Larissa:
O começo da nossa fase em Oregon estava uma delícia, nossa casa estava linda, toda prontinha do jeito que eu e Ohana planejamos. Escolhi essa casa pela vista dela, dá pra ver o horizonte todo e a parte de trás da pedra onde eu e Ohana vamos quando se precisa. Estamos há 5 meses morando aqui em Oregon e a paz é inigualável, precisávamos muito disso, eu principalmente sinto. Ohana já era desapegada com o celular, agora tá mais ainda. Eu estou mexendo bem pouco ultimamente, só pra responder as pessoas e ver alguns memes, nada mais que isso.
Ohana entrou em uma jornada desafiadora, agora que a situação do útero dela está piorando. Em um dia aleatório da semana ela acorda morrendo de dor, a gente corre pro hospital, lá ela toma medicamentos que fazem passar, então dormimos no hospital e no outro dia voltamos pra casa, e se repete esse ciclo. Já aconteceu quatro vezes desde que moramos aqui, e ser acordada com ela chorando de dor não é nenhum pouco legal, só falto chorar junto. Não gosto de ver ela sofrer, não gosto de ver ela triste, não gosto de saber que ela pensa que vai morrer. Ela não pode morrer...
Eu sabia que isso iria acontecer uma hora ou outra, as inseguranças dela voltando tudo a flor da pele. Ela se cobra, se diminui, chora, não consegue ficar comigo, se acha feia o tempo todo, fala mal do próprio corpo, se afasta toda hora de mim. E eu com a maior calma do mundo, tento acalmar ela. Na maioria das vezes eu consigo, mas nessa semana tá sendo um pouco mais difícil.
— Eu quero ficar do seu lado, te ajudando, eu sei que você está mal mas porque está me tratando assim como se eu fosse uma estranha pra você? Deixa eu tentar te ajudar... - eu digo cautelosa olhando pra ela.
— Você não entende, Larissa... - ela diz reprimindo os lábios.
— Então me faz entender. - respondo subindo em cima da cama. — Conversa comigo, me conta. Além de seu amor eu sou sua melhor amiga, amor, conversa comigo? - peço e ela não diz nada, mas não nega. — Vem cá. - eu digo passando pro lado e sento na cama, me encosto na cabeceira da cama e olho pra ela. — Senta aqui. - eu digo batendo a mão na perna, chamando pra sentar no meu colo.
— Vida... - ela resmunga olhando pra mim.
— Vem... a gente sempre conversa assim. - eu digo leve e ela segura minha mão e se levanta, se senta no meu colo com uma perna de cada lado. — Fala pra mim, hum? Te dou todo ouvido. - digo alisando as costas dela. — Porque você está com tanta roupa? Você nem gosta. Essa não é a Ohana que eu conheço, a minha Ohana nem usa isso aqui... - eu digo descendo as mãos e começo a fazer carinho na coxa dela, que por incrível que pareça estavam cobertas com calça legging.
— Eu tô me sentindo horrorosa. - ela diz querendo voltar a chorar. — Acho melhor a gente não ter essa conversa, eu não quero.
— Vida, cara, olha pra mim... - digo segurando o rosto dela. — Presta atenção, sou eu! Sou eu aqui, poxa... Comigo você pode falar... - digo franzindo a sombrancelha. — Ajuda vai, deixa eu tentar te entender, por favor?
— Eu tô muito feia, minha pele está toda sensível, eu tô cheia de estrias, olheiras... Você não enxerga? - ela diz chorosa, espero pra ver se ela vai dizer mais alguma coisa, mas diz nada.
— Isso é por causa do tempo, vai sair, meu amor. Você continua linda, não precisa ter vergonha disso. - digo sincera.
— Isso NÃO vai sair Larissa, eu estou doente, merda! Eu vou começar a ficar cada vez mais horrorosa, você não entende, sério??? - ela diz me olhando enquanto as lágrimas já escorrem pelo seu rosto.
— Isso é mentira, não fala assim.
— E-e-eu nem consigo olhar direito pra mim, pro meu corpo sem sentir... nojo! Eu nem consigo mais ficar pelada na sua frente Larissa... - ela diz apertando minha mão. — Sabe o que é não conseguir tirar a roupa perto da minha mulher??? Olha onde isso chegou...
