Querida Mariah Carey 7

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Querida Mariah Carey,

Tem uma coisa meio estranha que aconteceu hoje pra te contar.

NOVAMENTE COM A VIZINHA LOIRA, me perdoa.

Estávamos todos na mesa jantando (eu, minha mãe e meu pai) até a campainha tocar, eu tive que ir abrir porque eu já tinha terminado de comer e meus pais ainda estavam comendo.

Saí da cozinha e caminhei até a sala, quando abri a porta, quase tive um derrame. Era a garota loira. Ela estava com um conjunto de frio todo preto e cabelos soltos na altura do ombro.

A minha cabeça naquele momento só se passava uma coisa: Ela veio atrás dos meus pais. Ela veio fofocar sobre mim. Ela veio contar para os meus pais que eu fujo à noite e minha vida vai ser arruinada.

Ah, Oi... Desculpa bater na sua porta a essa hora, é que meus pais vão sair e precisam tirar o carro da garagem, só que o carro do seu pai está na frente. - a garota diz meio tímida e aponta para o carro.

Ah claro, era só isso. - suspirei aliviada. — Mil desculpas. - pedi sem jeito. - Só um minuto, vou chamar ele. - eu digo e ela assente.

Deixei a porta meio aberta e me afastei até a sala de jantar.

Papai, o vizinho precisa sair e o seu carro está na frente da casa deles. Vai lá tirar. - avisei e ele assentiu e se levantou da cadeira.

O que o seu carro está fazendo lá, Jefferson? - minha mãe questiona.

— Eu estava limpando a garagem, tive que colocar lá. - explicou ele.

Voltei à porta da frente.

— Ele está indo. - eu digo para a garota e ela assente.

Ela se afastou um pouquinho pro lado e esperou meu pai passar por nós, ela parecia querer me falar alguma coisa porque não voltou pra casa dela.

— Então você gosta de ficar saindo escondida de madrugada, né? - ela diz quase susurrando e eu sorrio nervosa e o meu medo voltou, fui pro lado de fora e encostei a porta pra minha mãe não ver e ouvir nada.

— Shhh, cala a boca você não viu nada. - sussurrei de volta e ela sorriu e assentiu.

—'Relaxa, seu segredo está seguro comigo. - ela diz e eu fico mais aliviada.

— Como é o seu nome? - ela pergunta.

— Larissa. E o seu?

— Ohana.

— Nossa, é um nome bonito. - eu digo impressionada. — Diferenciado.

— Você acha?

— Ahã. É um nome raro. - eu digo e ela sorri fraco.

— Eu atrapalhei a sua janta, né? - ela diz.

—'Não, eu já tinha acabado. - respondi e olhei para os pais dela que estava conversando com o meu, não consigo olhar pro pai dela e não lembrar daquela cena nojenta. E o pior é que ela nem sabe que eu sei.

— Você vai sair junto com eles? - eu questiono.

— Não, eles vão demorar pra voltar, prefiro ficar em casa. - ela diz abraçando o próprio corpo por causa do frio.

— Você parece ser legal. Pode me passar o seu número pra gente conversar depois? - eu peço.

Na verdade, o motivo que eu queria pegar o numero dela é a cena daquele dia ainda que ainda passa na minha cabeça. Eu queria que ela tivesse alguém se precisasse de ajuda e apoio pra denunciar.

- É... Eu não tenho um celular. - ela diz e eu arregalei os olhos.

- O que???- eu pergunto sem acreditar e ela assente.

- É difícil de explicar, basicamente ninguém lá de casa tem um, além do meu pai... - ela diz.

Para minha infelicidade, meu pai se aproximou com o carro pra guardar na garagem e eu teria que encerrar a conversa pra ele não notar a nossa proximidade.

— Tenho que entrar. - falo mais séria e olho pra ela.

— Tudo bem, tchau Larissa. - ela diz e acena.

— Tchau. - aceno de volta e espero ela começar a andar pra entrar em casa.

Uau! Nem eu acredito que socializei com uma humana nova.

A garota que agora eu descobri o nome, é baixinha de perto, acho que a testa dela bate certinho no meu nariz.

Ohana.

Ohana não é um nome muito comum no Brasil pelo o que eu me lembre, acho que ela é a única pessoa que eu conheço com esse nome.

Ohana usa um perfume muito bom.

Mas uma coisa que me chocou foi ela não ter um celular. Quem nesse mundo não tem um celular hoje em dia? Acho que ela só não quis me passar o número e inventou essa desculpa.

Ou talvez os pais dela sejam aqueles que são contra a tecnologia. Ou deve ser alguma coisa de religião ou sei lá. Não entendo muito sobre isso e também nem sei se tem alguma religião que proíba o uso de celular.

Que bom que ela parece estar bem, ela até sorriu.

Com Amor,
Larissa.

Keep Swimming - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora