Querida Mariah Carey,
Oi Mariaah, demorei mas apareci.
Eu não gosto de vir aqui só pra escrever que eu fiquei estudando, ou assistindo filme, ou qual lugar que eu decidi ir de madrugada. Mas aconteceu uma coisinha nova, eu fui flagrada fugindo.
Sabe a garota loira?
Hoje de madrugada, ela apareceu na varanda bem quando eu estava pulando, literalmente eu estava pendurada e depois eu pulei pra caçamba. Deve ter sido uma cena bem estranha de se ver.
Quando desci da caçamba de lixo, levantei a cabeça e olhei pra ela, eu estava morrendo de medo dela ir fofocar para os meus pais. Eu levei o dedo indicador até a boca, fazendo um sinal de silêncio.
Ela passou o zíper imaginário na boca e sorriu leve pra mim, guardando o meu segredo. E depois voltou a fumar algo que parecia um cigarro eletrônico ou um vape, não sei diferenciar.
Essa menina já tem um ponto negativo comigo, odeio pessoas que fumam qualquer tipo de coisa, odeio o cheiro, a fumaça, tudo que envolva fumar ou drogas.
Provavelmente um trauma por causa da minha irmã que era viciada nisso. E bem, ela morreu por causa disso.
Essa foi a primeira vez que eu vi a vizinha depois daquela cena que eu vi dela com o pai dela, e ela aparentava estar bem agora. Sem choro ou cara de abalada. Ainda bem, porque eu estava preocupada com ela e eu odeio ficar preocupada com os outros, principalmente quando não posso me aproximar.
Acho que ela não é uma ameaça mesmo, ela não parece ser uma loira fofoqueira como eu pensava.
Depois disso, eu coloquei a toca e sai dando passos silenciosos até começar a correr, indo em direção ao meu destino.
Passei boa parte do tempo na praia, andando pela areia e sentindo aquele vento gelado. Não tem nada mais relaxante do que ouvir o barulho das ondas à noite, hoje eu precisava de um violão pra cantar lá.
Essa é a minha melhor terapia.
Com Amor,
Larissa.
