Born to die - Livro um

Cᴀᴘíᴛᴜʟᴏ ᴅᴇᴢ

Lɪᴀᴍ Jᴀᴍᴇꜱ

Eu não precisava dizer mais nada para perceber que ainda sim, aquilo estava passando dos limites.

Não suportei permanecer no mesmo lugar que ela, no mesmo ar que ela. Ficar no mesmo cômodo que ela doía com a alma.

Por um longo momento eu pensei em como seria se as coisas não fossem deste jeito. Se ela não tivesse feito isso e sumido.

Eu teria sido um bom pai.

Não o culparia por isso tudo, eu me culparia por não ter resistido àquilo.

Eu gostaria de abraçar meu filho agora, sentir seu cheiro e tocar em seus cabelos. –Que imagino serem iguais aos meus -

Me retirei na sala, mas parei na porta quando senti os olhos de ambos me encararem. Eu não me virei, mas falei antes de sair, deixando a última palavra a minha pessoa:

-Benjamin será cuidado por mim a partir de agora, ouviu bem? Tentarei o máximo por ele, e o máximo para que ele fique longe de pessoas como você, e você. -Eu dizia de uma forma autoritária, firme.

Fecho a porta assim que saio. Não precisando ouvir nada o que eles iriam me responder. Mas ainda assim, ouço os murmúrios.

Endireito minha postura e começo a andar do mesmo caminho que vim até aqui. Não ouço mais a voz de meu pai, nem nada. Tudo aqui parecia estar em completo silêncio, diferente de quando cheguei.

Eu esperava que ninguém estivesse ouvido aqueles gritos que demos dentro da sala.

Saio do prédio esperando que nenhum soldado esteja por perto, eu tentei o máximo olhar para os lados para que não pudessem ver meu rosto caso me achassem. Mas claro, se os guardas me vissem e não soubessem quem eu era já era demais. Deviam me conhecer bem aqui dentro, segundo ano que estou vendo mais cargas de pessoas virem. Segundo ano que eu presencio o jogo de sobrevivência desta família. Bom, eu não diria família.

Isso tudo é manipulado por uma pirâmide familiar.

Primeiro temos o chefe, meu pai, August James, segundo o subchefe, nunca fui apresentado a ele, e nem imagino quem ele seja. O subchefe é a pessoa com mais autoridade nessa família, e que deve estar preparado caso o chefe morra –Que Deus permita – para assumir o que estava o esperando. Geralmente o sub deve ser alguém de confiança ou até mesmo um de seus filhos. Meu pai mesmo disse que nunca colocaria os filhos em tamanhas posições na máfia.

Terceiro, o braço direito do subchefe, eu, Liam James. É engraçado pensar que sou braço direito de alguém que eu nem ao menos conheço. Mas, de acordo com meu pai, não preciso o conhecer.

Bom, a ordem disso está errada, porque, vejamos, era para ser um consigliere como braço direito do chefe, não do subchefe da máfia. Um conselheiro não faz parte direta a máfia, ele está sim ali, mas nunca dando seu nome. Ele vive por ela assim como vivemos pelo juramento. Ele não faz parte direto da hierarquia mafiosa. Construindo a relação administrativa da família, é como um fantasma. A função de um conselheiro é de servir como um consultor para o chefe, e de vez enquanto, para o subchefe também. Eu era o conselheiro antes disso tudo. Era quase como se eu manipulasse a máfia sem ao menos estar lá. Ninguém além do chefe e subchefe sabiam que era eu atrás disso tudo.

Na maioria dos casos, os conselheiros são formados em direito, e bom, eu fui.

O conselheiro assim como o chefe e subchefe, não se envolve em conflitos armados. Existente em cada família apenas um de nós.

Eu sou nascido para isso. A rainha.

Temos os caporegrimes, também conhecidos como capos ou capitães. Um dos cargos mais importantes da máfia. São responsáveis por coordenar e lideras os soldados, tanto com ordens e funções lá dentro. Cada um dos capos, que geralmente são muitos, lideram uma parte dos soldados para que nada dê errado e não fique sobrecarregando o chefe, que o obedecem. Cada capo tem seu pelotão, e cada pelotão tem seu capo responsável por comandar cada um dos que se fazem presente.

São eles que provocam a maior parte dos assassinatos, que são obviamente aprovados pelo Don, o chefe. Eles costumam organizar não ir à frente de tudo isso. Isaac era um dos nossos capos mais competentes para isso. Nós confiávamos nele como se fosse de uma patente maior do que onde ele está agora. Meu pai mesmo lhe disse uma vez para tentar subir, mas foi em vão. Isaac estava conosco apenas para cobrir a dívida que já nem era mais considerada dívida pelo Don.

O soldado, ou como seguimos dizendo na máfia, o homem de honra. Ele elegerá um familiar para ser representante disto. É um membro da Família ritualmente filiado. Isso que está acontecendo aqui, neste momento.

O ritual...

O ritual consiste no soldado que foi trazido pela família. Você nunca vai até a máfia, ela quem vai até você, ela quem te busca.

Não é obrigado a entrar se quiser, mas quando vamos até você, tem duas opções, corre ou aceita.

Não é vanglorioso resolva correr, acharemos você de qualquer jeito, e lhe faremos a mesma proposta. E se você ficar bravo, será dado como estúpido, e estupidez para nós levará você a morte.