Querida Mariah Carey

1.6K 40 0
                                    


5 janeiro de 2013

É assim que começa.

Querida Mariah Carey,

Cerca de uns três anos atrás, eu ouvi suas músicas pela primeira vez e me apaixonei pela sua voz, comecei a acompanhar o seu trabalho pela internet e me arrisco a dizer que virei sua maior fã existente nesse planeta, desde então eu ando sempre te acompanhando e sei cantar todas as suas músicas, TODAS mesmo. Ainda não fui em um show seu, mas é minha meta, só preciso que você faça um show na minha cidade.

Hoje eu decidi que vou começar a escrever pra você. E porque pra você? Bom, eu também não sei na verdade. Mas eu sei que você nunca vai ler esse diário vergonhoso, então estou tranquila.

Ganhei esse diário de aniversário ano passado (aos meus 18 anos) e nunca usei porque achei ridículo, agora eu decidi usar depois de encontrar ele jogado em uma das caixas abandonadas da minha garagem. Fiquei com dó e me senti culpada porque lembrei que foi minha vó que me deu.

Agora vou me apresentar pra você.

Meu nome é Larissa de Macedo Machado, tenho 19 anos e moro com a minha mãe em Oregon, LA. Eu nasci no Brasil, Rio de Janeiro, então minha língua nativa é o português. Minha mãe recebeu uma proposta de modelo aqui nos Estados Unidos e nós nos mudamos pra cá, ela disse que seria só alguns meses, mas o tempo foi passando e bem... ela começou a ganhar bastante dinheiro e nunca mais quis voltar a morar lá, e foi assim eu aprendi a falar inglês fluente. Me mudei para Oregon com 13 anos de idade. Sempre que dá, nas férias ou no final do ano nós viajamos para o Brasil.

Ah, meu Brasil... Eu amo esse lugar, esse país, meu país, minha cidade, Rio de Janeiro. Lá é o melhor lugar do mundo, eu amo Oregon, mas o Brasil é a minha maior paixão, se dependesse de mim eu ainda estaria lá e pra ser sincera eu nunca teria saído de lá.

Talvez você não entenda o motivo pelo qual eu decidi começar a escrever esse diário em forma de cartas pra você, mas eu vou tentar explicar de uma forma menos dolorosa.

Talvez você pense que a minha vida é ótima, assim como a maioria das pessoas dizem e pensam, mas não é, não pra mim. Minha vida é patética e horrível e triste e chata e terrível e tediosa.

Vamos lá. Minha vida mudou drasticamente desde que eu me mudei pra cá, 6 anos atrás. Minha infância aqui foi muito boa, eu tinha feito vários amigos, conheci a cidade inteira de ponta a ponta e também conheci a minha melhor amiga até hoje, Arielle Macedo. Sim o sobrenome dela é igual o meu e eu acho isso incrível, e é mais incrível ainda porque ela também é brasileira.

Tudo ocorreu perfeitamente bem, eu vivi a minha infância e minha pré-adolescência perfeita até chegar aos meus 15 anos, onde tudo foi por água abaixo em questão de horas. Os 15 anos de todas as garotas deveria ser mágico, mas o meu não foi.

Uma história triste agora.

Era noite, há quase 4 anos atrás. Eu estava deitada na minha cama tentando me concentrar no filme que passava na TV enquanto ouvia meus pais brigando com a minha irmã mais velha, Giulia.

Giulia tinha 26 anos e era veterinária, ela era bem estudiosa e responsável, sempre foi muito educada e dedicada e uma pessoa muito doce e fácil de se conviver. Ela só tinha um único problema sério, que era com bebidas. Todo final de semana ela queria sair pra beber com os amigos e sempre voltava de madrugada muito alterada, acordando todo mundo, até às vezes acompanhada pela polícia.

Esse era o único ponto ruim de Giulia.

Meus pais sempre deixavam ela sair porque ela sempre prometia voltar sóbria. Mas quase nunca voltava como prometia, era sempre a mesma historinha. Ela jurava durante anos que nunca mais iria beber, mas nunca cumpria e meus pais já estavam ficando de saco cheio.

Keep Swimming - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora