Ohana 13 (part2)

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Ohana:

"Alô?" - ela atende no quarto toque e eu senti um alívio enorme, sensação de estar segura só de ouvir a voz dela. Escuto ela falar com alguém no fundo. — "Eu não sei quem é, esse número já me ligou hoje. Alô?"

Comecei a me tremer por não consegui falar nada, levei a mão até a boca quando soltei um grunhido de dor, eu não queria fazer barulho pra não acordar Josh e tudo virar um pesadelo outra vez.

"Cara, olha só, se for trote..." - Larissa diz e fica em silêncio depois que escuta o meu choro baixo. — Que porra tá acontecendo aí? Tá me passando trote a essa hora? Não tem mais o que fazer?

"Cal... — tento alertar pra ela não desligar mas sou impedida pelos soluços e tampo a boca mais uma vez.

"É você, Ohana?" - ela pergunta e seu tom de voz se torna apreensivo.

Eu só precisei falar meia sílaba pra ela perceber que era eu. Como ela consegue fazer essas coisas?

"Lari-ssa eu..." - digo sussurrando e minha voz começa a falhar.

"Shhhh, mantém a calma e respira, Ohana." - ela diz e escuto ela se afastar do lugar com barulho das vozes das pessoas. - "Onde você está?"

"Vo-cê vai conseguir vir?" - pergunto baixo e abraço minha perna, sinto queimar e me afasto com rapidez pressionando os olhos.

"Consigo. Onde você está?" - pergunta. - "Mas respira bem fundo pra conseguir falar ou eu não vou entender nada, tá um pouco barulhento aqui. Se acalma.

Comecei a respirar bem fundo pra conseguir me acalmar e passar o endereço pra Larissa, o andar e o número. Consigo escutar o barulho do chaveiro dela, enquanto ela corre do outro lado da linha.

"Chego aí em vinte minutos no máximo! Fica quieta onde você está!"

"Quando você chegar, bate na porta devagar, por fa-vor" - peço. — Vou avi-sar o porteiro, é só su-bir.

Quando desliguei, já estava um pouco mais calma pra pensar, mas não conseguia parar se soluçar. Ela pediu pra mim ficar parada mas é impossível, não quero que ela veja o estado deplorável que eu estava agora. Voltei para o quarto em silêncio na ponta dos pés, olho para o Josh e vejo ele dormindo na mesma posição. Entro no banheiro, tranco a porta e suspiro. Pego a maleta de primeiro socorros e vou até a pia, tomo um susto quando me olho no espelho e vejo meu pescoço com sangue seco que tinha escorrido, não sabia que eu estava desse jeito, eu estava muito fora de mim pra poder sentir a dor. Me aproximei pra ver o local do corte e não parecia grave e nem profundo, era parecido como se um gato tivesse me arranhado e a unha tivesse pegado bem em cheio. Meu maior medo é ter que levar pontos no rosto e ficar aquela cicatriz horrível depois. Liguei a torneira e comecei a lavar meu rosto tentando fazer o mínimo de barulho possível. Que dor infernal. Peguei o algodão na maleta e molhei, pressionei contra o corte, o corte se iniciava perto do meu queixo e terminava quase perto da clavícula. Agradeci tanto por não ter sido profundo.

Voltei para sala e só agora parei pra reparar o quanto ela estava destruída. Tinha calcinha e sutiã que não eram meus. Eles transaram aqui também, e não foi só com uma mulher pelo visto. Comecei a me odiar por ter deixado isso acontecer com a gente, principalmente comigo, bem na minha casa. Não tinha psicológico mais nem pra arrumar essa sala cheia de vidro. Não faço questão de tentar manter uma boa impressão agora, Larissa vai me odiar de qualquer jeito.

Treze minutos depois eu escuto duas batidas fracas na porta e me viro rapidamente assustada. Respiro fundo tentando controlar as emoções agora nesse momento, e as lágrimas que meus olhos queriam transbordar. Caminhei até porta e engoli o choro, tentei até sorrir durante o percurso, mas em vão, porque quando eu abri e vi Larissa ali, eu desabei em lágrimas.

Keep Swimming - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora