011: Cachoeira nossa.- 2019.

238 22 0
                                    

Isabelle Borges
Abril, 10:27

— Bê, amarra aqui meu biquíni, por favor.– Meu namorado se aproxima, e afasta meu cabelo, logo amarrando o biquíni.– Valeu!

— Por nada, sereia.– Sávio dá um sorriso fofo.

— Vai se trocar, Sávio!– Empurro o garoto para seu guarda-roupa.– 'Cê é lerdão de manhã, hein?

— A gente podia ir mais tarde, 'né? Ficar de boa na cama. Maior chamego.– Ele se aproxima, me abraçando.

— Nada disso, eu já vou embora amanhã! Quero conhecer a cachoeira que sua mãe disse para você me levar. Qual o nome mesmo?

— Cachoeira dos amores.– Sávio diz, e sela nossos lábios.

— Vai, vai!

(...)

Sávio bateu em seu ombro matando o mosquito, e em seguida meu namorado me olhou, quando dei uma risadinha divertida.

— Te falei pra passar repelente.

— Cala a boca, véi. Te falei que eu não funciono de manhã.– Ele passa por mim, me olhando distraído, e o puxei, antes que ele batesse de cara no galho da árvore.

— Eita, como é lesadinho.– Dou risada da cara de Sávio.– Nem parece que vive por aqui.

Ele entrelaçou nossos dedos, rindo, e foi andando na frente enquanto me contava as histórias dele nessa cachoeira.

— Queria que sua família tivesse vindo.- Comentei.

— Você curtiu muito eles, né?

— Muito! Eles tem uma vibe tri boa!

— Eu falei, véi! E tu morrendo de medo dos 'coroa.

— Como se você não tivesse ficado com medo de conhecer minha família, né? Faltou desmaiar quando conheceu eles.

— Ixi, tá de marola, lembro disso, não.– Ele mormura, e dou um risinho.

O jeito carinhoso de tratar as pessoas vem, com certeza, de família, o Sávio é extremamente atencioso, como seus pais, sua irmã, e até seu cunhado, e com certeza foi isso que me fez ficar encantada por eles.

Depois de muito andármos, e de eu fazer Sávio carregar nossos óculos, chinelos, celulares e toalhas, chegamos na cachoeira.

Ou eu deixava ele levar tudo, ou eu ia me espatifar nessas pedras.

O caminho até a cachoeira foi longo, mas valeu cada quilômetro andado, a cachoeira é simplesmente incrível e linda.

— Vou deixar nossas coisas aqui.– Meu namorado deixa as coisas em uma das pedras longe da água.

— Tudo bem, bê.– Tiro meu short jeans e a camiseta, e deixo juntos as nossas coisas.

— Aí, calica.– Sávio exclamou, enquanto esfregava a mão no peito.– Que visão abençoada.

— A cachoeira é lindona, mesmo.– Mormurei.

— Pode até ser, mas minha mina é bem mais.

Abri um sorriso e me aproximei dele que já estava sem camisa, segurei seu rosto devagar e selei nossos lábios.

— Eu amo você.

— Eu amo você, minha deusa do primeiro olhar.– Ele deixou um beijo na minha testa e em seguida um nos meus lábios.

— A lua sempre vai te iluminar, bê.– Mormuro.– A lua vai nos iluminar.

— Vem que eu te ajudo a descer.– Sávio diz, estendendo a mão para mim.

Então nós descemos até a água da cachoeira.

— Aí, caceta.– O baiano exclama.– A água 'tá gelada.– Ele choraminga, juntando nossos corpos.

— Tá mesmo, bê.– Digo, e dou uma risada pelo seu drama.

— Tu é tão gata.– Ele sussurra.

— Você é mais.

— Posso te fazer uma pergunta?– Sávio questiona, nos encostando em uma das pedras, enquanto nos acostumamos com a água.

— Pode, vida.– Passo meus braços por seu ombro.

— Por que cê sempre fala que a lua vai me iluminar? Eu me amarro nisso, queria saber da onde tu tirou isso.

— A lua é muito especial para mim, sempre me senti protegida na noite por causa dela, sei lá.

— Sério, sereia, por que?– Meu namorado questiona, curioso.

— Tipo– Dou um risinho.– Eu sou meio excêntrica, diga-se de passagem, sempre gostei muito de conversar comigo mesma, para me entender, organizar ideias, e com o tempo, foi virando um custume, agora falo de qualquer coisa.

— E aí– Continuo a explicar.– Eu sempre me amarrei em falar olhando para lua, é como se ela me escutasse, tivesse comigo, me mostrando o caminho certo.

— Caralho...– Ele diz, vidrados, as pupilas chega estão dilatadas.

— A lua vive de fases, sempre lindar uma forma diferente, e mais forte. O poder da lua é o guia completo que o ensina, passo a passo, a trabalhar com as diferentes fases da Lua, aproveitando a lua nova para manifestar desejos e intenções e a lua cheia para perdoar e libertar o que já não serve. Enfim... eu quero que você siga protegido, bem forte, feliz, e sempre com pedacinho seu em meu coração, já que a lua vai sempre ser uma partezinha de mim. Por isso que eu falo que a lua vai te iluminar.

— Puta merda, Isabelle. Eu te amo é muito! Você é a pessoa mais extraordinária desse mundo.– Sávio junta mais ainda nossos corpos, como se isso fosse possível.

— Eu também te amo, amor.– Mexo em seus cabelos.

— Eu vou te levar não importa 'pra onde eu vou.

Nossa tarde foi uma delícia, me sentia no paraíso com as duas coisas que eu mais amo no mundo, cachoeira e ele.

Sentia minha energia renovada e pronta pra enfrentar todos os desafios que estão por vir com minha nova fase.

Eu amo nossa conexão, nossa vibe juntos e nosso amor, sinto que com ele nada e ninguém poderia tirar minha paz.

Segurei sua nuca e puxei ele pra mim deixando uma mordida na sua bochecha.

— Aí, vida.– Sávio resmungou, fazendo eu rir dele.– Ou, véi, não 'tô preparado 'pra você voltar para São Paulo, ficar longe de você vai ser ruim demais.

— Nada que você já não esteja acostumado, né?– Tombo a cabeça para o lado, em um suspiro.

— Quem é que se acostuma com distância? Se eu pudesse carregava tu comigo 'pra tudo que é canto.

— Não inventa, que 'tu não bate muito bem, não.– Dou risada.– Sabe o que eu acho engraçado?

— Diz!

Como eu estava sentada no meio das suas pernas ele enfiou o rosto no vão no meu pescoço e ficou me dando alguns beijos.

— As vezes eu sinto como se a gente se conhecesse há anos, mano.

— Pô, eu também! E tem só uns meses, né? Como se fôssemos destinados a ficar juntos.– Sávio diz, brincando, e rimos, mas sua fala me deixa de fato pensativa.

— Sim, e tudo porque eu 'tava com a maior fome, e porque fui muito generosa em te dar comida!

— Valeu aí, cozinha do Dex! Valeu aí, ganja da boa que eu tinha usufruído aquele dia!– O garoto exclama, e gargalhamos.

— Idiota.

Maktub, sinônimo do destino.- Teto.Onde histórias criam vida. Descubra agora