ANTONELLA BIANCHI
— Dezembro de oitenta um — Leo cantarolou, saltitando.
Dei risada, maravilhada com a cena fofa. Não sei lidar com o Leonardo cantando músicas — mesmo que seja as da máfia.
Peguei Leonardo no colo, sendo atingida por uma pequena onda de tristeza. 'Tá começando a ficar difícil segurar o neném no meu colo, principalmente quando estou usando saltos finos — o que não é o caso no momento. Caralho! O neném não é mais um neném, e daqui a pouco não vai caber e muito menos querer o meu colo. Acho que eu vou ter uma crise de choro quando chegar o momento em que ele vai recusar o meu colo por se achar crescido demais para isso.
— Bom dia, André — Cumprimentei o piloto, passando por ele e subindo as escadas do jatinho.
Escutei vovô se desculpar pelo pequeno atraso, que talvez, seja em parte minha culpa. Eu prometi para mim mesma, que pararia de deixar as minhas obrigações para o último momento, mas infelizmente foi o que aconteceu, tive duas semanas para arrumar as minhas malas e não fiz isso, acabei tendo que me preparar para a viagem uma hora atrás. Foi uma loucura tentar me achar dentro da bagunça que está o meu closet, e tenho certeza que estou esquecendo alguma coisa, mas agora já é tarde demais.
— Beijo — Leo sussurrou, antes de deixar um beijo estalado na minha bochecha.
Sorri, me acomodando em uma das poltronas, com Leonardo sentado em meu colo. Apertei a sua cintura, enchendo o seu rosto de beijos, o que lhe causou uma crise de risos.
— Você lembrou de pegar o seu passaporte, certo? — Vovô perguntou, se sentando ao meu lado.
— Eu não sou tão esquecida, vovô.
Coloquei Leonardo na outra poltrona, passando o cinto de segurança ao seu redor.
Peguei a minha bolsa, abrindo o zíper e pegando os dois passaportes que mais cedo eu havia colocado ali dentro. Encarei o italiano, como quem diz "está vendo? está tudo aqui". Alguns minutos atrás, antes de sair de casa, precisei forçar a minha memória, para me lembrar que o meu passaporte e o de Leo estavam guardados na gaveta de jóias. E, só porque estava com muita pressa, errei a senha da trava eletrônica duas vezes, antes de finalmente conseguir abrir a maldita gaveta. Talvez, Vicenzo esteja certo, e eu só não perco a minha cabeça porque é grudada ao corpo.
Abri os passaportes, mesmo sabendo que estava tudo certo, para desencargo de consciência, queria conferir uma última vez.
— Puta que pariu — Arregalei os olhos.
— Antonella — Vovô me repreendeu, por xingar na frente de Leonardo.
Não me preocupei em me desculpar, havia problemas maiores para lidar no momento.
EU NÃO ACREDITO NISSO.
Eu tenho certeza que sou oficialmente uma das pessoas mais azaradas do universo.
Ou talvez, eu apenas seja idiota e acabe me colocando nessas merdas.
— Precisamos conversar — Aproveitando que o piloto ainda não havia nos instruído a colocar o cinto de segurança e permanecer em nossos lugares. Me levantei e agarrei a mão do mais velho, obrigando-o a me seguir até o final da aeronave, longe o suficiente para Leonardo não escutar a nossa conversa.
— A gente não pode viajar — Sussurrei.
— O que? — Perguntou, confuso.
— Eu esqueci de renovar o passaporte do Leonardo — Suspirei, passando as mãos no cabelo — Eu não sei o que aconteceu. Eu esqueci completamente que a validade do passaporte infantil é menor.
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FOGO E GASOLINA | gabigol
Fanfiction❝ 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐨𝐦𝐨𝐬? 𝐃𝐢𝐳 𝐩𝐫𝐚 𝐦𝐢𝐦, 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐨𝐦𝐨𝐬? 𝐅𝐚𝐥𝐚 𝐩𝐫𝐚 𝐦𝐢𝐦 𝐨 𝐪𝐮𝐞 '𝐜ê 𝐩𝐞𝐧𝐬𝐚 𝐝𝐞 𝐧ó𝐬, 𝐚𝐦𝐨𝐫 𝐅𝐚𝐥𝐚 𝐩𝐫𝐚 𝐦𝐢𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐮 𝐬𝐨𝐮 𝐭𝐞𝐮 𝐞 𝐬𝐨𝐮 ú𝐧𝐢𝐜𝐨 𝐓𝐢𝐩𝐨 𝐝𝐫𝐨𝐠𝐚, '𝐜ê 𝐦𝐞 𝐯𝐢𝐜𝐢𝐨�...