Larissa:
Me estico pela milésima vez naquela noite, sinto minhas costas doerem por causa da posição que eu estava naquela poltrona. Vejo que já estava amanhecendo, e finalmente o sono estava querendo me vencer. Pego o celular pra mandar mensagem pra Carina, e aviso que ela pode vim as 7 horas da manhã, e que eu estava sentindo sono já. Me curvo e encosto a testa na maca novamente, e fico de olhos fechados esperando o tempo passar, enquanto murmurava uma melodia.
(...)
Acabei cochilando e sinto a mão de Carina mexer no meu cabelo, estava tão confortável que eu pensei ter achado a cura da minha insônia. Abro os olhos e levanto a cabeça meio sonolenta, preparo pra elogiar Carina e chamar ela de mão de nuvem, mas assim que noto a mão deslizando e caindo sobre a maca, arregalo os olhos e vejo Ohana com os olhos abertos. Era a mão dela. Me levantei o mais rápido que consegui daquela cadeira e praticamente voei pra apertar o botão de emergência, pra chamar as enfermeiras.
— E-ei... - sinto meu coração totalmente disparado enquanto olho pra Ohana, seu olhar encontrou o meu, mas ela parecia ainda não estar aqui, sinto uma náusea. — Tá aqui amor? V-v-oce tá me ouvindo? - pergunto segurando a mão dela, olho pro aparelho e vejo os batimentos dela subirem. Olho pra Ohana e vejo seus olhos com um tom um pouco amarelado, ela me olhava mas não tinha reação ainda. — Tá me vendo? E-eu tô aqui meu amor, eu tô aqui.... - tento ficar calma pra não acabar assustando ela com meu desespero, quando minhas mãos estão totalmente trêmulas, sinto que não vou conseguir ficar em pé por muito tempo.
Escuto a porta abrir e olho pra trás, eram as enfermeiras, aponto pra Ohana enquanto tento não me desesperar e as enfermeiras apressam os passos. Logo sou tirada de lá por uma enfermeira, a mesma enfermeira que me deu a dica de colocar música pra Ohana. Essa senhorinha depois daquele dia começou a me apoiar e me incentivar todos os dias.
Ela me faz sentar na cadeira do corredor e fecha a porta.
— E-ela tava assustada! Os batimentos dela subiram. Isso é normal? - pergunto puxando o ar bem forte. — Ela finalmente acordou né? Não vai dormir pra sempre de novo? E-la vai ficar acor-dada agora né? Fala tia!
— Ei, dona Larissa, respira!
— Me diz se ela vai ficar bem! - peço sentindo falta de ar. — Por favor!
— Ela vai! Sua esposa acordou do coma! - ela diz me encostando no banco, com um sorrisão no rosto. — Ela vai ficar bem sim e...
— V-vou poder falar com ela agora? Eu não posso ficar la dentro não? O-o que vão fazer agora la dentro? Em??? - sinto meu olho encher com meu desespero.
— Calma, você vai sim falar com ela, hoje mesmo, daqui a pouco. Se acalme. - ela pede repousando a mão sobre minhas costas. — Seu coração ta disparado, você...
— Ela vai se lem-brar de mim? Entra la, vai ajudar elas! Diz pra Ohana que eu to aqui... Por favor! - digo segurando o braço dela. — Fala pra ela que to aqui! - digo apressada, sinto minha garganta toda seca. — E eu to passando mal, v-você precisa me trazer soro porque eu vou desmaiar... - digo limpando o rosto. — Quanto tempo demora até eu poder entrar? - digo totalmente desnorteada. — Também preciso de calmante... eu... - olho pra baixo e vejo que ela já tinha furado minha veia, e que o soro estava sendo injetado. — Obrigada... e-eu vou poder entrar né?
— Sim, agora SHH! Preciso que você respire fundo! Quer que Ohana te veja assim desse jeito, quer? - ela diz e eu começo a negar com a cabeça. — Então se acalme, como quer falar com ela desse jeito? Se acalme... respire fundo. - ela diz e eu obedeço.
— Ela vai se lembrar de mim? Ela pareceu não me conhecer quando me olhou...
— Ela irá sim se lembrar de você, Larissa, ela não perdeu a memória. - ela sorri ladina tentando me tranquilizar. — Ohana tinha acabado de acordar, nada fazia sentido no cérebro dela... A essa altura, ela ja deve estar se lembrando.
