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ANTONELLA BIANCHI
Pisco lentamente, tentando me acostumar com a luz suave dos poucos raios de sol que se filtram pelas cortinas brancas. Um amargor persistente está impregnado em minha boca, e minha cabeça lateja com os sinais reveladores de uma noite regada a álcool.
Preciso urgentemente diminuir meu ritmo com bebidas alcoólicas. Essas manhãs pós-exagero são sempre exaustivas.
Viro na cama, buscando o calor humano que me faz falta nas madrugadas solitárias que passei em outro país, porém, encontro apenas o vazio.
De repente, estou completamente acordada. O vazio se torna palpável, uma ausência que grita dentro de mim.
Meus olhos deslizam ansiosos pelo quarto, procurando ansiosamente por um jogador do Flamengo. A ansiedade me consome, um sentimento inquietante que parece corroer meu interior.
Cadê o Gabi?
Meus olhos encontram o alvo. Ele está parado diante da cadeira, meticulosamente vestido com roupas de sair, enquanto arruma suas coisas dentro da bolsa.
— Eu perdi o horário? — Pergunto, imaginando se ele me deixou dormir um pouco mais enquanto se preparava para o café da manhã, planejando me acordar mais tarde.
Suas costas parecem se contrair instantaneamente ao ouvir minha voz, e eu não posso deixar de notar essa reação involuntária do seu corpo.
— Ainda está cedo. Estou arrumando as minhas coisas para ir embora. — Ele responde, e suas palavras ecoam na quietude do quarto.
O quê?
Meus olhos encontram o relógio na mesinha de cabeceira, levantando uma sobrancelha em confusão ao constatar que são apenas seis horas e cinquenta da manhã.
Gabriel Barbosa acordado tão cedo é praticamente um milagre. E eu, estar desperta a essa hora depois de uma noite de ressaca, é outro feito milagroso. Acho que meu corpo reagiu ao momento em que Gabi se levantou da cama.
— Volta para a cama, amor. — Murmuro, envolvendo-me no aconchego do cobertor, meu corpo ainda pesado de sono ao descobrir o horário mais cedo do que o esperado.
Ainda de costas para mim, percebo o instante em que Gabriel respira fundo, como se buscasse a calma antes de falar.
— Você não se lembra de nada da noite passada, não é mesmo? — Ele pergunta, sua voz carregada de ressentimento.
A incerteza paira no ar, misturada com uma ponta de preocupação.
— Eu deveria me lembrar de algum...
Estou forçando minha mente a funcionar, mesmo que o único desejo que permeie meus pensamentos seja voltar a dormir.
— Eu não me lembro de nada que possa... — começo a dizer, quando de repente, como um trem desgovernado me atingindo em cheio, as memórias voltam, um tanto embriagadas e desconexas, mas suficientes para reconstruir o evento que deve ser o motivo desse iceberg frio que ele está me jogando.