008: Jacobina.- 2019.

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Teto
Abril, 16:24

— 'Vamo entrar, sereia?– Espremo um pouco os olhos, pelo sol que bate em meu rosto, e pelo baseado que eu tinha fumado antes da Isabelle chegar, tava pilhadão.

Eu fui buscar a Isabelle no aeroporto, e agora estamos a uns quinze minutos plantados na frente da minha casa, porque ela está com medo de "não ser aprovada" pela minha família.

Mal sabe ela que eles são tranquilões.

— E se eles não gostarem de mim, Sávio? E se eu estragar tudo?

— Bê– Seguro seu rosto com minhas mãos, e ela apoia suas mãos em meus antebraços.– Só de eu estar te trazendo aqui, e de você ter se prontificado a vir aqui, já diz muito sobre você. Não tem como não gostar de você. Tudo bem?

— Tudo bem, podemos ir.– Dou um sorriso, e beijo o topo de sua cabeça.

Eu pego sua mala e sua mão, e a guio para dentro de casa.

Quando entramos pela porta da cozinha, vejo minha mãe espiando o fogão.

— 'Chegamo, mãe.– Anúncio, e a mesma se vira para nós, sorrindo.

— Oi, dona Adriana!– Isabelle sorri, simpática.

— Oi, meu amor, como foi de viagem? E ah! Não precisa usar o dona.– Minha mãe dá uma risada.

— A viagem foi tranquila! Fora que é muito bom chegar e sentir o climinha da Bahia.

— Eu fiz um bolo de banana 'pra você comer, você gosta?

— 'Tá brincando?!– Os olhos da garota chegam a brilhar quando ela descobre o sabor.– É meu sabor favorito do mundo!

— Acertamos em cheio, então!– Minha mãe corta uma fatia do bolo.

— Senta aí, bichinha.– Arrumo a cadeira para a garota, que senta.

— Chegamos, família!– Adrielle exclama adrentrando a casa, com seu namorado.

— Oi, filha! Oi, Neyveson!

— Eai, sogrinha.– Meu cunhado beija o topo da testa da minha mãe.

— Aí, meu Deus!– Minha irmã mais velha diz, animada.– Oi, Isabelle! Eu sou a Adrielle, irmã do Cleriton, prazer.

— Prazer é meu! O bobão do Sávio não me contou que tinha irmã!

— Não contei?!– Franzo o cenho, na tentativa de recordar.

— Não!– Isabelle diz, rindo, como se fosse óbvio.

— Ixi, esqueci.– Dou risada, coçando minha nuca, quando Adrielle me fuzilada com o olhar.

— Você é filha única, querida?– Minha mãe questiona, curiosa.

— Eu sou!

— Nunca teve vontade de ter um irmãozinho?

— Um pouco, as vezes é bom imaginar mais alguém correndo pela casa.– A garota dá um risinho.

Involuntariamente, eu penso como nossos filhos seriam. Fazendo eu soltar um sorriso bobo.

Quando me dou conta do que eu imaginei, eu balanço minha cabeça, afastando meus pensamentos.

— Concordo, Isabelle!– Meu pai diz, adentrando a cozinha.– Eu também queria, viu.

— Adota um cachorro que passa!– Minha mãe leva as mãos a cintura, nos fazendo rir.

— A gente vai adotar um cachorro, então?!– Adrielle se anima com a ideia.

— Eu quero!– Digo, empolgado.

— Não! Sem cachorro, e sem crianças. Vocês são impossíveis.– A mulher nega com a cabeça, rindo.

— É o seguinte – Meu pai engata.– Vai ter uma reuniãozinha com a família aqui em casa, 'pra gente fazer um churrasco, tocar violão, cantar!

— Que horas?– Minha irmã questiona, checando as horas no celular, que marcava cinco e quarenta e seis da tarde.

— Eles chegam aqui às sete.

— Vou me arrumar, então!– Adrielle diz.– Vem, amor.

— Bora nos arrumar, sereia?– Digo um tom para que só a garota ouça.

— Vamos!

(...)

Isabelle acabou de sair do banheiro, e agora estou secando seu cabelo com o secador.

A garota está vestindo um short jeans preto, e um cropped vermelho.

E fez eu vestir uma camiseta vermelha e uma bermuda preta, já que ela que escolheu minha roupa.

— Eai, o que achou da minha família?– Questiono, a olhando pelo espelho do guarda-roupa.

— Eu achei eles incríveis– Isa se ajeita na cama, e me olha também pelo espelho.– Não tinha para que tanto nervosismo.

— Nossa, sério?! Pena que ninguém te avisou, né?– Digo com ironia, desligando o secador de cabelo.

— Para de ser besta.– Ela ri, e eu estendo minhas mãos a garota, que despeja o óleo de cabelo em minhas mãos, e passo na extensão de seu longo cabelo.

— Ou, eu já posso virar cabeleireiro, né, bê?

— Ah, claro– Isabelle dá risada da minha fala.

— É sério! 'Pra quem não sabia nem passar gel direito no cabelo, eu virei craque.

— Tem razão!– A garota negra se vira, se ajoelhando, e ergue seu corpo para ficar da minha altura, já que eu estou em pé.

Seguro seu rosto, e inclino meu corpo selando rapidamente nossos lábios.

— Você é linda.– Sussuro.– A gente vai namorar, né?

— Olha onde nós já estamos– A garota sorri lindamente.– Se você me trocar a essa altura do campeonato, eu te mato.– Minha futura-namorada diz com humor em seu tom de voz.

— Nem se eu procurasse eu iria achar uma substituta, sereia.

— Gostosa de corpo, e gostosa na postura.– Ela lança a piadinha e rimos.– Caralho!– Isa se levanta bruscamente, fazendo eu franzir o cenho.

— O que foi, maluquinha?!

— Isso dá uma rima muito boa, Sávio! O refrão... "Por isso que comigo não tem isso de disputa. Ele vai procurar, mas não vai achar substituta, gostosa de corpo e gostosa na postura", eu amei!– A garota diz, rindo.

— 'Caraí! Amassou, véi, ficou muito bom.

Maktub, sinônimo do destino.- Teto.Onde histórias criam vida. Descubra agora