002: Viciante.- 2019.

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Isabelle Borges
Janeiro, 13:10

— O que você quer para beber, florzinha?– Mãe de Hariel questiona, enquanto acaricia minha cabeça.

— Pode ser suco, tia!

— Ixi, e eu, tia?!– Kevin cruza os braços.

— Eu que sou seu filho, viu, mãe.– Hariel franze o cenho.

— Mas vocês são a Isa? Acho que não!– Mariah diz, e eu começo a rir.

— Que palhaçada!– Os meus dois melhores amigos dizem em um unisso.

Hoje o Hariel está fazendo um churrasco na casa dele, e como sempre, eu vim.

— Eai, Isa, quais são suas considerações pra esse ano?– Kevin pergunta me abraçando.

— Sei lá– Torço meus lábios.– Nunca nem ia imaginar a um ano atrás que eu estaria onde estou. Não que eu seja alguém importante.

— Eu sinto um chamado no meu coração.– Mariah me dá o copo de suco em minhas mãos.– Você ainda vai muito influente. Mas nunca perca sua fé e dignidade.

— Eita porra!– Hariel sorri.– Quando minha mãe sente as coisas é pra valer, viu.

— Muito obrigada, tia. Pode deixar que eu vou lutar muito.

O pessoal volta a conversar, mas eu me distraio quando recebo uma mensagem.

Tiro o celular do meu bolso para ver quem é, e sorrio ao ver quem me mandou mensagem.

Telhado

Eai, Isinha!
Tudo bem?

Oi, teto! Eu to bem, e você?

Tô bem, bichinha!
Tá ocupada?
Quer fazer algo?

Algo tipo?

Sei lá, véi.
É que eu vou voltar pra
Jacobina amanhã.

E você quer me ver antes de ir?
Você pode fazer taaanta coisa
de interessante.

Exatamente, por isso to te chamando!

Beleza.
Eu topo!

Ó, quando eu venho pra São Paulo
fazer algo, eu fico na casa do Dex.
Se quiser vir pra cá, ele não tá aqui.

Já já eu colo aí!

Eu bloqueio meu celular, olho para os garotos e para a irmã de Hariel.

— Vou embora.

— Já?!– Os três dizem em um unisso.

— Vou encontrar com um amigo.

— Que amigo?!– Kevin questiona, como um irmão mais velho protetor.

— Vocês não conhecem!– Dou um beijo na cabeça dos três.

— Juízo!– Hari e Kevin dizem.

Me despeço de Mariah, e vou em direção a casa de Dex.

Demora um pouco já que eu vou de metrô, e a casa do Hari e do Dex não são próximas.

Mas quando eu chego, eu já subo para o décimo andar do prédio, no elevador.

Quando chego, eu toco a campainha.

— Eai, Isa!– O garoto me abraça, quando abre a porta.

— Eai, Tetinho.– Digo, adentrando a casa.– Você não vai me sequestrar, não é?!– Dou uma risada.

— Só se você roubar a minha maconha.

— Fica tranquilo, maconheiro! Eu ainda não fumo para sua sorte.

— Ah, bom!– O garoto dá risada.

— Seus pais são tranquilos em você ficar aqui em São Paulo com um amigo?– Me sento no sofá, e Teto se senta ao meu lado.

— Eles ficam meio pá, né. São Paulo e Jacobina são cidades completamente diferentes. Mas eles não querem se mudar de jeito maneira, então tiveram que se acostumar. Fora que eu nem venho tanto assim pra cá.

— Então eu quase não vou te ver?

— Você já está pensando em me ver mais?!

— É só curiosidade!– Dou risada.

— Aham, sei. Quer ver você ficar com saudade?

— Ah, tá! Quero ver.

— Então, olha.– O baiano sussurra, e ataca meus lábios.

Eu apoio minhas mãos em sua nuca, e ele põe as suas em minha cintura, a apertando um pouco.

Quando nossas línguas começaram a passear juntas, e como se tivesse tido uma explosão.

Como se fosse o melhor beijo da minha vida.

Como se nossas bocas se encaixassem como um quebra-cabeça.

E acho que Teto sentiu a mesma coisa, já que logo ele se arrepiou. Logo quando ele se arrepiou, eu dou um sorriso contra o beijo.

E uma das minhas mãos começaram a passear por seu cabelo macio.

Teto me puxa para seu colo, e encaixo minhas pernas ao seu redor.

O garoto continua acariciando minha cintura, enquanto me beija. E só paramos de nos beijar, quando nos falta ar.

— Cê tem que ser lá da Bahia mesmo?!– Sussuro, com humor em meu tom de voz.

— Consequências, né. Não é só de qualidades que vive o homem.– Ele diz, e eu gargalho.

— Você se acha muito!

— Ou! Você só me fez falar coisa sobre mim, e nem falou sobre você.

— É que não tem nada de interessante sobre mim.

— Como não? Eu tô me interessando bastante.– O garoto faz uma linha imaginária com seu dedo em minha coxa.

— Ah é?– Mormuro, colando nossos lábios, de novo.

A boca do Teto vicia.

Maktub, sinônimo do destino.- Teto.Onde histórias criam vida. Descubra agora