05 - DERROTA

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ANTONELLA BIANCHI

Paralisei no local, fazendo com que Marilia colidisse com as minhas costas.

Dios mio! O universo não cansa de me castigar.

— Achei que o jantar seria apenas entre nós? — Murmurei.

— Achei que Gabriel tinha te avisado — Sussurrou de volta, colocando as mãos nas minhas costas, indicando que eu deveria continuar o caminho.

Dê-me no mínimo dois minutos para me recuperar do choque e tentar me preparar. Caso contrário, não vou conseguir fingir naturalidade na frente da porra do time titular do Flamengo e seus familiares. 

É um maldito pesadelo vermelho e preto. Tudo que consigo enxergar são jogadores ostentando o manto flamenguista, de fato, assustadores, a minha menina palmeirense interior está suando frio e tremendo dos pés a cabeça. E acredite, piora. Aposto todas as minhas fichas que encarar esses jogadores não chegam nem perto da barra que é enfrentar as famosas Flaesposas.

Por acaso, é pré-requisito ser bonita e incrivelmente gostosa para entrar nesse pequeno time?

— Papai — Totói gritou, se jogando no colo de Everton Ribeiro.

Os meus minutos foram para o espaço. Valeu, Antônio! Agora, todos os olhares da sala estão em Marilia e eu, paralisadas na porta. Posso reparar nos sorrisinhos surgindo na boca dos jogadores no momento em que me reconhecem. Ei, essa por acaso não é a mulher que xingou e tacou o celular no Gabigol? Sim, porra, sou eu.

Quer dizer… eu não joguei a porra do celular, mas todos acham que fui eu então, é sou eu.

INFERNO.

Eu vou matar o Gabriel Barbosa, isso é tudo culpa dele.

Falando no diabo… nossos malditos olhares se encontraram e aquela merda que sempre acontece, aconteceu. Como dois pólos magnéticos, se atraindo por uma força invisível.

Oh, senhor, me salve. Eu não posso controlar, eu não consigo nem mesmo respirar quando estou perto do camisa 10 do Flamengo.

— Gabi! — Leonardo gritou, soltando a minha mão e disparando na direção do jogador.

Gabriel abriu um sorriso e empurrou um pouco a sua cadeira para trás, dando espaço para receber meu irmão, que pulou no seu colo, abraçando o seu pescoço.

— Eai, Leonardo — Fez o garoto se derreter, com um brilhinho nos olhos que gritava "Gabi sabe meu nome".

— Eita, já estão nesse nível? — Alguém disse, de maneira provocativa.

Que? Quem 'tá em qual nível?

— A gente não morde, prometo — Marilia sorriu, passando na minha frente e entrelaçando os seus dedos nos meus, me puxando na direção da mesa.

A morena caminhou até o marido, se abaixando e beijando-o. Tudo isso sem soltar a minha mão, acho que estou de volta ao ensino médio.

— Gente, essa é a Antonella — Apontou.

Sorri, da melhor maneira que consegui, controlando o nervosismo ou pelo menos tentando.

— Ouvi falar muito de você — Everton sorriu, esticando a mão na minha direção.

Abri a boca e fechei novamente, eu estava prestes a soltar a famosa frase: "só coisas boas, espero", mas com toda certeza não foi isso que Everton escutou.

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