007: Quem ele pensa que é?- 2019

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Isabelle Borges
Abril, 21:45

— Faz alguma diferença?– Questiono, quando saio da cabine de música.

— Muita.– Kevin diz, como se fosse óbvio.

Me sento ao seu lado, no sofá do estúdio.

— Tu tá indo conhecer a família do cara.– Hariel explica, e logo depois dá um gole em sua bebida.

— Se fosse aqui do lado, beleza! Mas você vai 'pra Bahia, mano!

— O que vocês querem com isso?!

— Que você assuma que está apaixonada.

— A mina tá apaixonada. A regra é clara, se pegou um avião pra ver a pessoa, vai casar.

— Eu já disse que eu não gosto de vocês? É, eu não gosto de vocês.

— Vamo meter o pé– Kevin levanta derrepende, fazendo-me franzir o cenho.– Que foi? Temos festa pra ir.

— Vamo logo, então!

— Eu dirigo na ida!– Hariel diz.

— Nem vem– Kevin resmunga.– Já avisei que eu não vou dirigir depois.

— Chatão, hein.

(...)

— Que saudade, Isa!– Cabelinho diz me abraçando, enquanto toma cuidado para não derrubar a bebida do seu copo.

— Faz mó cota que você não vinha 'pra cá, Vitinho.– Digo ao meu parceiro.

A festa de hoje vieram vários cantores cariocas, inclusive o cabelinho, que desde o começo da minha carreira sempre foi fechamento comigo.

— Olha que eu tava pensando em ficar de mec lá em casa, 'mermo. Mas aí eu pensei, pô, eu sou um amigo muito bom, né. Vou fazer a boa da minha presença.

— Tá se achando muito, Vitor. Tu tá na minha terra, viu?! Cuida!

— Jae!– O Carioca diz, rindo.

— Belle!– Xamã se aproxima, empolgado.

— Eai, Xamã, cê tá bom?

— Eu to! Não sabia que tu vinha.– O mesmo diz, embolado, pelo álcool que ele deve ter ingerido.

— Eu que diga, né?– Dou risada.– É dois pulo 'pra eu chegar aqui na vitrine.

— Ou, tu tá tirando onda com as suas músicas!

— Né! A mina tá gastando demais.

— Valeu, gente!– Sorrio, orgulhosa.

— Tu ainda vai ser gigante na cena, só não esquecer de onde você veio.

— 'Tá maluco? Eu posso até ter saído da quebrada, mas ela nunca vai sair de mim. Só eu sei o que eu vivi.

— 'Caraí!– Vitor exclama.– A mina rima até sem querer.

— Então!– Xamã dá risada.– Lançou um free aqui 'pra mim, do nada.

— São ócios do ofício!– Digo, convencida.

— Aproveita que você é a boazona, e pega uma dose 'pra mim, por favor.– Cabelinho faz cara de cachorro pidão.

— Só porque eu tô boazinha hoje, Vitor.

Me levanto do sofá, e começo a andar até o bar.

Mas no meio do caminho eu trombo com alguém, fazendo uma bebida derramar em mim.

— Tu não olha por onde anda, não?!– O tal do Felipe Ret, diz.

— Ixi, 'tá besta, cara? Foi sem querer, fora que também é sua culpa.

— Que mina convencida.– O cara revira os olhos.

— 'Cê me pegou 'pra Cristo, né? Eu hein.– Passo pelo carioca trombando propositalmente em seu braço.

— Quem esse folgado pensa que é?!

Maktub, sinônimo do destino.- Teto.Onde histórias criam vida. Descubra agora