Larissa 23

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Larissa:

Estou deitada na minha cama desde o almoço sentindo uma dor horrível no pé da barriga desde que eu comi. Ainda tenho algumas horas pra me arrumar e ir para o evento da minha amiga Gkay, ela me convidou pra cantar lá e eu aceitei. Passei o dia inteiro deitada pra ver se essa dor passava e nada ainda, tomei remédio pra gases pra ver se resolvia, mas não era. Eu estava conversando com Ohana agora por mensagem, estávamos aumentando o contato durante a semana e eu estava amando me sentir próxima dela novamente, esperei muito por isso.

Às vezes mandamos mensagem uma pra outra mesmo sem ter assunto, só pra dizer "oi" mesmo, e aí engatamos um "tá fazendo o que?" e assim o assunto flui. Esses dias a gente até fez uma chamada de vídeo, o motivo foi que ela estava querendo fazer uma torta que viu na internet e me pediu ajuda já que eu sou uma ótima chefe de cozinha. (Ohana só não queria colocar fogo na casa mesmo. Agora ela digitou que acabou de chegar do trabalho e está fazendo a janta. Antes que eu pudesse perguntar o que ela iria jantar, senti outra pontada no pé da barriga, dessa vez mais forte que última vez, que foi a um minuto atrás.

Morro de medo de que isso seja algum problema que deu na minha cirurgia. Descobri a endometriose e fiz a cirurgia meses atrás, só que agora essa dor voltou e detalhe 1) faz meses que não transo com alguém então não era pra estar dando problema, 2) tenho um show hoje, não posso estar com dor.

Volto a atenção pro celular enquanto respiro fundo como se isso fosse fazer a dor parar, mas ela não para, está piorando. Me sento devagar na cama e digito para Ohana perguntando o que ela vai jantar. Sinto outra pontada e dessa vez é muito forte, fico assustada e encosto os dedos onde está doendo, está dolorido e meio... duro? Que merda é essa. Outra pontada. Antes que Ohana me respondesse, digito outra mensagem.

Eu: Estou sentindo uma dor terrível na barriga
Eu: Hoje mais cedo era só uma dorzinha chata mas agora é uma dor insuportável
Eu: Vou falar com a minha mãe e jajá converso com você tá?

Me levanto da cama e assim que piso no chão tenho a sensação que tem três melancias no pé da minha barriga, penso em deitar de novo mas sinto a vontade enorme de fazer xixi e corro pro banheiro. Quando sento na privada e o xixi sai, a dor se alivia um pouco, achei que era esse o problema, até eu levantar e a dor voltar, mal consigo ficar em pé e preciso me apoiar na pia, consigo me enxugar e subir o short.

Opto por me sentar no chão e começo a chamar pela minha mãe, gasto toda minha força gritando o mais alto possível, a porta do quarto está fechada e minha mãe está lá embaixo. Grito mais uma vez usando 101% da minha força e levo a mão até onde dói, finalmente acho que ela escutou porque escuto os passos de alguém se aproximando.

— O que aconteceu? - minha mãe diz desesperada entrando no banheiro. Sua cara de sono explica o porque de tanta demora.

— Chama o Rodrigo, preciso ir para o hospital. - falei fechando os olhos sentindo a dor. — Tá doendo mãe, vai logo, liga para o Rodrigo.

— Eu te levo, o Rodrigo vai demorar pra chegar. - ela diz me ajudando a levantar e eu me apoiei no ombro dela e começamos a sair do banheiro.

— Larissa, você está chorando? Fica com os olhos abertos. Bob!!!

— Vamos logo, não to chorando não... - digo descendo as escadas de pressa me apoiando.

De repente, já estávamos no carro. Escuto minha mãe falando sobre a injeção de endoscopia. Depois, não sei mas minha visão escurece. Escuto movimentos e vozes ao meu redor mas não consigo abrir os olhos de imediato. Às vozes parecem estar distantes e vão aumentando a cada segundo. Luzes incomodam meu rosto e eu vou abrindo os olhos aos poucos, minha cabeça está um pouco inclinada para o lado. Forço meus olhos para eles se abrirem mas eles não me obedecem de primeira, demoram segundos longos. As vozes agora não estão tão altas mas ainda não consigo saber de quem são. Quando consigo abrir os olhos, olho para o teto e vejo luzes típicas de um hospital e lembro do que aconteceu antes. Só lembro que estava sentindo dor, minha mãe me ajudou a levantar do chão, estávamos no carro e depois que chegamos aqui tudo se tornou um borrão preto.

Keep Swimming - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora