Larissa 26

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Larissa:

— Não autorizaram. - Carina diz entrando no meu escritório.

— NÃO? - me levanto de pressa da cadeira.

— Não... Juro que tentei dar o meu máximo Ani... - ela solta um suspiro frustado e se senta no sofá e começa a tirar a bota. — E na sua reunião?

— A mesma coisa de novo. - respondo e fecho os olhos sentindo a raiva me consumir por inteira. — Isso não vai ter fim? Vão ficar barrando meus projetos pra sempre? - digo irritada e dou um tapa no notebook fazendo ele fechar. — Que merda...

Pego minha bolsa e minha jaqueta e deixo a sala pra trás em passos rápidos. Minha vontade agora é subir lá e quebrar a cara de todos eles, bando de idiotas. Escuto os passos de Carina atrás de mim e desacelero os passos pra ela conseguir me alcançar.

— Precisamos fazer um acordo e...

— NÃO! Não quero fazer acordo outra vez, é isso que eles querem. Eles querem que eu me ajoelhe e implore, eu não vou ficar me humilhando pra poder lançar minhas próprias coisas Carina, não vou! - digo apertando o botão do elevador diversas vezes.

— Ninguém vai precisar se humilhar, fica tranquila. Vou conversar com os meninos e vamos tentar achar uma solução melhor. - ela diz e o elevador finalmente chega e nós entramos.

— Eu não quero ter que renegociar, você não entendeu ainda? - digo séria olhando pra ela e aperto o botão do térreo.

— Se você realmente quiser continuar com esse projeto, vai ter que ter acordo, Anitta. Eles deixaram isso bem claro nessa reunião, você mesma ouviu.

— Mas isso não é justo amiga... eu não quero. - digo e suspiro sentindo meus olhos quererem encher de lágrimas. E de repente toda aquela raiva se torna uma onda de tristeza.

— Não é nem um pouco justo meu bem, todos nós sabemos disso. Mas infelizmente essa é nossa única opção nesse momento. - Carina diz e eu suspiro passando a mão pelos cabelos.

— Pede para os meninos pensarem em uma proposta boa então, tá? Dá um toque neles. - digo levantando o olhar pra ela. — Não quero sair perdendo nisso e preciso que vocês me priorizem nesse acordo. Se for pra gastar milhões e não ser valorizada, eu não quero, não vale a pena. Se a melhor opção for cancelar esse projeto pode ser, eu aceito... Eu já estou cansada mesmo. - digo e saímos do elevador.

— Não vamos perder as esperanças, tá? Sei o quanto você estava animada por isso. Vou ver o melhor que possamos fazer e vou te comunicando. - ela diz e eu assinto.

— Tchau Ca, até segunda. - digo acenando pra ela e vou andando em direção ao meu carro acelerando os passos cada vez mais.

No escuro do carro sozinha sem ninguém por perto eu me permito chorar. Coloco tudo pra fora enquanto descanso a cabeça no volante, ainda parada no estacionamento. Lágrimas com mistura de ódio frustração e tristeza. Chorar de raiva é uma das piores sensações ainda mais pra mim que detesto chorar por qualquer coisa. Passei uma sexta-feira inteira dentro desse prédio, entrando e saindo de várias reuniões, andando de sala em sala, passando horas apresentando os meus projetos pra essa gravadora infeliz, para no final do dia eles não aprovarem nada e não dar nenhum motivo plausível além de dizer que não queriam investir o dinheiro deles comigo porque achavam que a minha ideia não ia dar lucro. Tudo bem achar isso entre um projeto e outro, faz parte eu sei, mas eles estão fazendo isso comigo constantemente em relação a tudo que eu proponho e isso é tão injusto, eles não querem me apoiar em nada, nem nos meus lançamentos, me tratam como uma total desconhecida nessa empresa. Se arrependimento matasse eu já estaria a quinhentos palmos abaixo do chão. Pior escolha da minha carreira foi entrar e assinar contrato com essa gravadora. Me sinto uma completa ninguém toda vez que piso nesse prédio, ter que provar meu potencial para um bando de homens toda vez é um saco, é cansativo, é desgastante. Eles sugam toda a minha energia por inteiro a troco de nada e eu estou tão cansada, eu queria poder sair. Só preciso ir pra casa, só quero ir pra casa, pro meu conforto com meus cachorros.

Keep Swimming - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora