005: Confusão.- 2019.

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Isabelle Borges
Fevereiro, 15:22

— Você vai sair hoje, chocolate?– Minha vó questiona, enquanto mexe o brigadeiro na panela.

— Vou vó!– Respondo, concentrada nos morangos que estou cortando.– Vai ter um show do David, e um amigo meu vai que cantar lá.

— Que amigo é esse?!

— Conheci ele pelo próprio David, ele é incrível– Dou um sorrisinho pela minha vó não estar vendo.– Ele é baiano, inclusive.

— E ele é só amigo mesmo?!

— Sim...

— Dona Isabelle...

— Dona Marcia...

— Desembucha, chocolate.– Minha vó diz, desligando o fogo.

— Ah, estamos nos conhecendo melhor. Mas tipo, parece que já nos conhecemos a anos, parece que uma luz acende quando estou falando com ele, ou quando ele me toca, é estranho.

— Jura?– Os olhos da minha vó imediatamente brilham.– É como se fosse um...

— Imã? Isso!– Dou risada.

— Chocolate, e se eu te falar que eu e seu avô sentíamos exatamente isso?!

— Vó, não viaja.

— É sério! Não precisou nem de muitos encontros.– A mais velha sorri, ainda, apaixonada.

— Sério?

— Seríssimo!

— Eu estava com medo de parecer uma emocionada, estava tentando me conter o máximo.

— Meu amor, o mal do jovem é ter medo do que os outros vão achar, vocês acham que estão se blindando, mas só ficam vulneráveis tentando esconder o que sentem.– Minha avó acaricia minha mão.

— Eu te amo, vó.– Sussuro, sorrindo.

— Eu te amo o infinito!

— Eu também amo vocês, viu!– Minha melhor amiga entra pela porta da cozinha, animada.

— Oi, Helo!– Digo, sorridente.

— Como você está, Lolo?

— Tô bem, vozinha!– A morena dá um beijo no topo da cabeça da minha vó, e depois na minha.

— Não chama minha vó de vozinha, eu sou ciumenta!– Digo, e ambas dão risada.

— Vamos nos arrumar logo, Belle!– Minha melhor amiga diz, animada.

— Antes de vocês irem, só me deixem mostrar uma coisa.– Minha vó diz, se levantando.

— O que?!– Questionamos, curiosas.

Então, a mais velha levanta um pouco da sua camiseta para mostrar sua costela, relevando uma tatuagem meio pequena escrita "maktub".

— Chocolate, eu fiz ela com seu avô quando tínhamos dezessete anos. Nunca nos arrependemos dela. Nunca esqueça de maktub, ela é para ser sua também.

— Caralho!– Eu e Heloísa dizemos em um unisso, em êxtase.

— Nunca esqueça de Maktub, chocolate.

— Muito obrigada, vó, de coração.– Sussurro.

Então, eu e a Lolo vamos até meu quarto nos arrumar.

— Ainda não me acostumei com esse quarto enorme.– Minha melhor amiga diz, enquanto faz uma pequena maquiagem em mim.

— Pior que nem eu, tá maluco. Essa vida não é pra mim, não.

Maktub, sinônimo do destino.- Teto.Onde histórias criam vida. Descubra agora