Querida Mariah Carey 17

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Querida Mariah Carey,

Depois de um dia totalmente chato e entediante, o rastro de luz vermelha invade o meu quarto e me arranca um sorriso. Me levanto e tranco a porta, apareço pela cortina e faço um sinal de que ela pode vir. Ohana vem e entra e me dá um abraço e um selinho rápido.

— Precisamos conversar. - Ohana diz me olhando.

Não gosto quando as conversas começam assim.

Nos sentamos na minha cama e eu me encostei na cabeceira. Ohana se sentou em meu colo como de costume e eu fiquei alisando sua cintura, dando confiança e esperando que ela falasse.

— Eu tomei uma decisão ontem, talvez seja a decisão mais importante da minha vida. - Ohana diz e eu noto o nervosismo estampado no rosto dela.

— Pode falar. - falei calma e comecei um carinho em suas coxas. Ohana respira fundo e começa a brincar com o cordão do meu moletom.

— Eu vou voltar para o Brasil. - ela solta e levanta o olhar pra me olhar e eu engulo seco.

Fiquei sem palavras por alguns segundos, não esperava por isso assim, do nada.

— Aconteceu mais uma vez ontem... - ela diz com o semblante triste e encosta a testa na minha.

— Foi por isso que não conseguiu vir aqui? - pergunto e ela assente.

— Eu não estou conseguindo aguentar mais... Eu achei que ia conseguir, mas eu não consigo. Ontem ele usou toda força dele contra mim. Foi depois que ele e minha mãe tiveram uma briga.

— Você está machucada? - eu pergunto preocupada e seguro a mão dela, abaixo o olhar para o corpo dela.

— Não por fora, o que mais dói é por dentro... - ela diz e eu abraço ela sentindo a dor em mim. — Não queria ter que te deixar sozinha aqui, mas não sei se vou conseguir aguentar muito tempo, meu amor...

— Não, nem pense em falar uma bobagem dessas. Calma, tá? Não pensa em mim agora, pense em você, você está mais do que certa. - eu digo deixando um selinho demorado em seus lábios. — Você arranjou uma solução, não foi? Como você vai pro Brasil? - eu digo jogando os cabelos dela pra trás do ombro.

— Eu falei com a minha madrinha que mora lá no Rio, tudo no sigilo. Meus pais não sabem e ela prometeu não falar nada pra eles. Minha madrinha vai me deixar ficar na casa dela por um tempo, até eu conseguir me estabilizar em um emprego e conseguir alugar uma casinha pra mim...

Então já estava tudo decidido. Eu não posso e nem tenho direito de ficar triste com isso. E eu não estava. Ohana estava agindo, estava tomando uma atitude. Eu só preciso apoia-la nesse momento, é tudo que ela mais precisa, a última coisa que ela pode fazer é desistir dessa ideia.

— Isso é ótimo! Quando você vai? - pergunto e deito a cabeça em seu peito enquanto ela acariciava o meu rosto.

— Daqui 3 semanas.

Respirei um pouco aliviada, mas me senti egoísta no exato momento. Quanto mais antes ela viajasse e ficasse longe daquele idiota, melhor. Mas daria pra mim me despedir dela direito agora, pelo menos.

— Já tem passagem? - pergunto.

— Sim. - ela diz e me abraça.

Assenti e abracei a cintura dela, enterrei meu rosto em seu pescoço e comecei a deixar beijos no local, era o meu hobby favorito. Finalizei com um beijo logo abaixo da orelha.

Keep Swimming - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora