Querida Mariah Carey,
Hoje eu tenho que ajudar minha mãe a fazer cookies. Confesso que gosto de fazer isso com ela, me faz esquecer a raiva e o ódio que ela me faz passar todos os dias.
Enquanto eu regava as plantas que tinham na minha varanda, Ohana apareceu na varanda dela, estava colocando as roupas no varal.
Ultimamente estávamos nos comprimentando com sorrisos quando nos víamos. Já faz alguns dias que nós fomos naquela rocha, depois daquele dia eu não vi mais ela a noite enquanto eu saia escondida. Eu gostei de ter saído com ela. E eu também queria que ela aparecesse de novo na varanda enquanto eu fugia, assim eu poderia convidá-la outra vez.
– Tudo bem? - eu pergunto quando ela se vira pra olhar pra mim, do outro lado.
– Tudo e você?
– Tudo.
Esse foi o nosso incrível diálogo antes da minha mãe entrar no meu quarto e me chamar pra descer para fazer os cookies. Isso ocupou boa parte da minha tarde.
Minha mãe é um caso sério. Como eu posso amar tanto uma pessoa e ao mesmo tempo odiá-la? É assim que eu me sinto em relação a ela. Ela sempre me tira do sério em questão de segundos, mas também me faz rir até a barriga doer. Seria tudo tão fácil se a gente levasse uma vida normal. Sem essa atormentação que eu sofro. Sem essa preocupação sem limites dela e do meu pai. Sem essa controlação toda. Seria tudo tão fácil se eles fossem "pais normais".
E Mariah, estou sentindo uma coisa absurdamente estranha desde aquele dia em que eu saí com Ohana. Não faço a mínima idéia do que seja, mas quase sempre ela invade os meus pensamentos. Eu acho que é a euforia de tanto tempo sem sequer tentar contato com alguém que quando eu finalmente tive, me despertou a possibilidade de poder dar certo uma amizade nova. Não sei explicar, mas é como se eu ficasse feliz só de vê-la do outro lado da minha varanda.
Eu me sinto feliz quando ela me comprimenta, mesmo sabendo que ela faz isso por educação, mas porque? Isso é muito estranho. Eu não consigo me lembrar se esse é o efeito colateral do início de uma amizade, faz tempo que eu não faço uma. Mas é a única resposta plausível na minha cabeça.
Mas ao mesmo tempo eu acho que é só preocupação mesmo. Depois de eu descobrir tudo o que ela passa com o pai dela, minha preocupação aumentou e eu me sinto culpada as vezes por saber o que acontece e não conseguir ajudar de alguma forma.
Quando eu entender um pouco mais sobre o que está acontecendo comigo, eu venho aqui contar pra você.
Com Amor,
Larissa.
