mais torto para ela do que olhavam uma para a outra, o que me deixou preocupado com a possibilidade de ter ganhado outra fã indesejada. Como se gostar do garoto novo fosse a nova moda.

Ninguém estava preocupado com Edward; ninguém o seguia e nem pedia o relato dele de testemunha ocular. Eu sempre o incluía na minha versão; ele era o herói que havia me tirado do caminho e quase fora atropelado também. Mas o que todo mundo dizia era que não tinham percebido que ele estava ali até a van ser afastada.

Eu refleti muito sobre o motivo de ninguém mais tê-lo visto parado tão longe, encostado no carro, antes de salvar a minha vida de forma tão repentina e impossível. Eu só conseguia pensar em uma solução, e não gostei nada dela. Tinha que ser porque mais ninguém prestava tanta atenção em Edward. Ninguém o observava da forma como eu fazia. Era patético e meio apavorante.

As pessoas continuaram evitando Edward do mesmo jeito de sempre. Os Cullen e os Hale sentavam-se à mesma mesa de sempre, sem comer, conversando entre si. Nenhum deles voltou a olhar na minha direção.

Quando Edward se sentou ao meu lado na aula, o mais distante possível, como sempre, pareceu totalmente inconsciente de minha presença, como se minha cadeira estivesse vazia. Só vez ou outra, quando seus punhos de repente se fechavam — a pele esticada ainda mais branca sobre os ossos — é que eu me perguntava se ele estava tão distraído quanto fazia parecer.

Eu queria muito continuar a conversa que tivemos corredor do hospital, e, no dia seguinte ao acidente, tentei. Ele estava furioso quando conversamos da primeira vez, e apesar de querer muito saber o que aconteceu e de achar que eu merecia a verdade, também sabia que tinha sido bem insistente, considerando que ele tinha acabado de salvar minha vida e tudo o mais. Eu achava que não tinha agradecido direito.

Crepúsculo - Versão Beau & EdwardOnde histórias criam vida. Descubra agora