Capítulo 7

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Nós dois podíamos ver
Claramente, que o inevitável fim estava próximo
Fizemos nossa escolha, uma prova de fogo
Lutar é o único modo de nos sentirmos vivos

Eu desmoronei
Mas me ergui novamente. Alibi- Thirty seconds to mars

Sentia minha cabeça pesada, meus membros letárgicos. Dentro de mim nenhuma vontade de acordar ou sair da cama. Ouvia vozes ao meu redor, mas não compreendia o que falavam, parecia que eu estava com a cabeça dentro de um aquário. Abri meus olhos e a visão não estava muito melhor do que a audição. Senti meu estomago revoltado por estar a muito tempo vazio. E depois desses segundos iniciais de completa paz e inocência, veio como um soco no estomago, me tirou todo o ar a ausência. A carta.

Como vou viver mais um dia sem você Danso? Como vou viver qualquer parte da minha vida sem ao menos saber que fim levou Caius? Ele nem sequer se despediu.

Levante. A voz voltou. Ela falava na minha mente em momentos pontuais, apenas ordens simples. Coma, lave-se, deite-se.

A voz e as mãos deles me levando para lá e para cá, era a única coisa que eu conseguia ter noção, por trás de toda a dor que eu estava sentindo.

ACORDE.

Não sei o que foi isso, mas a palavra rosnada ajudou a desanuviar minha mente, e assim pude enxergar Kareem a minha frente abaixado apoiando um joelho no chão e segurando minha mão esquerda. Do outro lado, na mesma posição vi Jabari. Os olhos deles tristes me fez ficar alerta. Por que eles estavam com aquelas expressões?

O que ou quem ousou entristece-los?

A voz na minha mente começou a dizer da forma mais audível do que vinha fazendo há dias, semanas.

Você fez isso. Descuidou deles e os deixou vulneráveis. Se recomponha, você tem trabalho a fazer.

- Preciso de um banho. – Assim que falei senti minha garganta arranhar e arder. Minha voz estava estranha aos meus ouvidos. Notei as expressões em seus rostos mudando de tristeza para surpresa. Bom.

- Quero lavar meus cabelos. – Eles se levantaram imediatamente, perdidos sem saber o que fazerem pra me ajudar. Indo de um lado para o outro, abobalhados até que se organizaram. Ótimo.

Kareem foi até minha suíte, e ligou torneiras, em pouco tempo senti o aroma que ele fez e me deu preencher o ambiente. Lembrei que fiz sais de banho com aquela fragrância. Guardava a sete chaves a fórmula da fragrância que pedi que ele passasse pois se ela acabasse eu gostaria de conseguir mais. Levantei-me da cama e senti a presença de Jabari. Olhei para ele e notei que estava com minha toalha, minhas roupas e fazia sinal para que eu fosse até o banheiro.

Entrei no cômodo e vi a banheira cheia de espuma e exalando a fragrância que eu tanto amo e parecendo muito convidativa. Olhei para ambos e esperei. Ambos ficaram corados e viraram de costas. Tirei minhas roupas, entrei na banheira e suspirei de prazer ao sentir a água quente em contato com minha pele. Ambos ajoelharam em volta da banheira, um pegou um recipiente e usou para derramar água em meus cabelos compridos. O outro pegou um pouco de sabonete e me deu para que eu me levasse. Fiquei um pouco confusa com aquela dinâmica. Eles me banhavam? Desde quando?

Senti mãos carinhosas nos meus cabelos, massageando o couro cabeludo. Fechei os olhos para apreciar a sensação do carinho e suspirei. Não sei quem fazia o que, mas aquilo estava causando sensações novas em mim. Depois que enxaguaram meus cabelos eu criei coragem para abrir os olhos e dizer:

- Podem se retirar, eu termino sozinha.

Ambos se levantaram e saíram em silencio. Que situação mais esquisita e constrangedora. Pela forma como eles faziam as coisas de forma tão natural, sabendo onde encontrar meus itens de higiene e até a temperatura perfeita da água, fizeram eu perceber que provavelmente eles tinham tido acesso a muito mais do que eu imaginava no período que eu fiquei dentro da minha própria mente.

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