ARTURO

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Não aguento mais andar, sinto as minhas pernas falharem à medida que continuo a me movimentar, todavia continuo. Olho para o lado e vejo Louise e Maly conversando a caminho da casa, Peter somente seguindo o caminho, não aparentava pensar em nada. Observei a feição do meu melhor amigo e vejo uma barba malfeita e alguns cortes e cicatrizes recém feitos, ele está acabado.

"Hoje foi foda, irmão" Falei ouvindo um riso de resposta.

"Você também não está nada bem, amigo." Olho para minha perna e vejo um grande corte que foi recém feito hoje quando fugimos da alguns zumbis.

Não é nada fácil essa rotina, esses dias, mas estamos tentando, pelo menos nosso grupo não é tão pequeno. Sempre buscamos dividir grupos e tarefas, dessa maneira, hoje fomos pegar gasolina no posto para encher os nossos dos carros, e tinham diversos infectados lá, assim foi mais difícil do que pensamos, porém não tinha o que fazer.

As únicas coisas que ainda me sustentam nesse inferno são Peter, meu melhor amigo de infância que sempre esteve comigo para tudo e a minha irmã gêmea Claire. Todavia, por sermos um grupo agora, sinto a necessidade de cuidar de todos, mas se alguém for mordido, não tem remorso.

Avistei a casa que estávamos morando e estava mais silenciosa que de costume, as meninas estavam lá e não são tão silenciosas. Peter sente a mesma coisa e me sobe uma angústia pela garganta. Nós quatro entramos na casa cautelosos, o silêncio reinava lá dentro.

De repente, escutamos um grito agudo de Maly no quarto, assim, preparo minha arma Peter também e vamos em direção ao ambiente.

"KEROL, QUAL O SEU PROBLEMA?" Maly diz segurando seu coração pelo susto.

"Sua louca!" Louise complementa.

"O que houve?!' falei chegando depois.

"Kerol me deu um susto enorme aqui!" Maly fala enquanto Keron ri debaixo da cama.

"Cade a Bea e Claire?" Peter questiona enquanto procura elas.

"Na cozinha." Um grito no fundo da casa ecoa pelo ambiente. Assim, vou em direção a minha irmã e vejo elas ajeitando o jantar.

"Nossa, rendeu muita sopa. Não sabia que ainda tinha água o suficiente para isso." Falei lembrando que levei pouca de manhã para a viagem, posto que não tinha muita. Percebi Bea dar um sorriso como se estivesse escondendo algo e continuar.

"Pois é..." Claire não fala nada focada na sopa, então, deixo passar e vou para o quarto conversar com Peter.

O meu "irmão" estava recebendo ajuda de Louise para fazer alguns pontos nos cortes de hoje, eu seria o próximo. Kerol e Maly que são irmãs estavam conversando um pouco mais no fundo.

"Arturo, precisamos definir urgente como vai ser amanhã a divisão, tem muitos zumbis por aí e a equipe inimiga está nos rondando, eu sinto." Tem outros humanos pela área que competem conosco e ficam roubando alguns terrenos nossos, nunca nos vimos realmente, mas eles não são boas pessoas, são daqueles que querem o mundo só deles, aparentemente.

"Claire, você pode vir ajudar aqui, porque preciso... hm... pegar umas coisas lá fora." Louise pede e sai rapidinho me deixando desconfiado, já que faz uns 3 meses que ela sai do nada por uns 15 a 30 minutos e volta. Eu e Louise ficamos muito amigos depois que nós salvamos ela de vários infectados, a única que me aproximei de verdade. Posso chamá-la de melhor amiga.

"Arturo..." Peter fala me despertando do transe.

"Ah, sim...Todos venham cá." Chamei todo mundo para ver as divisões de amanhã, assim, todos vieram menos Louise.

"Primeiro temos que ter em mente que temos que ficar ligados não só nos zumbis como nos inimigos humanos, eles claramente querem algo conosco, então, cuidado." Falei.

"Amanhã a gente vai pegar comida e água, pensei que podíamos nos dividir cada um com um carro. Aí fica um menino na comida e outro na água. Eu posso ficar na água e Arturo na comida."

"Eu e Louise podemos ir com você, Arturo. Conheço bem o caminho do supermercado." Maly disse.

"Eu também posso, queria ir lá, já que sempre vou pegar água." Bea complementou.

"Fechado então, vocês pegam os alimentos e eu, Kerol e Claire pegamos a água."

Quebra de tempo

Acordamos no outro dia cedo para irmos às missões, mas uma coisa estranha aconteceu, eu fiquei de vigia uma parte da noite e pude ouvir risadas de Louise no jardim, sendo que em tese ela estaria na cama assim como todos. Diante disso, tinha em mente que questionaria ela hoje sobre essas suas saídas, já estava ficando suspeito demais, até que ponto se respeita a privacidade do outro em um contexto pandêmico, eu me atrevo a perguntar.

Sou uma pessoa de intuição, hoje algo estava cheirando errado, não sei bem o motivo, porém sinto que algo vai acontecer, não sei o que. Me despertei do transe ao escutar o barulho de Pedro colocando balas em sua arma e vou até ele, depois de ver Maly, Louise e Bea me esperando dentro do carro, no qual Bea iria dirigir.

"Ei, irmão, tudo certo?" Perguntei a Peter.

"Tudo sim, cuidado hoje." Ele diz arrumando sua arma, assim, fazemos nosso aperto de mão e eu vou em direção a porta, mas antes passo no carro em que minha irmã e Kerol estavam, peguei minha arma e minha faca e fui.

"Tudo certo aqui?" Perguntei.

"Tudo sim, só estamos esperando Peter." Kerol disse.

"Cheguei!" Peter fala entrando no carro.

"Cuidado. Por favor, fale no Walkie Talkie qualquer coisa." Falei para Claire enquanto passava a mão delicadamente pelo seu ombro.

"Não se preocupe, só é mais uma busca de mantimentos, que mal pode acontecer." Ela disse me dando um sorriso leve e um abraço de lado, em seguida entrando no veículo para Kerol dirigir.

É isso que me incomoda. É só mais um dia, que mal pode acontecer? O único problema de tudo é, não é mais um dia comum, estamos existindo com dias contados dentro desse cenário.

Entrei no carro e fomos em direção ao pior dia de nossas vidas, eu só queria ter noção disso antes de ter ido.

THE LAST ONES STANDING - CONCLUÍDA - APOCALIPSE AUOnde histórias criam vida. Descubra agora