Cᴀᴘíᴛᴜʟᴏ ᴏɴᴢᴇ

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Lɪᴀᴍ Jᴀᴍᴇꜱ

Não dá tempo de pensar em explicar nada, porque chego no alojamento. Ninguém me viu entrando, muito menos saindo, e eu agradeço.

Abro a porta na esperança de Kange estar dormindo, mas quando a abro dou de frente com ele.

Nossos corpos de chocam com a proximidade entre nós.

-O que está fazendo parado em frente a porta? -Pergunto, evitando encara o olhar de julgamento que Kange tem em cima de mim. Minhas mãos foram para trás de meu corpo, para não o tocar.

-Estava indo te procurar, quando sai do banheiro você não estava aqui.

Ele diz, cruzando os braços. Fazendo seu peito subir e descer ao mesmo tempo. Os músculos se retraindo em cada jeito que ele posicionava os braços quando os cruza.

-Eu ouvi alguém lá fora chamando, foi agora pouco.

-Faz quase uma hora que você está fora...onde estava?

-Em lugar nenhum, eu fui ajudar a garota aqui em frente ao alojamento. Ela parecia machucada e carregava um monte de equipamentos! -Retruco, querendo passar ao seu lado, mas ele me barrou.

Eu juro que daria um soco nele.

-O toque de recolher aconteceu antes de você sair, não tinha como ela estar para fora, e ainda por cima carregando equipamentos.

Fiz silêncio e o encarei. Arqueei uma sobrancelha enquanto ele falava.

-Por que você nota tantos detalhes? -Eu digo seco, mantendo o contato visual.

-Porque sei quando alguém mente.

-Não estou mentindo, Kange-Dae. -Dou de ombros, como se não me importasse, e de fato não me importo.

-Eu não disse que era você a estar mentindo...

Ele reverteu a situação. Babaca do caralho.

-Veste isso. -Não sei o que fiz para que ele me deixasse passar, e me entregar um casaco. Era enorme e totalmente diferente dos padrões daqui, então só podia ser dele mesmo.

-Não estou com frio, obrigado.

-Não disse que está com frio. Pedi com educação para que vestisse porque você está tremendo e molhando o chão todo. -Ele joga o casaco para mim e se volta para onde eu achava que estava. Subiu as escadas em completo silêncio, como se não tivesse acabado de reverter tudo o que eu havia dito. Ele era muito estranho, e eu por algum motivo gostei disso.

Por um momento esqueci que tínhamos dois andares aqui, quando abri a porta do andar de cima, esqueci que tinha uma escada para fora da casa. Quando apoiei essa ideia maluca? E outra, me surpreendo ver que Kange não usou a outra porta para sair. Ou talvez ele não a tenha visto ainda.

Retiro minha blusa ali mesmo onde estou, e coloco seu casaco sobre nada além de minha pele. Ficou enorme, mas admito que estava cheiroso pelo menos.

Reparando melhor agora, vi que Kange tinha tatuagens pelos braços, e uma em seu braço esquerdo em específico me chamou atenção.

Born to die...

Ela era em vermelha, subindo no antebraço, escrita em itálico. Era pequena entre as inúmeras tatuagens gigantes que ele possuía nos braços.

Subo as escadas, mas paro no meio do caminho quando ouço a porta se abrindo devagar, revelando uma mulher com as roupas manchadas de sangue. Era Lisa.

Born to die - Livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora