001: Prazer, baiano!- 2019.

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Isabelle Borges
Janeiro, 18:24.

— Dex!– Dou um abraço em meu amigo, quando ele abre a porta de sua casa para mim.

— Pra você é jovem dex.– O garoto diz tentando manter seriedade, mas logo da risada.

— Bobão.– Adentro seu apê.– Obrigada por ter me convidado para a resenha.

— Óbvio que eu ia te convidar, a gente é fechamento, né. Demorou por que?

— Eu to acostumada a vir pra cá lá na norte. Me mudei faz muito pouco tempo pra São Bernardo.

— Quem diria você no abc.– O trapper gargalha.– E ainda estudando em escola particular, viu.

— Vai se foder.– Lanço o dedo do meio para o garoto.– Vou ir na cozinha comer alguma coisa, mo fome.

Vou até a cozinha, e começo a fuçar, até achar algo que eu queira.

— Eai.– Ouço uma voz desconhecida, e ergo meu rosto.

— Eai, moleque. Suave?– Dou um sorriso simpático.

— To suave, mas to com a maior fome.– Ele diz em meio uma lentidão em sua voz, me fazendo dar um riso.

— Deixa eu adivinhar, você tá lombrado e é baiano.

— Ixi, malucona– O mesmo começa a rir.– Como tu sabe?

— Por causa do seu sotaque, e porque você tem a maior cara de maconheiro, e tá meio lerdão. Qual é seu nome?

— Teto.– Foi sua vez se sorrir simpático, e minha vez de rir. Rir não, gargalhar.– Ixi, que foi?

— Teto, tipo... teto?!– Eu aponto meu dedo para cima.

— É, tipo isso!– Teto começa a rir para o vento.

— Eu sou a Krait.

— Tô ligado! Você é mo famosa.

— Valeu, eu acho.

— Eu ainda tô com fome.

— Quer saber? Vou fazer um pão pro baiano.

— Valeu!

— Cê tem quantos anos?– Questiono pegando os ingredientes, e teto se aproxima, se sentando em um banquinho, perto de mim.

— Dezessete, ainda. Mas esse ano eu faço dezoito!

— Maneiro!

— E tu?

— Tenho quatorze, ainda– Dou uma risada, ao imitar sua fala.– Mas esse ano faço quinze.

— Vish, tu é novinha.

— Mas bem vivida, eu não sou boba, telhado.– Arrasto o prato com o sanduíche para o garoto, e me sento ao seu lado.

— Telhado?!– O garoto franze o cenho.– Esse aí é foda.

— Você canta trap também?

— Sim! Entrei na gravadora do Dex, tô felizão.

— Que massa, parabéns! Cê veio para São Paulo, então?

— Não! Ainda moro na minha Bahia.

— Em que parte?

— Vish– Teto ri.– Você nem vai conhecer, é em Jacobina.

— Ah...– Dou risada.– Eu não conheço mesmo.

— Quatro mil habitantes.

— Caralho. Deve ser ruim, todo mundo conhecer todo mundo.

— É a maior fofoca, sério! Eu me sinto vigiado.

— Ah, claro!– Levo minhas mãos ao rosto, rindo.

— Teu sorriso é lindo.

— Valeu, Telhado.

— E seu pão tava muito bom, Valeu!

— Qual é o teu nome verdadeiro?

— Tá malucona? Precisa muito mais do que um lanche pra eu te contar qual é meu nome.

— É tão ruim assim?!– Franzi meu cenho.

— Pior que é.

— E como eu faço pra descobrir?!

— Precisa me conquistar.

— Porra, baiano, você ainda não está com toda essa bola não, viu!– Dou risada.

— Você ainda vai ver que eu estou!

Maktub, sinônimo do destino.- Teto.Onde histórias criam vida. Descubra agora